As universidades brasileiras estão agonizando devido aos recentes cortes de verbas e parte delas estão em greve, chegando um total 25 universidades federais com atividades suspensas.

Com as bibliotecas públicas a situação não é diferente, no Rio de Janeiro, as bibliotecas-parque estão com seu horário de funcionamento reduzido e tem grande parte da mão de obra administrada por uma Organização Social, sem a perspectiva de abertura de concurso público.

Em Fortaleza (CE), a Biblioteca Pública Menezes Pimentel está funcionando com sua capacidade reduzida em um local temporário, enquanto sua sede principal se encontra fechada para reformas desde o ano passado.

Diante dessa situação, alguns bibliotecários estão procurando criar mobilizações, atos e manifestações em favor das bibliotecas públicas. No Rio de Janeiro, o Movimento Abre Biblioteca Rio realizou um ato em frente à Biblioteca Parque Estadual do Rio no último dia 29 de maio e em breve estará realizando o seu segundo ato. Essa iniciativa está se expandindo e o Movimento Abre Biblioteca Paraíba também foi criado recentemente. Ambos foram inspirados no Abre Biblioteca de Manaus.

No próximo sábado (20) a partir das 9h, na Praça do Ferreira, em Fortaleza, será realizada uma manifestação reivindicando a reabertura de bibliotecas escolares e melhores condições para as bibliotecas públicas municipais da região. A Revista Biblioo realizou uma entrevista com Ivan Ribeiro, estudante de graduação do curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Ceará (UFC) e um dos organizadores da manifestação.

Como surgiu a mobilização e a ideia para realizar uma manifestação em prol das bibliotecas públicas de Fortaleza?

Ivan Ribeiro - Graduando em Biblioteconomia da UFC

Ivan Ribeiro – Graduando em Biblioteconomia da UFC

Desde o ano passado estamos em mobilização por conta do fechamento da Biblioteca Pública Menezes Pimentel. No dia 29 de abril um dos vereadores aqui de Fortaleza manifestou a intenção de reabrir as bibliotecas escolares do município, fechadas há quase dois anos, realocando os professores que estão afastados da sala de aula para ficarem responsáveis pelas bibliotecas. Isso gerou uma discussão grande no Facebook e no mesmo dia conseguimos marcar uma reunião com o vereador em questão. Nesta reunião estiveram 29 pessoas entre estudantes, profissionais, professores e vereadores. Também conseguimos uma reunião com o secretário de educação do município, apresentamos uma proposta que está sendo avaliada pela Secretaria Municipal de Educação, marcamos de retornar no dia 24 de junho para ver o que eles têm a dizer.

Quais são as pautas defendidas pela manifestação?

Primeiramente a questão da reabertura das bibliotecas escolares com bibliotecários. Pretendemos discutir a questão da terceirização da mão de obra bibliotecária e vamos encaixar outra pauta porque estão querendo mudar a biblioteca municipal para outro local, um porão.

Os orgãos de classe da Biblioteconomia e os bibliotecários estão apoiando o ato?

Questão complicada. O Conselho Regional de Biblioteconomia da 3ª Região (CRB-3) e a associação estão ajudando e participando das reuniões. Em relação aos bibliotecários é muito difícil. Na minha opinião existe uma apatia muito grande sobre o tema “lutar”, entendo que existem vários fatores de ordem social e pessoal que levam a isso, mas estamos tentando incessantemente fazer o chamado para que possamos avançar.

Atualmente foram realizadas manifestações no Rio com o movimento Abre Biblioteca Rio, essa ideia está se expandindo chegando à Paraíba, em Brasília também foram realizados atos e agora mais uma manifestação em Fortaleza. Você acredita que os bibliotecários estão saindo da zona de conforto?

Tenho acompanhado as manifestações do Rio de Janeiro, Paraíba e de Brasília. Penso que são avanços, e quero crer que vamos avançar mais, mas também tenho total clareza que não será uma tarefa fácil, são tantas questões a serem debatidas e muitas vezes chegam para nós do nada e temos que dar uma resposta rápida, isso é perigoso. Na minha opinião, o que falta é mais formação política, acabar com essa ideia de que devemos ser neutros, dentre outras coisas.

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