Fiz essa promessa semana passada e estou me lembrando dela para cumpri-la. A força do simbolismo do dia da bibliotecária também dá força para que o meu orgulho e gratidão por ser bibliotecária se aprofunde mais.

Na semana passada foi apresentado o resultado de mapeamento de processos feito na coordenação na qual estou alocada. Somos uma área formada por profissionais de diferentes áreas e isso faz parte da natureza do trabalho interdisciplinar que realizamos.

Mas no relatório somente a minha profissão foi questionada e foi indicado que “pela formação poderia estar alocada em atividades como: a organização, a catalogação de pastas de dados e informações ou atuar no filtro e distribuição de demandas para os técnicos.”

Essa avaliação inserida em um documento institucional aprovado pela chefia não me deixou bem, não foi um balde de água fria, foi um banho de mar no Rio Grande do Sul no inverno, foi dedinho batendo na quina da mesa.

Foi frustrante porque foi desconsiderada toda a construção para exercer a atividade que hoje exerço e que a biblioteconomia nunca foi para mim uma desculpa ou sequer uma fragilidade para que eu pudesse desenvolver minhas atividades com a melhor técnica e coerência possível. Reconheço que existem limites, mas esses limites, a cada esforço, são superados.

Diante dessa avaliação também não pude desconsiderar o racismo institucional, sou a mais retinta da repartição. Não consigo desinterseccionar e fingir que o meu pertencimento racial não foi um fator levado em consideração.

Desta avaliação ruim afloraram dois lindos girassóis. Um foi o apoio da minha equipe, que me fortaleceu, me apoiou e reforçou a qualidade da minha atuação. Outro foi essa alegria de ser bibliotecária, de saber que para fazer o que eu faço, eu preciso conhecer onde estão as fontes, avaliar fontes de informação em saúde, validar dados, conhecer as competências de cada área e outros que a formação em biblioteconomia me capacitaram.

Se você acha que ser bibliotecária é estar catalogando, como diria Yuri Marçal, ledo engano. Ser bibliotecária é minha formação base que me permite atuar em qualquer ambiente em que a informação seja base, logo todo lugar.

Ser bibliotecária não é organizar, não é servir, é produzir, é criar, é elaborar. Ser bibliotecária é ser pesquisadora, professora, empresária, empreendedora, livreira, artista, blogueira, paisagista, editora, ilustradora, contadora de histórias…

Ser bibliotecária não é limitante, é o start. Nunca duvide da versatilidade de uma bibliotecária, pois ao mesmo tempo que ela pode estar no processamento técnico, ela pode ir para referência, ela pode ir para uma biblioteca jurídica e pode ir trabalhar em um submarino. Bibliotecárias podem tudo!

A força da mulher bibliotecária nunca pode ser subestimada e nem enclausurada. Nossa força não cabe nas amarras de um pensamento equivocado e retrógrado que tenta nos limitar. Eu nunca mais vou pedir desculpas por ser uma mulher bibliotecária e não vou deixar que me subestimem por ser bibliotecária.

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