Partilho da ideia de ser a mediação um dos temas mais instigantes, transversais e produtivos no âmbito da pesquisa e da prática profissional na Ciência da Informação e Biblioteconomia.
Entendo que a mediação da informação aplicada em qualquer centro de informação se justifica por dois fatores fundamentais: o primeiro é a apropriação da informação que é inerente ao processo de produção/disseminação da informação, e o segundo é a conotação de interferência que é inerente aos procedimentos de como a informação será destinada ao usuário.
Considero que, entre os diversos centros de informação, a mediação da informação pode e deve ser amplamente pensada e aplicada no âmbito da biblioteca escolar. A mediação da informação na biblioteca escolar possui múltiplas vertentes em seu contexto de aplicação, especialmente em caráter técnico e pedagógico.
Desse modo, como subsídio teórico-bibliográfico, a reflexão de Almeida Júnior (2009) é salutar para pensar a mediação da informação quando a divide em implícita – ocorre nos espaços dos equipamentos informacionais em que as ações são desenvolvidas sem a presença física e imediata dos usuários – e explícita – ocorre nos espaços em que a presença do usuário é inevitável, é condição sine qua non para sua existência, mesmo que tal presença não seja física, como, por exemplo, nos acessos a distância em que não é solicitada a interferência concreta e presencial do profissional da informação.
E quais os fundamentos da mediação implícita e explícita no contexto da biblioteca escolar? Elencamos de forma geral, alguns procedimentos da mediação. Iniciando pela mediação implícita, podemos destacar:
a) a sinalização da biblioteca escolar, considerando três tipos básicos: sinalização externa, interna e uso do espaço;
b) formação e desenvolvimento do acervo, contemplando os processos de seleção, aquisição, desbastamento, descarte, avaliação, entre outros elementos do acervo;
c) organização e representação da informação que envolve desde o uso das técnicas documentárias (catalogação, classificação, indexação…) até os sistemas tecnológicos a serem utilizados (PHL8, Bib Livre, MiniBiblio, etc.);
Já na mediação explícita, apresento os seguintes fundamentos para a biblioteca escolar:
a) mediação da informação para a leitura, considerando não somente a leitura da palavra (que muitos reduzem de forma equivocada apenas a leitura literária), mas principalmente a leitura de mundo (aquela leitura do cotidiano do usuário que motiva a construção de conhecimento para a vida);
b) mediação da informação para a pesquisa estimulando competências para professores e alunos, pois a pesquisa é a chave para estimular o pensamento e a construção de um conhecimento mais sólido e coletivo;
c) mediação da informação no contexto dos serviços, como o serviço de referência – fundamental para a existência de qualquer biblioteca, inclusive a escolar, de modo que contempla as atribuições básicas e fundamentadas? que uma biblioteca deve empreender em sua lógica de atuação pedagógica -, serviço de informação utilitária – insurge como uma efetiva proposta de mediação para a biblioteca escolar que pode contemplar várias questões do cotidiano, como saúde, educação, cultura/lazer, trabalho, entre outras;
d) uso das tecnologias de informação e de comunicação que pode ser útil, tanto na mediação implícita, considerando o uso de um sistema de informação para registro dos documentos, na formação e desenvolvimento de um acervo virtual, no uso de fontes virtuais de informação, como sites, portais, blogs, etc., na própria sinalização da biblioteca escolar, que pode contar com alguns programas de diagramação estratégicas, entre outros, quanto na mediação explícita que envolve o estímulo à leitura, pesquisa e os serviços de informação, especialmente referência e informação utilitária.
Portanto, é possível atentar para as diversas possibilidades de mediação da informação na biblioteca escolar, nos âmbitos implícito e explícito. Vale ressaltar que este texto é uma síntese de um estudo desenvolvido por mim, e que será publicado na Revista Biblioteca Escolar em Debate da USP, que pode ser acessada a partir do seguinte endereço: http://revistas.ffclrp.usp.br/BEREV/index. No estudo, há uma abordagem mais ampla sobre cada ponto mencionado neste texto (sem o objetivo de esgotar as discussões) que merece uma leitura mais atenta e uma reflexão mais densa para pensar aplicações da mediação da informação na biblioteca escolar, considerando ainda que partes das ideias apresentadas convergem para aplicação em outros tipos de bibliotecas.