Ao ingressar na universidade, somos incentivados a participar de eventos acadêmicos com o intuito de estimular o aprendizado e o crescimento profissional. Tamanha é a importância da participação nestes eventos que foi, recentemente, determinado que os alunos do curso de graduação em Biblioteconomia e Documentação da Universidade Federal Fluminense (UFF) tenham que comprovar, em horas, as suas participações, ao final do curso, nos respectivos eventos.

Desde que me formei, venho tentando participar de alguns eventos. Confesso que nem sempre a vontade de ir é realizada. Conciliar disponiblidade de tempo (institucional e pessoal) e recursos financeiros com eventos interessantes, que ora acontecem em lugares distantes no Brasil e que ora coincidem nas datas, é uma tarefa que deve ser bem programada.

Este ano tive a oportunidade de participar de 3 (três) grandes eventos da área de Biblioteconomia: dois de nível nacional e um de nível regional, sendo dois Encontros de Estudantes de Biblioteconomia Documentação, Ciência da Informação e Gestão da Informação  (XXXV ENEBD / UFMG -15 a21 junho de 2012 e XIII EREBD SeCo / UFF -15 a18 de novembro de 2012) e um Seminário Nacional de Bibliotecas Universitárias (XVII SNBU Gramado –16 a21 de setembro de 2012). Nos encontros de estudantes, fui avaliadora de trabalhos acadêmicos e, no SNBU, fui autora de um trabalho.

As características de cada evento

É engraçado perceber como eventos da mesma área acabam atraindo um público diferente. Nos encontros de estudantes, como o próprio nome sugere, praticamente apenas estudantes frequentam. Quanto aos acadêmicos, propriamente ditos, professores, pesquisadores, entre outros, só participam na hora de proferirem uma palestra e, muito raramente, vão prestigiar a apresentação de outros trabalhos. Quanto aos profissionais, a baixa procura desta categoria é grande. Com essas minhas participações pude notar que poucos participaram. Inclusive muitos alunos se surpreendiam quando sabiam que eu era bibliotecária formada, especialista e que estava ali como profissional. Alguns alunos não compreendiam muito bem a minha participação num evento como aquele. Outros, inclusive, relataram que sentiam falta da presença de acadêmicos e de profissionais nos eventos de estudantes de Biblioteconomia.

No SNBU, um evento voltado para profissionais, a presença de estudantes também é rara. Aumenta a presença de estudantes quando o bibliotecário está fazendo mestrado, ou outra pós-graduação, pois assim ele é profissional e também estudante ao mesmo tempo.

Diferenças e semelhanças

O que há de comum entre os eventos de estudantes e os de profissionais é a variedade na pesquisa acadêmica na área da Biblioteconomia que é inter-trans-multidisciplinar com outras áreas, como: Administração, Arquivologia, Ciência da Informação, Ciência da Comunicação e Ciência da Computação. Há muita pesquisa de relevância e com projetos bem interessantes. Mas até mesmo o foco de algumas pesquisas difere também. Enquanto no SNBU os trabalhos estão voltados para projetos que deram certo nas institituições, nos encontros de estudantes tomamos ciência da realidade das bibliotecas públicas e também das universitárias, e de como em algumas regiões estão bem mais servidas de recursos humanos, financeiros e tecnológicos do que outras. É triste notar como as desigualdades sociais são grandes, sendo um grande desafio para os bibliotecários atuarem em certas regiões e em alguns tipos de bibliotecas.

Outra diferença é com relação ao apoio e aos patrocinadores. Nota-se que eventos como o SNBU (não apenas este último) são caracterizados por uma grande infraestrutura, com recursos técnicos e tecnológicos e patrocinadores. Diferente dos Encontros de Estudantes que encontram pouco apoio, o que os tornam bem mais simples e com problemas até mesmo de infraestrutura.

Realmente eu não entendo o porquê das diferenças expostas entre os universos dos eventos de profissionais e de estudantes. Em breve, estes estudantes serão profissionais e talvez, alguns deles possam ter a possibilidade que eu tive de ir a um SNBU e nunca mais voltarão a um Encontro de Estudantes. Mas por que tanta separação entre estes dois universos? A troca de informação só acontece (e quando acontece) na universidade e nos estágios? Eu só sei que como profissional, aprendi e passei informação. Foi uma experiência gratificante a partiticipação no XXXV ENEBD / UFMG, XIII EREBD SeCo / UFF e XVII SNBU Gramado. Penso que a troca de informação entre pares independe de ser estudante ou profissional.  Finalizo a minha reflexão com uma citação da poetisa brasileira, Cora Coralina (1889-1995): “Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina”.

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