O uso da tecnologia de informação e comunicação nas escolas deve proporcionar elo entre a educação e a cultura digital e contribuir para o rompimento do fosso entre o sistema escolar e a vida cotidiana das crianças e jovens. Pois, hoje a criança ao chegar à sala de aula já carrega consigo repertório informacional vasto e quantitativo adquirido, especialmente, através da mídia e das plataformas digitais, muitas vezes, mesmo antes de saber ler e escrever.
Dessa maneira, os educadores podem aproveitar a habilidade e potencial que a nova geração possui com relação à tecnologia para aprender juntos, em um projeto colaborativo, tendo, em especial, a web 2.0 como instrumento para a aprendizagem lúdica.
A importância das comunidades virtuais
Comparado com Japão, França, Espanha, Itália, Reino Unido, Estados Unidos, Austrália, Suíça e Alemanha, o Brasil é o país que mais usa sites relacionados a comunidades, tanto em horas gastas nesse tipo de site quanto no número de acessos*, revelam os dados da pesquisa realizada em 2009 pelo Ibope/NetRatings.
Diante dessa realidade, as escolas precisam proporcionar aos estudantes oportunidade para formarem comunidades, e não os isolar de muitas outras comunidades das quais os mesmos participam. Além do que, a escola pode conciliar conteúdo retificado com contextos de participação, permitindo assim, sentido para os alunos e valorização das oportunidades de identidade e prática em comunidades. Concebe-se a biblioteca da escola como uma porta viável para trabalhar com os alunos a participação em comunidades, de maneira responsável, incentivando a colaboração entre os integrantes da mesma e ainda oportunizando o incentivo a leitura e escrita.
A literatura é o tema ideal para a formação de comunidade na biblioteca, onde as crianças possam trocar impressões, interpretações sobre textos literários, discutir a obra, permutar informação sobre autores, trocar sugestões de livros e divulgar suas (re)criações. A biblioteca escolar ao oferecer o serviço de comunidades de leitores, com o uso da web 2.0, amplia sua função de incentivo a leitura, pois a interação criadora entre os leitores possibilita potenciar as experiências das crianças e jovens, de forma a motivá-los para a literatura. Além do que, proporciona partilha de interesses e de informações e, assim, a construção coletiva de conhecimento.
Convergência de linguagens a serviço da leitura
A comunidade de leitores-escritores pode funcionar no espaço físico da biblioteca ou no espaço web, valorizando o acervo de literatura disponível nas escolas e somado a estes os livros digitalizados. Com o advento da web 2.0 tem-se a possibilidade de oferecer maior motivação para a literatura infanto-juvenil, devido à convergência de múltiplas linguagens e oportunidade de espaço para criação em torno do texto literário. A leitura de livros digitais, em sua totalidade ou somente de alguns capítulos, poderá impulsionar a participação de crianças e jovens na biblioteca. Porém, o livro em papel, mesmo com todo avanço tecnológico, continua a exercer o fascínio e encantamento nas crianças. Recomenda-se sinergia entre os vários formatos.
A comunidade de leitores-autores proporciona celebração à autoria, pois a leitura fomenta a imaginação e a criatividade, conduzindo para a construção de textos. A publicação da produção das crianças no ambiente da escola ou na web é um estímulo para a escrita e contribuir para melhorar o aprendizado da linguagem e da língua portuguesa. Mesmo reconhecendo que há especificidade na leitura e escrita na Internet, destaca-se que pode haver uma mediação e equilíbrio entre a escrita formal e a comunicação no ciberespaço.
Considera-se que as mudanças e inovações devem ser vistas como uma oportunidade de (r)evolução do papel da biblioteca e incentivo para novos serviços e produtos, para fins de atração de seus usuários e presença no cotidiano de crianças e jovens, em especial de fomento a leitura e escrita literária.