Jovem Negro Vivo

Por Camila Maciel, da Agência Brasil

O alto índice de mortes de jovens negros será tema da mostra Setembro Verde: Jovem Negro Vivo a partir de terça-feira (22), na capital paulista. Durante quatro semanas, exposições, debates e exibições de filme – todos gratuitos – vão promover a campanha da Anistia Internacional para dar visibilidade ao grande número de homicídios entre esta população.

A organização não governamental destaca que, segundo dados do Mapa da Violência 2012, dos 56 mil assassinatos registrados no país, 30 mil são de jovens entre 15 e 29 anos. Destes, 77% são negros. As atividades vão ocorrer no espaço Matilha Cultural, no bairro República, região central da cidade.

“É uma pauta difícil, complexa, que vem com uma carga negativa muito forte, mas é um tema urgente. A agenda da segurança pública é central para o desenvolvimento do país”, disse Rebeca Lerer, coordenadora da campanha Jovem Negro Vivo. Ela informou que o objetivo é tornar esses dados mais acessíveis, com uma linguagem multimídia, mais próxima da juventude, como infográficos, grafite, fotos, cinema, debates e intervenções. “A sensibilização da sociedade sobre esse tema é o primeiro passo para a gente conseguir reduzir esses índices e a banalização dessas mortes”, afirmou.

A Anistia Internacional lembra que a mobilização acontece em meio às investigações sobre o envolvimento de policiais militares na chacina que deixou 19 mortos em Osasco no mês passado. A organização mostrou dados da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo que revelam o aumento das mortes praticadas por policiais no estado. Segundo o levantamento do órgão, o número de pessoas mortas por policiais em serviço aumentou 105% entre 2013 e 2014, saltando de 346 para 708 vítimas. No primeiro semestre de 2015, foram 358 pessoas mortas pela polícia, um aumento de 9,8% comparado ao mesmo período de 2014.

As atividades começam às 17h, no dia 22, com a exibição do filme Sabotage, seguida por um bate-papo sobre a campanha da Anistia Internacional, com Renata Neder, representando a entidade, e o rapper GOG. Nos outros dias, a programação contará com a presença de outros movimentos sociais ligados ao tema da segurança pública. “Cada uma [organização] trabalha com um aspecto diferente nesse panorama da violência. A Anistia fala mais sobre os homicídios praticados pela polícia; a Conectas, da guerra às drogas e criminalização da juventude; o Sou da Paz, do mapa da violência armada no Brasil; e a Justiça Global vai falar da militarização da segurança pública”, disse.

A programação completa pode ser conferida aqui

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