RIO – Empreendedorismo é uma palavra que custa caro a muitos ousados. Isso porque, num país como o Brasil, em que as dificuldades caminham lado a lado a disposição do empreendedor, muitos acabam por sucumbir no início da empreitada. Se o negócio tiver como produto a informação, esse trabalho será ainda mais árduo, posto que o país ainda caminha a passos lentos no que se refere a valorização desse produto. Ainda bem que existem pessoas que não se deixam abater diante dos desafios. Com Henrique Kelmer foi assim. Vivendo a era do surgimento da informática, o Analista de Sistemas viu nas unidades de informação um potencial pouco explorado. “[…] na minha cabeça computador gerencia informação – nada melhor do que uma biblioteca, nada melhor do que informação para que os computadores pudessem trabalhar”. Kelmer seguiu em frente e hoje é Diretor Técnico de uma das empresas mais prestigiadas no ramo de gestão do conhecimento. Nesta entrevista ele fala um pouco sobre seu empreendimento e as condições do mercado para o produto informacional.

Chico de Paula: Henrique, como é que surgiu a ideia dessa empresa?

Henrique Kelmer: É uma história bastante interessante. Em toda aminha formação, eu sempre me interessei por um lado mais técnico e eu sempre acompanhei a evolução da própria informática, da própria tecnologia. Eu posso dizer que eu vivi o lançamento da “Era PC”, da “Era Apple” e eu pude acompanhar todo esse crescimento, o nascimento dessa informática. E como computador sempre me atraiu – na minha cabeça computador gerencia informação – nada melhor do que uma biblioteca, nada melhor do que informação para que os computadores pudessem trabalhar. E isso me levou a começar a ter contato com algumas bibliotecas, aonde eu comecei a realmente entender o que é uma biblioteca, o que é uma informação, o que é uma gestão do conhecimento. E essa foi a historia que levou a própria empresa, que levou um sistema de gestão de bibliotecas, de rotinas, de conhecimento e nos trouxe até hoje.

C. P.: E que dificuldades você encontrou ao longo do caminho?

H. K.: O grande desafio, a grande dificuldade veio principalmente das pessoas, da cultura do Brasil, da dificuldade de você demonstrar a necessidade de a informação ser bem cuidada, armazenada, disseminada. Então, uma vez que você ultrapassa, que você sensibiliza as pessoas, que você mostra que a informação… Aquele chavão que a gente escutou há pouco tempo “informação é poder”… Tirando o chavão, é verdade! Informação é fundamental. Então a partir do momento que você demonstra, que você sensibiliza, você começa a poder caminhar melhor. Isso talvez tenha sido e ainda é o maior desafio na área.

C. P.: E quais são produtos e/ou serviços que a Contempory oferece hoje?

H. K.: Hoje, eu destacaria – essa pergunta é muito interessante – eu colocaria como grande diferença que o grande produto que a Contempory oferece é realmente a gestão do conhecimento. Quando a gente fala de sistema de biblioteca, eu escuto muito o “sisteminha da biblioteca”, pois vem à cabeça da pessoa logo o livro. Mas não é só livro! Hoje, o meio, o suporte que a informação está… A gente já tem o e-book, a gente já tem vários tipos de suporte para gerenciar, para armazenar informação. Então quando eu digo a gestão é você saber que conhecimento, esteja ele em qual mídia, em qual suporte estiver, você terá principalmente um portal do’ conhecimento. E é isso que a gente sempre demonstra nas instituições que a gente tem entrando. “Henrique, qual o diferencial, qual o destaque, qual o foco da empresa?” Portal. Hoje, as pessoas precisam que a informação esteja disponível em qualquer dispositivo: computador, tablet, virtualmente. Esse é o grande produto, é o grande foco da empresa.

C. P.: Existe um mercado apto a esses produtos?

H. K.: Existe! Existe e eu acredito muito no Brasil. Eu vejo que as empresas estão passando por um momento de descobrir e de ter consciência da necessidade de preservar e de documentar a sua própria informação e a informação que ela possui na biblioteca. Seja biblioteca, centro de documentação, o nome que se dê no mercado, infelizmente até uma sala de leitura. Mas essa percepção é muito interessante porque inevitavelmente você vai precisar de um sistema de gestão e ai não serve mais aquele “sisteminha de biblioteca”, porque as empresas estão profissionalizando; os bibliotecários estão num nível de maturidade muito maior do que há 20 anos quando apareceu essa historia de informática. A cadeira de processamento de dados no curso começou com aquelas aulinhas básicas de microisis [software desenvolvido e mantido pela UNESCO para o tratamento genérico de informações]. Eu vivi esse período. Então hoje a maturidade é maior, a necessidade é mais aprofundada e realmente, um bom sistema de gestão é imprescindível.

