Segundo dados divulgados pelo Painel do Cornoavirus do Ministério da Saúde, no dia 27 de março de 2021, o Brasil atingiu a triste marca de 310.550 óbitos em decorrência de complicações da Covid-19. Em pouco mais de um ano de pandemia, o país não fomentou de forma incisiva uma política nacional de combate ao vírus e até o momento temos apenas 7, 03% da população brasileira vacinada.
Diante deste contexto trágico e levando em consideração o compromisso ético e humanista dos profissionais da informação, a Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários, Cientistas da Informação e Instituições (FEBAB) publicou uma carta aberta pelas mais de 300 mil histórias perdidas. O chamado também convoca os bibliotecários, arquivistas, museológos, entre outros, para uma posição de combate as fake news nas redes sociais, nos nossos núcleos familiares, amigos, usuários das bibliotecas, gestores públicos, enfim, reverberar para toda a comunidade.
Confira na íntegra a carta publicada no site da FEBAB, no dia 26 de março de 2021:
No dia 17 de março de 2020 tivemos a primeira morte por Covid-19 registrada no Brasil. Agora, pouco mais de um ano depois atingimos a triste e dolorosa marca de mais de 300 mil histórias encerradas por esta pandemia que vem assolando o mundo e mais fortemente o nosso país.
Nesse momento, e, talvez, mais do que nunca na história da Biblioteconomia Brasileira torna-se imperativo que assumamos nosso compromisso ético e humanista como profissionais da informação.
É nosso dever promovermos informações validadas e comprovadas com base em estudos científicos avaliados por pares, bem como torná-las compreensíveis, com uma linguagem acessível e compartilhá-las de modo a alcançar o maior número de espaços.
É em tempos como este, em que percebemos que nossas instituições governamentais falham e que os valores sociais se degradam, que as bibliotecas e bibliotecários(as) devem contribuir com a construção de uma sociedade consciente e informada.
Vamos usar os recursos que dispomos! Nas redes sociais podemos combater as fake news, desde nosso núcleo familiar, amigos, usuários das bibliotecas, gestores públicos, enfim, reverberar para toda a comunidade.
Jamais devemos nos calar diante de discursos que não apresentem dados e fatos que possam ser comprovados! Jamais devemos aceitar que dados, mesmo que verdadeiros, sejam desvirtuados de seu contexto de origem!
Vamos abrir o diálogo contra as fake news!
Fiquem atentos e estejam disponíveis, na medida do possível, para somar todos os esforços em prol das populações em vulnerabilidade, e busquem estar com aqueles que estão cuidando das pessoas (sejam grupos, instituições, entre outros). Dessa forma, a voz contra as fake news também poderá ser ampliada.
Precisamos reverberar informações sobre os protocolos sanitários (uso de máscaras, distanciamento social, higienização das mãos e só sair de casa se for extremamente necessário). É um esforço coletivo, em torno de informações verídicas sobre estas medidas, que diminuirá o número de óbitos enquanto aguardamos a vacina.
E, por fim, vamos nos inspirar com as ideias do professor David Lankes e agir:
“Todos nós queremos viver num mundo melhor, mas para isso, todos devemos nos dedicar para criar um mundo melhor. O papel dos bibliotecários é especial aqui. Eles se dedicam ao conhecimento. Estão dedicados e inseridos dentro de comunidades. São profissionais que podem promover um debate civilizado sobre como podemos nos reunir para pensarmos melhor. Fazemos isso via engajamento e não guardando livros. Fazemos isso criando conexões e não coleções. Fazemos isso por dedicação aos valores que nos sustentam há centenas de anos e à constante reinvenção do nosso propósito”.