Imagem interna na Biblioteca Parque do Estado. Foto: Soraia Magalhães/Caçadores de Bibliotecas
A verdade é que ninguém está nem ai para as bibliotecas parque. O governo do estado, proprietário das quatro unidades, jogou a toalha faz tempo. A prefeitura do Rio, num gesto de pura demagogia (uma vez que não cuida sequer das bibliotecas municipais), não vai mais segurar as pontas. Pelo menos por enquanto.
O Ministério da Cultura (MinC) anuncia uma verba, cerca de R$ 1 milhão, que não dá para garantir nem mesmo um mês de funcionamento das unidades que, mesmo num cenário muito ruim, precisariam de pelo menos R$ 1,7 milhão por mês para garantir um funcionamento mínimo.
A notícia que chega agora é a de que pelo menos a Biblioteca Parque de Niterói será mantida, pela prefeitura daquele município, mas o Instituto de Desenvolvimento e Gestão (IDG), organização social responsável pela gerencia dos espaços desde que o modelo foi implantado, não quer continuar com o contrato. “Diante da incerteza de viabilidade econômica até o momento, e por uma questão de segurança econômica e jurídica trabalhista do instituto, perante a sociedade e os empregados que compõem nosso quadro, não podemos colocar em risco essa segurança. Chegamos ao limite”, disse neste mês à Agência Brasil o diretor do IDG, Henrique Oliveira.
A população se manifesta, a mídia repercute timidamente, mas o certo é que tanto funcionários, quanto usuários estão com suas garantias de emprego e acesso à informação, respectivamente, indefinidas.
E mesmo que alguém ou alguma instituição assuma a administração dos espaços, a pergunta que não quer calar é: até quando? O vai e vem e o jogo de empurra dos governos não dão qualquer garantia de como as bibliotecas ficarão em 2017.
Enquanto isso um contingente enorme de pessoas ficará sem livros, jornais, revistas e acesso à internet , eventos, cursos, enfim, toda uma gama de instrumentos e atividades que são ou eram oferecidos pelas bibliotecas da rede.
As últimas manifestações populares reivindicando a manutenção das bibliotecas parecem não ter surtido qualquer efeito prático. Até que se prove o contrário, as bibliotecas parque fecharão as pontas amanhã (29) e não abrirão tão cedo, num apagar das luzes melancólico de um ano nefasto para a cultura brasileira.
E embora o título deste artigo fale sobre incertezas, está mais do que certo que na primeira semana de 2017 mais de 150 trabalhadores estarão desempregados e centenas de usuários estarão desassistidos.