C. P.: E você sempre teve uma disposição pessoal e depois a sua carreira profissional contribuiu para que de alguma forma você seguisse esse caminho?

H. K.: É, eu diria que eu sou um apaixonado pela informação. Não sou bibliotecário, até curiosamente, no último evento, eu ganhei do CFB [Conselho Federal de Biblioteconomia] um brinde onde disseram assim: “Henrique, você trabalha tanto na área que eu vou te dar um brinde de bibliotecário honorário”. Foi de brincadeira, mas aquilo foi marcante porque indica que assim, mesmo não sendo bibliotecário de formação – a minha formação é técnica – eu atuo tanto na área que isso realmente me traz uma satisfação, uma realização de ver que eu estou contribuindo, que a empresa está contribuindo para que o conhecimento seja preservado e seja difundido nas diversas empresas que a gente tem trabalhado e mesmo em eventos e em ocasiões como o CBBD [Congresso Brasileiro de Biblioteconomia e Documentação] de 2011, onde o nosso produto participou da biblioteca modelo que foi doada para um município, para uma prefeitura municipal, que foi Arapiraca [Alagoas].

C. P.: Você convive diariamente com muitos bibliotecários, você tem sentido algum amadurecimento por parte desses profissionais no que diz respeito à modernização, digamos assim, da própria profissão de bibliotecário?

H. K.: Essa é uma pergunta muito delicada e é um tema recorrente. Eu creio que sim. Mas o que eu tenho sentido é que isso ainda depende de iniciativas pessoais. Eu não vejo ainda uma forma mais generalizada onde todos já estão num patamar elevado. Eu vejo que isso ainda depende um pouco dos indivíduos. Eu gostaria que nós já estivéssemos em um estágio que fosse algo padrão; que todos já estivessem em um patamar bem acima de tecnologia, de informatização; e, inclusive, do entendimento das empresas, das instituições, do papel do bibliotecário, do profissional.

C. P.: Eu perguntei com você agora a pouco com relação ao mercado. E com relação a um amadurecimento político, o próprio poder público, o governo tem despertado para essa questão, das bibliotecas, da informação? Como é que você enxerga essa questão?

H. K.: Eu acho que sim! Eu acho que o poder público, quando a gente fala das diversas escalas do governo, a gente está vendo mobilizações. Temos que entender toda a dificuldade que o governo carrega. Mas os projetos existem; a mobilização é concreta; está ai, como a gente conversou a pouco, o próprio kit que é repassado para as bibliotecas públicas; esse projeto de ter bibliotecas em todos os municípios. Então a gente vê que as ações, mesmo não sendo rápidas como a gente gostaria, existem e elas estão caminhando.

C. P.: E quem quiser ter acesso hoje a Contempory, como é que faz para contatar a empresa?

H. K.: A melhor forma de contato seria entrar no nosso site [www.contempory.com.br] que ali a gente tem todos os telefones, toda forma de contato. E a gente está disposto sempre e de braços aberto.

C. P.: Henrique, a gente agradece a sua entrevista e se você quiser fazer as considerações finais, o espaço está aberto.

H. K.: Eu diria também, você não me perguntou, mas eu gostaria de fazer uma colocação. A Contempory tem atuado no mercado em projetos sociais assistenciais em algumas ONGs, em algumas entidades. E eu gostaria de aproveitar a oportunidade de aparecer na revista biblioo para divulgar isso. Se você tem uma ONG, se você tem um projeto assistencial, você está com um projeto de informação, de biblioteca e está precisando de um parceiro, procura a Contempory que a gente vai poder ajudar.

C. P.: E sem falar que isso é uma vertente de Responsabilidade Social da Contempory.

H. K.: Exatamente! Há um tempo nós fomos procurados por uma pessoa, não vou colocar o nome agora, que nos mostrou a importância, nos apresentou uma realidade que nós não vivíamos no dia-a-dia. Quando a gente começa com esse lado profissional, correr com empresa, instituições, grandes universidades, a gente às vezes não tem aquele tempo, mas o tempo a gente tem que fazer. Então desde aquele momento, a gente abriu um espaço na empresa para poder atender. E eu digo: isso tem nos trazido bastante resultado, tanto pessoal quando profissional.

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