Manuel Bastos Tigre: considerado o primeiro bibliotecário por concurso no Brasil, exercendo a profissão por 40 anos.1

Bastos Tigre inicia a carreira de bibliotecário no ano de 1915 ao prestar concurso para o Museu Nacional com a tese “Sobre a aplicação do Sistema de Classificação Decimal, na organização lógica dos conhecimentos, em trabalhos de bibliografia e Biblioteconomia” [sic]. Por este feito é considerado o primeiro bibliotecário concursado do Brasil.2

Pelo regimento de 1876, contava a biblioteca com um bibliotecário, nomeado anualmente, e um auxiliar proposto em 1892, sendo que o cargo de bibliotecário só se tornou efetivo quando do primeiro concurso realizado no Museu em 1915, e preenchido por Manuel de [sic] Bastos Tigre.3

Sua tese de concurso representou um marco importante para a biblioteconomia, por ser a primeira, na área, elaborada no Brasil. Graças a esse fato, foi-lhe conferido, após sua morte, o título de ‘Patrono dos Bibliotecários Brasileiros’, pelo decreto n° 884, de 10 de abril de 1962, sendo escolhida a data do seu nascimento, 12 de março, para início das comemorações da semana dedicada às bibliotecas do país.4

O primeiro lugar do concurso de 1879 foi de Capistrano de Abreu, um dos primeiros grandes historiadores brasileiros. Porém, o cargo tinha o nome de ‘oficial’ e não de ‘bibliotecário’. Em 1915 Manuel Bastos Tigre passa em primeiro lugar no concurso para bibliotecário do Museu Nacional, com tese sobre a Classificação Decimal (chegou a conhecer Dewey pessoalmente), tornando-se o primeiro bibliotecário por concurso no Brasil.5

As citações acima são uma amostra do que se encontra na bibliografia sobre o motivo que elevou Manuel Bastos Tigre à condição de patrono dos bibliotecários brasileiros. O objetivo destas notas é abrir caminho para a reconstituição dos fatos relacionados com o ‘concurso’ com o qual é justificada essa honraria.

Em que consistiu o ‘concurso’?

Lê-se no Relatório do Ministério da Agricultura de 1910, p. 327, que Baltazar de Abreu Sodré, que era secretário do Museu Nacional, foi nomeado bibliotecário por decreto de 22 de abril de 1910, e Mário Gomes de Araújo, ajudante bibliotecário, por portaria de 2 de abril do mesmo ano. O ministro da Agricultura, Indústria e Comércio, ao qual estava vinculado o Museu Nacional, era, no período de 16 de novembro de 1910 a 18 de novembro de 1913, Pedro de Toledo (1860-1935), político paulista. Ele foi substituído pelo político fluminense Manuel Edwiges de Queirós Vieira (1856-1921), que exerceu o cargo de 19 de novembro de 1913 a 15 de novembro de 1914.

Em junho de 1915, o bibliotecário Baltazar de Abreu Sodré, aposentou-se, provavelmente por motivo de saúde, pois, em março de 1914, a junta médica da nona região militar o considerara incapaz para o serviço, depois de exame solicitado pelo diretor do museu (Gazeta de Notícias, Rio de Janeiro, 22 mar. 1914, p. 8). Por decreto de 20 de maio de 1914, Baltazar foi aposentado do cargo de bibliotecário do Museu Nacional (Relatório do Ministério da Agricultura de 1915, p. 163). Na época João Pandiá Calógeras (1870-1934), engenheiro e político, era ministro da Agricultura, cargo que exerceu de 15 de novembro de 1914 a 7 de agosto de 1915. O ministro da Fazenda confirmou a inatividade de Baltazar em junho de 1915 (O Paiz, 16 jun. 1915, p. 2).

Passados cerca de 45 dias da aposentadoria de Baltazar, o ministro da Agricultura, Indústria e Comércio determinou, em edital, que fosse aberto concurso para o preenchimento dos cargos de bibliotecário e secretário do museu. O cargo de secretário seria equivalente ao de um diretor administrativo dos dias atuais. O edital tinha o seguinte teor:

Museu Nacional

De ordem do Sr. ministro, fica aberta pelo prazo de 15 dias, a contar desta data, na secretaria do Museu Nacional, a inscrição para o concurso dos cargos de secretário e bibliotecário desta repartição, só podendo inscrever-se os funcionários adidos [adido era na época o empregado que não fazia parte do quadro, o mesmo que extranumerário] que tenham vencimentos iguais ou superiores aos daqueles cargos [correspondentes a 600 mil-réis]. De acordo com o art. 13, § 4°, do regulamento que baixou com o decreto n. 9.211, de 15 de dezembro de 1914, a congregação em tempo oportuno formulará e apresentará à aprovação do Sr. ministro as instruções para o mesmo concurso. Rio de Janeiro, 30 de julho de 1915. — O Diretor. Dr. J. B. de Lacerda. (Diário Oficial, 31 jul. 1915, p. 3254.)

