Por Helena Mota, do Funchal Notícias.
Todas as escolas deveriam ter um contador de histórias em permanência, nos seus quadros. A opinião é de Olinda Beja, a poetisa e escritora [nascida em São Tomé e Príncipe] que esteve esta manhã na escola Básica dos 2º e 3º Ciclos dos Louros [em Portugal], onde contou e encantou os alunos com as suas palavras de cheiro a café e cacau.
Olinda Beja […] a convite do grupo “Contigo Teatro”, no âmbito do projeto regional ‘Ler com Amor’, sublinhou a importância da palavra escrita e falada no processo de humanização dos alunos, algo que, reconhece, está comprometido na era da comunicação global e das tecnologias de informação.
“Mais do que de máquinas precisamos de humanidade”, reforçou a narradora e antiga professora, parafraseando Chaplin. “As nossas crianças e jovens precisam da palavra, dita e escrita, necessária ao seu processo de crescimento enquanto pessoas. Cabe-nos a nós, educadores e contadores de histórias, oferecer-lhes esta dimensão de sonho e aventura, de tradições e sentimentos. A tecnologia, só por si, esfria o coração”.
Perante um mundo marcado pela violência, a autora atribui à literatura um papel preponderante. “Transmitir a nossa humanidade, reforçar os laços de amizade entre os povos, promover a tolerância para com a diferença”.
Olinda Beja reuniu com turmas dos 7º ao 9º anos, envolvendo a audiência não só na sua forma expressiva e peculiar de contar histórias, mas também através da riqueza simbólica e cultural de São Tomé e Príncipe. Aliás, os seus livros refletem esse tributo à lusofonia, à terra natal e ao patrimônio oral daquele arquipélago do continente africano, onde as mães e as avós têm a tarefa de manter vivas as memórias e a identidade de todo um povo através das histórias que passam de geração em geração.
“A escrita foi a forma que encontrei para homenagear o meu país e minha mãe”, revelou a autora de “À sombra de Oká ” e “Pé-de-Perfume”, que estará até 13 de dezembro a dinamizar sessões de promoção da oralidade e leitura em várias escolas da Região, com o apoio dos grupos disciplinares da disciplina de Português.
Olinda Beja esteve 40 anos ligada ao ensino do Português, 30 em Portugal e os últimos 10 na Suíça, onde lecionou Língua e Cultura Portuguesas. Hoje está aposentada e prepara-se para lançar mais três livros, a juntar aos 16 já publicados e traduzidos em inglês, alemão e mandarim. “Um grão de café”, destinado ao público infantil, integra o Plano Nacional de Leitura.