O que é o que é: Evento com duração de poucas horas que permite que seus participantes saiam da experiência com a sensação de estado energizado, com a visão reflexiva ampliada e com informações sobre trabalhos de temas biblioteconômicos ou não, dos mais variados?

Se você pensou Bibliocamp, acertou.  Considerado um evento que foge a regra dos encontros tradicionais, foi definido por Moreno Barros, idealizador da proposta como uma desconferência, haja vista que, para participar “as pessoas não precisam de introdução, elas se introduzem. As pessoas não precisam enviar artigos, elas são o conteúdo. As pessoas não precisam ser aprovadas, elas assumem o risco. As pessoas não ganham certificados, elas ganham experiência. As pessoas não pagam pra participar, e não exigem nada em troca”.

Mesmo com todo esse caráter aparentemente aberto, o Bibliocamp tem uma proposta centrada num público seleto. A ideia é reunir pessoas que se disponham a apresentar temas relacionados a seus afazeres (projetos, estudos, serviços etc.), mas com atuações que façam a diferença.

O Bibliocamp nasceu em 2011. No mesmo ano, havia acontecido o XXIV Congresso Brasileiro de Biblioteconomia e Documentação (CBBD) na cidade de Maceió, Alagoas onde alguns bibliotecários se mostraram descontentes com o formato tradicional que concentrava grande quantidade de pessoas e trabalhos, mas…deixava certa insatisfação que era aplacada nas conversas de corredores e no encontro com os amigos.

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BiblioCamp Rio, Biblioteca Parque de Manguinhos, 2011. Foto: divulgação.

Foi o bibliotecário Tiago Murakami que expôs o problema e plantou assim uma semente. Moreno Barros, aberto a novidades e ações que ocorrem em outros países, teve a iniciativa de adotar o modelo Barcamp aos propósitos biblioteconômicos. Sobre a questão, Chico de Paula e Rodolfo Targino, ao buscarem entender sobre esse formato importado, destacaram em 2011 que “Não há notícia de quem teve a ideia, mas o fato é que quem pensou o Barcamp – rede internacional formada em torno de um modelo de conferência, geralmente referenciado com desconferência – dificilmente imaginava que o evento pudesse assumir tanta utilidade. Originalmente pensado como um sistema de colaboração entre pessoas que compartilhavam do mesmo interesse, o Barcamp assume hoje diversas derivações, como por exemplo, os chamados Blogcamps, desconferências voltadas especificamente para bloggers. Mais recentemente o Barcamp se viu apoderado pela inventividade biblioteconômica e assumiu a forma de Bibliocamp”.

Desde a primeira edição foi estabelecido que os interessados em participar deveriam submeter propostas de apresentação. Contudo, algumas pessoas podiam ser escolhidas como “pessoas chave” para consequentemente gerar curiosidade entre os demais em torno de suas histórias, projetos e atitudes.

A primeira edição do Bibliocamp aconteceu em dezembro de 2011, na Biblioteca Parque de Manguinhos, no Rio de Janeiro e foi organizada por Moreno Barros. Na segunda, quase um ano depois (novembro de 2012), a cidade era Florianópolis e os organizadores: Elisa Cristina Delfini Corrêa, Daniela Spudeit e Jorge do Prado. As atividades foram realizadas na Biblioteca Comunitária Barca dos Livros. Na terceira edição, o comando foi de Paloma Autran e equipe. Boa parte da ação aconteceu na Biblioteca Alceu Amoroso Lima, em São Paulo, no dia 5 de outubro de 2013.

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BiblioCamp Floripa, Biblioteca Comunitária Barca dos Livros, 2012. Foto: divulgação.

As apresentações desde o princípio seguem ao estilo TED, onde cada participante tem até 15 minutos de uso do microfone para fazer sua exposição que pode ser filmada e posteriormente veiculada em sites de compartilhamento de vídeos como o YouTube. A proposta é a reunião de no máximo 50 pessoas em um local. Desse montante, 20 palestrantes e 30 ouvintes. Nas três edições do Bibliocamp as atividades ocorrem em bibliotecas com direito a visita guiada.

O evento tem duração de apenas um dia em apresentações que ocorrem no período da manhã e tarde. Além da parte teórica, onde são concentradas as falas, ocorre também ao final de cada edição o Bibliochopp, oferecendo maior possibilidade de interação entre os participantes. Ambos os momentos são animados, descontraídos e apaixonados. Poderia continuar falando mais e mais do Bibliocamp, pois admiro muito a proposta. Por isso o desejo de ver outras pessoas encabeçando a ideia e promovendo o modelo nas demais capitais e cidades do Brasil.

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BiblioCamp Sampa, Biblioteca Alceu Amoroso Lima, 2013. Foto: divulgação.

Então fica a dica: se estiver disposto a viver uma experiência Bibliocamp, saiba que estará embarcando em um evento pouco afeito a formalidades, mas que talvez por isso esteja se configurando como um dos mais bem sucedidos da Biblioteconomia brasileira, por gerar oportunidade de encontro num misto de confraternização, troca e aquisição de conhecimentos. Vale ressaltar que ao longo das três edições, as descrições sintomáticas que acometem os participantes do Bibliocamp são as mais positivas.

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