A cena se repete: um indivíduo com 20, 30, 40 anos e um histórico de leitura “zerado”. Esse é o quadro de grande parte dos brasileiros que não leem livros. “E não é necessária a busca por números exorbitantes, levantados por instituições de pesquisa, para chegar a essa conclusão (embora sejam de grande importância os estudos nesse sentido). A realidade pode estar bem próxima, pois muitas vezes os próprios amigos e parentes são os que dão o tom a essa estatística.

Para não deixar os números oficiais de fora, cita-se a recente pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, da Fundação Pró-Livro, que apontou queda no índice de leitura de crianças e adolescentes. Mas o problema vai além, como ressaltamos: os não leitores.

As dificuldades no hábito da leitura podem ser amenizadas pelo incentivo. De acordo com a professora Amanda Oliveira, do Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira, “Cabe tanto aos pais quanto aos professores despertarem desde cedo o gosto da leitura nas crianças, pois, quando somos pequenos, estamos completamente abertos para receber o novo, além da curiosidade para o desconhecido ser muito grande. É nesse momento que pais e professores devem apresentar a experiência da leitura fazendo surgir uma nova consciência, muito mais rica e dinâmica, que poderá mesmo transformar o nosso país”.

Para a estudante Marcela Oliveira, a questão está na falta de interesse. “Não existem desculpas, pois está cada vez mais fácil encontrar aquilo que se deseja”. Outras questões são abordadas pelo especialista em educação João Vitor Costa: “A maior parcela da população não apresenta satisfação na leitura, na busca do conhecimento. Lê somente o obrigatório à procura de uma informação ou para a realização de uma atividade, que na maioria das vezes é efetuada de forma incorreta por não haver uma interpretação adequada”.

 “A falta de estímulo é cultural. O Brasil vem dos nativos, da senzala, do trabalho braçal sem leitores. Inserimos a indústria e, hoje, a era digital e permanecemos sem leitores, pois o incentivo é para a utilização da escrita informal através das redes sociais, ao uso de passatempos eletrônicos, programas específicos voltados para o mercado e à comunicação rápida e objetiva”, comenta o especialista.

A falta de estímulo também pode ser verificada no dia a dia das bibliotecas escolares. Samantha Andrade, bibliotecária do Centro Federal de Educação Tecnológica (CEFET/RJ), observa que o número de cadastro nas bibliotecas ainda é pequeno. “Temos alguns casos de alunos que concluem o curso sem cadastro”. Samantha também chama a atenção aos assuntos procurados: grande parte dos alunos só lê se há solicitação do professor.

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