O diretor, João Batista de Lacerda (1846-1915), esteve à frente do museu durante 20 anos. Morreu em 6 de agosto de 1915, uma semana depois de assinar o edital. Em seu lugar entrou Bruno Álvares da Silva Lobo, que ficou como diretor de 1915 a 1923.

Dois dias depois, expediente de 2 de agosto de 1915 (Diário Oficial, 5 ago. 1915, p. 8424), do diretor-geral de Agricultura, dirigido ao diretor do Museu Nacional, dizia que em aditamento a ofício de 30 de julho e por ordem do ministro “deverá ser permitida a inscrição do atual serventuário interino no concurso aberto para o preenchimento do cargo de bibliotecário dessa repartição, devendo isso constar do respectivo edital”. O cargo de bibliotecário interino era ocupado, depois da aposentadoria de Baltazar de Abreu Sodré, pelo bacharel Pedro da Veiga Ornelas. Dois dias depois o vespertino carioca A Noite (7 ago. 1915, p. 4) publicava este suelto:

Os concursos para as duas vagas do Museu Nacional

A propósito dos concursos às vagas do Museu Nacional, chegam-nos queixas de vários prejudicados com o novo sistema estabelecido pelo ministro da Agricultura.

  1. Ex., conforme consta do Diário Oficial, de 31 de julho, instaurou entre nós os concursos a prazo de 15 dias com a agravante da declaração de que as instruções para os mesmos seriam “oportunamente baixadas”.

Alegam mais os queixosos que o Sr. ministro da Agricultura pretende proceder a concursos de títulos, agindo assim contra os regulamentos em vigor, que determinam o concurso por provas orais e escritas; e, nem de outro modo se compreende que, encerrando-se o concurso a 15 do corrente, os candidatos desconheçam até hoje as respectivas instruções.

Afirma-se que S. Ex. tem candidato escolhido, cousa de que já deu prova fazendo nomeações interinas contrárias à lei, pois que nomeou para substituir o bibliotecário do Museu, não o auxiliar da Biblioteca, conforme manda o regulamento, e sim um funcionário adido, estranho àquela repartição.

Aí ficam as queixas.

O Sr. Calógeras tem a palavra…

Quatro dias depois da publicação do aditamento ao edital saiu, de autor não identificado, este comentário no Correio da Manhã (9 ago. 1915, p. 4):

Os concursos no Museu Nacional

Escrevem-nos:

Sr. redator. — No concurso a realizar-se no Museu Nacional, para os cargos de secretário e bibliotecário dessa repartição, só podem inscrever-se, nos termos do edital publicado no Diário Oficial de 31 de julho último, os funcionários adidos que tenham vencimentos iguais ou superiores aos daqueles cargos, e está marcado o prazo de 15 dias [grifo original], a contar de 30 do mesmo mês, para as respectivas inscrições.

Ocorre, porém, que, contra todas as normas até hoje seguidas, o referido edital não torna público as matérias sobre que versará o concurso, ressalvando que — “de acordo com o art. 13, parágrafo 4, do regulamento que baixou com o decreto n. 9.211, de 15 de dezembro de 1911, a congregação em tempo oportuno [grifo original] formulará e apresentará à aprovação do sr. ministro as instruções para o mesmo”, — deixando os interessados em situação de não poderem concorrer, por não saberem sobre que assuntos serão arguidos…

De lado esse princípio de favoritismo, deixando larga margem aos amigos do peito [grifo original] para prepararem-se com indicações particulares, há ainda a considerar o fato, positivamente esquisito, de declarar o referido edital, que as bases do concurso em questão serão organizadas de acordo com as disposições de um regulamento que não se acha em vigor, e derrogado pelo decreto n. 11.436, de 13 de janeiro de 1915, que aprovou o que atualmente rege a Secretaria de Estado da Agricultura, Indústria e Comércio, e que, taxativamente, no seu art. 2, revogou todas as disposições contidas no anterior e não constantes [grifo original] do regulamento aprovado pelo decreto citado.

