O golpe de 2015, que destituiu uma presidenta da República democraticamente eleita, o neoliberalismo fisiológico de Michel Temer e a tosqueira ultradireitista de Jair Bolsonaro jogaram uma fina camada de areia sobre os tucanos e o grande mal que esses polidos e insípidos fizeram para política e a democracia brasileira.
Desde a derrota de Serra para Lula da Silva, em 2002, até o espetáculo grosseiro patrocinado por Aécio Neves, após a derrota para Dilma Rousseff, em 2014, ao som da LavaJato e dos baixos e altos degraus do sistema judiciário, da mídia e do capital, tucanos de alta plumagem patrocinaram a desqualificação da política e a derrocada institucional brasileira, fatores que geraram o governo Bolsonaro..
Sem espaço para choradeira, temos que admitir que a frouxidão e permissividade de um certo petismo e o neoudenismo de uma camada psolista, contribuiram um tanto para a opera bufa montada em torna da história recente da política do Brasil, mas é inegável o protagonismo e a virulência pessedebista como maestros do espetáculo.
É nesse sentido que o pleito de São Paulo neste ano de 2020, no seu segundo turno, carrega um forte simbolismo e pode ser a grande chave para abrir novos caminhos. Ao contrário do que foi dito pelos repetitivos próceres do campo liberal, Boulos e Covas não representam a volta da disputa civilizada na política, ao contrário, representam projetos antagônicos, onde a barbárie tem o rostinho polido.
Covas, o neto, é a prova mais bem acabada da dissimulação e da hipocrisia que o PSDB quer impor à política com seus modelos fakes (falsos) de meninos polidos e eficientes. Covas é a imagem da mistura entre tecnocracia e plutocracia que quer destruir o Estado brasileiro e solapar numa versão suave a nossa soberania. O projeto de aniquilação tucano é de longo prazo, começou com FHC nos anos de 1990, despontado no governo Itamar.
Votar em Boulos 50 no no próximo domingo, além de ser a melhor alternativa para São Paulo, é uma forma de começar a desconstruir a hegemonia da direita tradicional e sua tácita aliança com a ultradireita populista representada por Jair Bolsonaro.
As forças progressistas devem estar ao lado de Boulos e Erundina no domingo. Aliás, desde o primeiro dia do segundo turno, o PCB que já compunha originalmente a chapa, o PT, PcdoB, e depois PSB, até o PDT, compõem essa frente. A coesão em torno da candidatura Boulos não se dá meramente por excludência, mas sim pela afirmação na retomada das políticas sociais e pela inversão de prioridades em favor das faixas vulneráveis e periféricas da cidade.
É um bom prenúncio para um longo caminho, no qual a esquerda deve estar unida para viabilizar um projeto democrático e popular para os trabalhadores brasileiros. É hora da virada, domingo é Boulos e Erundina 50, enfrentando os principais inimigos do povo brasileiro e abrindo um novo caminho.