Aos 12 anos Adolf Hitler, decidiu ser pintor e se inscreveu na escola de Belas Artes de Viena, foi recusado por duas vezes, talvez se tivesse sido aceito, a Alemanha teria um pintor mediano e, dificilmente, pessoas no mundo teria ouvindo falar dele, a parte ruim e que, o resto dessa história é a que você conhece…
Antes de o leitor continuar a leitura da minha coluna nesse mês, gostaria de frisar que não sou um coração mole, e que não me comovo com qualquer tragédia. As grandes calamidades naturais como tsunami, erupções e terremotos fazem brotar em mim um lado misantrópico, e que fazem pessoas que não me conhecem bem me verem como cruel. E algumas outras mexem tão profundamente comigo por causa das atitudes dos protagonistas ou a cadeia de eventos que causou a calamidade que nem sei explicar. Vamos analisar primeiro um cenário.
Já tinha um texto pronto para a revista, quando na terça-feira (02/04) à tarde, a seguinte noticia apareceu na timeline do meu facebook: um acidente envolvendo o ônibus da linha 328 (Bananal/Castelo) na Av. Brasil, direção centro do RJ às 16h30min, estava provocando um engarrafamento de proporções gigantescas. Aé então, eu, que não sabia direito o que tinha acontecido, fiz o que a grande maioria faz, avisei aos amigos que porventura iriam passar pelo local pra encontrar outra forma de se locomover na cidade.
Algumas horas depois começo a entender melhor o que aconteceu e ter um olhar mais amplo da situação: inúmeras vítimas, 7 mortos, dezenas de feridos, milhares de pessoas afetadas, por causa do acidente ter sido numa via extremamente movimenta da cidade. Bombeiros, grupamento de busca, policiais militares e agentes da CET-Rio foram para o local auxiliar o resgate e orientar o trânsito, que deveria ficar pior ainda no horário de pico, que normalmente é a partir das 18 horas. Dois helicópteros, um da policia civil e outro dos bombeiros, foram encaminhados ao local para resgatar as vítimas. Reflexos do acidente foram sentidos em vários pontos da cidade com engarrafamentos até na zona sul do Rio.
Soma-se a isso, um sistema de transportes publico precário; motoristas estressados e, na maioria das vezes, sem treinamento adequado, com dupla função, sendo trocador e motorista; pistas e viadutos inadequados a segurança.
No caso do viaduto em questão, O Manual do Dnit determina que as barreiras de concreto devem ter altura, capacidade resistente e perfil interno adequados para impedir a queda do veículo desgovernado, absorver o choque lateral e propiciar sua recondução à faixa de tráfego, o que havia era somente uma grande de ferro. Diversos elevados na cidade não atendem às exigências do Dnit, tampouco possuem muretas — denominadas guarda-rodas — capazes de evitar tombamentos de veículos.
E no ponto baixo mais frágil do nosso cenário, uma legião de passageiros submetida a viagens desconfortáveis, muitas vezes perigosas, e a horas de engarrafamento.
Os dois protagonistas que causaram todo esse transtorno, o estudante de engenharia da UFRJ Rodrigo dos Santos Freire, 25 anos, que já possuía duas passagens na polícia, ambas por lesão corporal e o motorista André Luiz da Silva Oliveira, 33 anos, serão indiciados pelo delegado por homicídio doloso e responsabilizados pela queda do coletivo. O delegado se respalda em depoimentos de testemunhas. Passageiros contaram que André Luís foi agredido por Rodrigo com dois chutes no rosto.
“Após as provas testemunhais, não há dúvidas de que Rodrigo foi o agressor do motorista. E o condutor, ao dirigir em alta velocidade, discutir com o passageiro, a ponto de ser agredido, também contribuiu para o acidente. Por isso, serão indiciados por homicídio doloso”, afirma o delegado que cuida do caso.
Minha reflexão desse mês é sobre onde certos hábitos diários podem nos levar… Talvez você acorde um dia e não ache o que faz importante, mas, acredite!, não temos a menor ideia de como nossas ações cotidianas podem levar ou influenciar a vida de terceiros, não temos como saber disso num pequeno, nem médio, imagine em prazos longos… Aos 12 anos Adolf Hitler, decidiu ser pintor e se inscreveu na escola de Belas Artes de Viena, foi recusado por duas vezes, talvez se tivesse sido aceito, a Alemanha teria um pintor mediano, e dificilmente, pessoas no mundo teria ouvindo falar dele, e o resto da história é a que você conhece…
Muito se têm discutido no Brasil sobre os problemas da Biblioteconomia, base curricular, seus estereótipos e tantos outros problemas, porém para mim uma das coisas mais valiosas que aprendi no meu breve período do curso, foi a ser lento em algumas ações. Muitos têm a paciência como um defeito, ela não é. Então para encerrar esse texto que já ficou longo, uso as palavras do sábio indiano Mahatma Gandhi que, através da resistência pacífica (Ahimsa), derrotou o poderoso exército inglês e libertou seu país de séculos de opressão, sem dispara um tiro sequer. Ela nos ensina sobre mansidão e poder.
“A mansidão é, por vezes, confundida com fraqueza espiritual, apatia ou indiferença. Pensa-se que a pessoa portadora dessa virtude está impedida de reclamar seus direitos e deve tolerar com passividade todos os abusos. Acredita-se que a mansuetude não combina com o poder, pois este tem se confundido com a prepotência, o despotismo e a violência. Mas, na natureza, lições preciosas nos dizem que o verdadeiro poder anda de mãos dadas de com a mansuetude. Na natureza tudo acontece com poder e silêncio poderoso, o sol nasce e se põe em profunda quietude, comanda gigantescos sistemas planetários, mas penetra suavemente pela vidraça de uma janela sem quebrá-la e beija as faces de uma criança adormecida sem acordá-la. As estrelas e galáxias descrevem as suas órbitas com estupenda velocidade pelo cosmo, mas nunca deram sinal da sua presença com o mais leve ruído. O oxigênio, poderoso mantenedor da vida, penetra em nossos pulmões, circula discreto pelo nosso corpo, e nem lhe notamos a presença. A luz e a vida, os maiores poderes do universo, aturam com a suavidade de uma aparente ausência”.
Que diferenças com ações aparentemente invisíveis você anda deixando no mundo?
Agulha3al – Lamenta profundamente que um acidente tão terrível, tenha acontecido por duas pessoas, que por motivos diversos não tiveram só um pouco mais de paciência.