Como entenderá o caso a consciência jurídica do ilustre titular da Agricultura? — Um interessado.

Não foi localizada resposta do ministério a essa observação quanto à legalidade do concurso. Fazia dois dias que Calógeras deixara o ministério, tendo sido substituído por José Rufino Bezerra Cavalcanti (1865-1922), ministro de 7 de agosto de 1915 a 26 de novembro de 1917, agrônomo, advogado, usineiro e político pernambucano.

Coincidentemente, em um espaço de três dias, morreu o diretor do museu e caiu o ministro Calógeras. Para o ministério foi nomeado Bezerra Cavalcanti de quem seu conterrâneo Manuel Bastos Tigre passou a ser secretário particular, colocado pelo Serviço Geológico à disposição do gabinete do ministro (Jornal Pequeno, 14 jul. 1915, p. 3, Gazeta de Notícias, 14 jul. 1915, p. 6; O Paiz, 14 jul. 1915, p. 2).

Um mês depois de Bastos Tigre passar a desempenhar a função de secretário particular do ministro da Agricultura saíram as instruções do concurso, aqui transcritas:

Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio

Museu Nacional do Rio de Janeiro

Instruções para os concursos aos lugares de bibliotecário e secretário do Museu Nacional, aprovadas pelo sr. ministro, em data de 11 de agosto de 1915.

Em cada concurso será observado o seguinte:

Art. 1° O concurso constará da apreciação e julgamento dos títulos, documentos, monografias e quaisquer trabalhos apresentados pelos candidatos inscritos, e que provem sua competência para exercer os cargos de secretário e bibliotecário do Museu Nacional.

  1. a) Para o cargo de secretário serão especialmente levados em conta os títulos, documentos, monografias e quaisquer trabalhos sobre legislação administrativa, contabilidade e organização do arquivo.
  2. b) Para o cargo de bibliotecário, os títulos, documentos, monografias e quaisquer trabalhos sobre biblioteconomia, organização de bibliotecas científicas e bibliografia.

Art. 2° A aludida apreciação será feita por uma comissão, presidida pelo diretor do Museu, e composta de quatro membros da congregação, por ela escolhidos.

Art. 3° Terminados os trabalhos da comissão, esta apresentará à congregação relatório sobre o merecimento das provas de capacidade apresentadas pelos concorrentes.

Art. 4° Em seguida a congregação, por votação nominal, procederá à classificação dos candidatos por ordem de merecimento, estabelecido que, em igualdade de circunstâncias, serão preferidos os candidatos que já fizerem parte do estabelecimento, conforme preceitua o art. 47 do regulamento do Museu.

Art. 5° Por fim, o diretor remeterá ao ministro, com a cópia das atas da congregação, referentes ao processo do concurso, títulos e documentos apresentados pelos concorrentes, assim como a proposta de nomeação do candidato classificado em primeiro lugar. O diretor interino, Bourguy de Mendonça. (Diário Oficial, 12 ago. 1915, p. 8721.)

Mário Gomes de Araújo, que era ajudante de bibliotecário desde 1910, solicitou o direito de se inscrever no concurso. Em 12 de agosto de 1915 saiu publicado no Diário Oficial (p. 8690) despacho da Diretoria-Geral de Agricultura:

Requerimento despachado

Dia 11 de agosto de 1915

Mário Gomes de Araújo, ajudante bibliotecário do Museu Nacional, solicitando permissão para inscrever-se no concurso aberto para preenchimento do cargo de bibliotecário e pedindo restituição de documentos. — Indeferido, à vista dos pareceres e ainda porque, caso se permitisse a inscrição e fosse nomeado o peticionário, haveria uma promoção, contra o espírito da lei vigente que manda aproveitar adidos de igual categoria e que elimina a ideia de acesso.

Quanto aos documentos, entreguem-se, mediante recibo.

No dia seguinte, 13 de agosto, já com a assinatura do novo diretor do Museu, Bruno Lobo, sai o aviso de que, por ordem do ministro, foi prorrogado por mais 15 dias, a partir de 14 de agosto, o prazo para inscrição nesses concursos (Diário Oficial, 14 ago. 1915, p. 8778).

O Correio da Manhã, 31 ago. 1915, p. 4, informava que a congregação do Museu Nacional, reunida no dia 30 de agosto, escolheu “para julgar as provas dos concorrentes aos cargos de secretário e bibliotecário do Museu uma comissão composta dos seguintes professores: I. Bourguy de Mendonça, Alberto J. de Sampaio, Betim Pais Leme e Roquete Pinto.” Estavam inscritos os candidatos Hugo Braga (para secretário), e Bastos Tigre, Carlos de Araújo e Pedro Ornelas (para bibliotecário).

