“A gente não quer só comida, A gente quer comida, diversão e arte […] Diversão e arte, para qualquer parte, diversão, balé, como a vida quer”. (Comida – Titãs). 

Infelizmente no Brasil o acesso e a disseminação da cultura nas comunidades caminham a passos lentos e na lógica de interesses eleitorais.

Recentemente o Governo do Estado do Rio de Janeiro implantou o modelo de bibliotecas parques na cidade do Rio de Janeiro. Ao todo foram criadas três bibliotecas modelo parque (a de Manguinhos, Rocinha e Alemão) e duas bibliotecas foram reformadas e modernizadas (a de Niterói e a Biblioteca Estadual do Rio). São espaços que disponibilizam multiplicidade de artes, cultura, livros, aulas de dança e de teatro, Educação de Jovens e Adultos além de contar com uma arquitetura super moderna.

Mas esses espaços culturais infelizmente estão se transformando em políticas de governo, em que os interesses de campanha em ano de eleição está colocando em risco a existências dessas bibliotecas. A primeira biblioteca a fechar suas portas foi a Biblioteca Parque do Alemão, inaugurada em junho do ano passado, esse espaço cultural fechou suas portas para ceder suas dependências a uma clínica da família na região.

A construção de uma clínica da família é importante, mas não precisa fechar uma biblioteca para construir um polo de saúde. Dessa maneira as comunidades do Alemão e adjacências vão ficar sem ter acesso à cultura e aos cursos que a biblioteca disponibilizava. Essa medida do governo carioca segue a lógica de que o “pobre” não precisa de cultura e que a cultura nas comunidades é um bem menor. Cabe ressaltar que a Biblioteca Parque do Alemão é a única construída na região após a instalação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP). Transformação sem cultura, educação e saúde é uma mentira e uma política de governo para permanecer com seus currais eleitorais.

O que mais impressiona e comprova que a construção da clínica da família na região é uma obra para atender interesses de campanha é a rapidez com que a construção está sendo realizada, com prazo de inauguração já para semana que vem para entrar nos créditos da campanha do então governador Pezão.

Enquanto isso esses espaços continuam contratando mão de obra bibliotecária de forma terceirizada, sem previsão de abertura de concursos. São espaços de excelência, mas sem a valorização do profissional bibliotecário.

A primeira a ser fechada foi a Biblioteca do Alemão, amanhã pode ser a de Manguinhos, ou a da Rocinha, a de Niterói ou até mesmo a biblioteca estadual. E nós bibliotecários o que temos a ver com isso? Continuaremos com nossa postura apolítica? E os órgãos de representatividades continuarão calados e fechados em seus nichos? Por que não estão discutindo essas questões com a classe?

Em ano de eleição é assim, ninguém quer ser indispor com as autoridades.

*Foto principal: Hanna Gleydz / Revista Biblioo

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