Na história da humanidade, a informação foi desenvolvida sob diversas óticas, seja na ciência, seja no cotidiano social. O surgimento científico-institucional de disciplinas como a Biblioteconomia, Arquivologia e Museologia, além do campo da Ciência da Informação (CI) como fenômenos eminentemente contemporâneos revelam o status que a informação conquistou ao longo da história e como pode ser trabalhada/aplicada à realidade social. Identificamos alguns modelos para reflexão:

a) modelo de transferência da informação que pode ser dividido em:

– modelo físico de transferência da informação desenvolvido por Avramescu que contempla um processo de difusão da informação científica e tecnológica de caráter fisicalista e linear no contexto da troca de informações (diferentes) entre indivíduos;
– modelo técnico de transferência da informação desenvolvido por Shannon e Weaver que prioriza o processo de comunicação com a eficácia na transmissão de sinais através da noção de unidirecionalidade, linearidade e objetividade;
– modelo do continuum comunicacional desenvolvido por Murdock e Liston que vislumbra uma variedade de canais no processo de transferência da informação, como o canal direto (interação face a face), canal de mídia primária (publicação de materiais bibliográficos como livros, jornais, periódicos, relatórios, manuais, patentes…), canal de arquivo (buscas em centros de informação como bibliotecas e arquivos, visando a busca retrospectiva) e canal de mídia secundária (representado por instrumentos de busca como, por exemplo, índices e bibliografias).

b) modelo cognitivo de informação que prima pelo desenvolvimento das funções e estruturas da informação (entendida como fenômeno que altera estruturas) na sociedade;

c) modelo de partilha da informação que pode ser considerado o grande desafio da informação a ser concretizado na contemporaneidade, pois, em primeira instância, rejeita a percepção de uma informação transferida unilateralmente ou arbitrariamente e, em segunda instância, a ideia de que a informação é distribuída a partir de uma interação social entre os sujeitos humanos (emissor, receptor e representantes institucionais) e não-humanos (documentos, tecnologias e artefatos) da informação.

O primeiro tipo de modelo é mais ligado ao ideário dos sistemas de informação e o poder que exercem na sociedade; já o segundo tipo desloca a atividade informacional do sistema para o usuário, mas sem levar em consideração a autonomia de diálogo, exposição e construção do receptor/usuário; o terceiro modelo é constituído a partir de perspectivas sócio-cognitivas como o construtivismo e, principalmente, o sócio-interacionismo vygotskyano.

Acredito que é premente que os cursos de graduação e pós-graduação e, por conseguinte, os centros de informação desloquem a ideia da informação do simples processo transmissivo de sinais para o processo dialógico de sócio-construção, de modo que a informação não é uma simples redução de incertezas, mas, ao contrário, é um fenômeno que questiona certezas na construção de novos conhecimentos, assim como a informação só é efetivamente gestada quando do uso, apreensão e apropriação do receptor/usuário.

Desse modo, sem a intenção de esgotar a discussão, a informação na CI [e suas disciplinas] e nas práticas profissionais dos centros de informação deve primar por uma relação horizontal entre emissor (profissional da informação e receptor/usuário, visando dar voz a este último, com vistas à formação plena do ideário conceitual de informação. Malgrado o desiderato evidenciado das dificuldades estruturais, financeiras e humanas dos centros de informação, é preciso humanizar de forma mais efetiva a formação de profissionais da informação aproximando e unificando as perspectivas tecnológicas e sociais.

E para você, caro leitor, qual o modelo de informação que mais se identifica? Qual o modelo de informação mais aplicado no centro de informação que atua? Quais as dificuldades encontradas para desenvolver o modelo de partilha da informação? O debate sobre informação no sentido teórico-prático é fundamental para o amadurecimento conceitual no âmbito da CI.

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