No dia 3 de setembro, o Correio da Manhã publicou a seguinte nota, em sua primeira página:

Em sessão de hoje, presidida pelo professor Bruno Lobo, a congregação do Museu Nacional classificou os seguintes concorrentes aos cargos de secretário e bibliotecário da mesma repartição: para secretário, dr. Hugo de Andrade Braga; para bibliotecário, dr. Manuel Bastos Tigre, em 1° lugar, e dr. Carlos de Araújo em 2°. De acordo com as instruções aprovadas, o dr. Bruno Lobo propôs ao ministro da Agricultura a nomeação dos srs. Hugo Braga e Bastos Tigre. (Correio da Manhã, 3 set. 1915, p. 1.)

Talvez a inclusão dessa notícia em local nobre do jornal se devesse mais ao fato de Bastos Tigre ser colaborador do Correio da Manhã do que à importância que poderia ter para seus leitores a comunicação de um fato burocrático.

A monografia apresentada por Manuel Bastos Tigre

Encontra-se na Biblioteca Nacional uma cópia xerográfica do texto original, que, por iniciativa da bibliotecária Nylma Thereza de Salles Velloso Amarante, conforme relatado em artigo de 1981, ali a depositou. Está disponível para consulta na Seção de Obras Raras.6

A ‘tese’ consta de 36 folhas datilografadas no reto, sem numeração de página, em papel tamanho ofício (256 mm x 356 mm), em fonte tamanho paica (cerca de 12 pontos), maior do que a fonte Elite, usada preferencialmente na composição das fichas catalográficas, com 65 toques (caracteres e espaços) por linha e 30 linhas por página. Tem aparência, comum na época, de texto batido por pessoa que dominava a datilografia e os padrões de estética então correntes, como a manutenção da linha sempre justificada à direita, o que exigia a distribuição de espaços adicionais entre palavras. Na primeira folha, que serve de capa, lê-se:

Breve Ensaio Sobre Bibliographia / pelo / Engenheiro Civil Manoel Bastos Tigre / Trabalho apresentado em concurso ao cargo de / Bibliothecario do / Museu Nacional do / Rio de Janeiro / Agosto de 1915.

Na parte inferior direita vê-se a imagem de duas estampilhas ou selos fiscais.

Como as instruções para o concurso foram aprovadas em 11 de agosto e esse é o mês da data de conclusão do ensaio, é razoável supor que Bastos Tigre o tenha redigido em 15 dias.

Nylma Amarante descreve sucintamente o conteúdo das sete partes em que o texto pode ser dividido. Acrescentarei o total de páginas de cada uma dessas partes: a primeira (generalidades): oito; a segunda (classificação decimal): seis; a terceira (A.L.A. Catalog): quatro; a quarta (Repertório Bibiográfico Universal): cinco; a quinta (disposição e conservação dos livros): duas; a sexta (conservação dos livros): três; a sétima (regras práticas para a organização de um catálogo): oito.  Referências a alguns autores conhecidos encontram-se no corpo do ensaio, que não apresenta notas de rodapé nem bibliografia. O nome de quem tanto merecia o respeito de Bastos Tigre – Melvil Dewey – a ser verdade o que alguns autores dizem, que os dois se conheceram pessoalmente, é grafado de modo errado: Mervil Dewey e Mervil Dewy. Indício de que o autor talvez não tenha feito a revisão final do datiloscrito.

Não foram encontrados registros que comprovem que, antes de 1915, Bastos Tigre tivesse trabalhado em alguma biblioteca e que as informações colocadas em seu texto estivessem embasadas na experiência ou mesmo na curiosidade de um diletante. Tudo leva a crer que o ensaio “sobre bibliografia” esteja mais próximo de um trabalho de compilação de textos (no estilo do que hoje se chama ctr c + ctr v), sem uma arquitetura que ofereça ao leitor o desenvolvimento de ideias, conceitos e exemplos integrados num todo harmônico e respaldados no conhecimento e na experiência do autor. Não é possível que Bastos Tigre, em quinze dias, com a experiência de jornalista e escritor prolífico, tenha enfrentado dificuldade na redação de seu ‘ensaio’. Tinha a seu dispor textos de autores nacionais, como A bibliografia universal e a classificação decimal (1901), de Vítor da Silva Freire, engenheiro professor da Escola Politécnica de São Paulo; o artigo de Rodolfo Garcia “Systemas de classificação bibliográfica. Da classificação decimal e suas vantagens” (Diário Oficial, a. 53, n. 250, p. 11485-11490, 28 out. 1914); artigos e conferências de Ramiz Galvão e Manuel Cícero Peregrino da Silva, além dos relatórios da Biblioteca Nacional publicados em seus Anais.

Desde o século XIX a Biblioteca Nacional realizava concursos para o preenchimento de vagas de ‘oficial’ em seu quadro técnico. Antigamente, na burocracia, oficial era o “funcionário de repartição pública cuja graduação era superior à de amanuense” (Houaiss). Comparem-se os requisitos do concurso para oficial (bibliotecário) da Biblioteca Nacional em 1879 com os do ‘concurso’ de 1915 para o Museu Nacional.7

Sugestões

No curso desse levantamento surgiram algumas hipóteses e sugestões das quais poderão lançar mão mestrandos e doutorandos em suas pesquisas relacionadas com a história da biblioteconomia no Brasil. Para tal fim conviria que a Biblioteca Nacional fizesse a digitalização do texto do ensaio de Bastos Tigre e o disponibilizasse na Biblioteca Nacional Digital. Com isso seriam feitos estudos de análise textual para identificação das fontes empregadas por Bastos Tigre em seu trabalho.

A busca nos arquivos do Museu Nacional (se tiverem sido preservados em lugar diferente do que foi destruído pelo incêndio de 2017), da Biblioteca Central da antiga Universidade do Brasil (hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro), do Ministério da Educação e do Arquivo Nacional talvez venha a identificar documentos e personagens relevantes para essa história.

Pesquisar sobre as formas de admissão de bibliotecários ao serviço público durante a República Velha e as alternativas que tenham sido eventualmente consideradas pelas bibliotecas federais mais significativas.

Seria importante estudar, a partir do caso do bibliotecário do Museu Nacional, as redes de relações pessoais que propiciavam no Rio de Janeiro, durante República Velha, a ocupação dos cargos em bibliotecas de diferentes tipos. E, por último, mas não menos importante, como, na segunda metade do século XX relações pessoais contribuíram para a escolha do patrono da profissão e para a aprovação da lei que regulamentou a profissão de bibliotecário.

Referências

  1. Dia do bibliotecário: sete nomes importantes na biblioteconomia. (16 de março de 2020.) Site do CRB 8, consultado em 10 de janeiro de 2022.
  2. Dicas e curiosidades. Biografia. Conhecendo Bastos Tigre. Boletim Informativo PLANOR, n. 19, 2017, p. 41.
  3. Cunha, Dulce F. Fernandes da. A Biblioteca do Museu Nacional do Rio de Janeiro 1863-1963. Rio de Janeiro: Museu Nacional, 1966, p. 52.
  4. Tigre, Manuel Bastos. Reminiscências; a alegre roda da Colombo e algumas figuras do tempo de antigamente. Brasília: Thesaurus [s.d.] 249, p. 199. Edição organizada por Sylvia Bastos Tigre, educadora, funcionária do Ministério da Educação e Cultura, onde exerceu, entre outras, a função de assessora de assuntos legislativos nas décadas de 1960 e 1970. É provável que sejam da autoria dela as ‘notas biográficas’ (p. 191-200) desse livro de memórias de seu pai. O decreto citado na p. 199 do livro Reminiscências não atribuiu a Bastos Tigre a condição de patrono dos bibliotecários.
  5. Russo, Laura Garcia Moreno. A biblioteconomia brasileira: 1915-1965. Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Livro, 1966, p. 48. Esse conhecimento pessoal entre Dewey e Bastos Tigre, embora nada acrescente ao fato histórico do ‘concurso’, carece de comprovação.
  6. Amarante, Nylma Thereza de Salles Velloso. Bibliotecário, a opção de carreira do engenheiro Manoel Bastos Tigre desde 1915 a 1957, também jornalista / publicitário / poeta / escritor / teatrólogo / conferencista; cronologia do patrono dos bibliotecários. Boletim do CRB 7, Rio de Janeiro, v. 9, n. 3, p. 7-9, set.-dez. 1981.
  7. Dias, Antônio Caetano. Concursos na Biblioteca Nacional. Revista do Serviço Público, Rio de Janeiro, v. 3, n. 2, p. 79-81, ago. 1952.

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