Por Juan Pablo Día Vio, do Esquerda Diário.

Na quinta feira passada 17 de dezembro foi inaugurado no Rio de Janeiro o Museu do Amanhã no antigo Pier Mauá com a presença do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), o candidato a prefeito Pedro Paulo (PMDB), a presidenta Dilma Rouseff (PT) e com Eduardo Paes (PMDB) à cabeça.

Museu do Amanhã. Foto: divulgação.

Museu do Amanhã. Foto: divulgação.

O Museu do Amanhã é um museu de ciências que tem como objetivo entender as várias tendências da atualidade e imaginar futuros possíveis para os próximos 50 anos na comemoração dos 500 anos da cidade do Rio. O museu é uma iniciativa da Prefeitura do Rio de Janeiro, junto com a Fundação Roberto Marinho, instituição ligada ao Grupo Globo. Este projeto vem coroar a polêmica transformação ainda em processo do porto do Rio de Janeiro. O porto Maravilha é um mega empreendimento imobiliário por meio de uma parceria público privada para revitalizar do ponto de vista empresarial e econômico-lucrativo a região portuária da cidade. O papel da cultura é central neste grande projeto e junto com o Museu de Arte do Rio, o Museu do Amanhã, ambos na renovada Praça Mauá, são o espaço central do empreendimento.

O museu foi aberto ao público neste sábado 19 de dezembro, em meio a uma crise econômica no Brasil e também no estado e na cidade do Rio, com cortes em saúde, educação, aumento dos custos de vida e demissões. Mas as obras no Porto Maravilha parecem fugir desta crise que atinge a maioria da população brasileira.

Presidente Dilma Rousseff e ministro Juca Ferreira, entre outras autoridades, prestigiaram a abertura do museu. Fotos: Isac Nóbrega/PR e Roberto Stuckert Filho/PR.

Presidente Dilma Rousseff e ministro Juca Ferreira, entre outras autoridades, prestigiaram a abertura do museu. Fotos: Isac Nóbrega/PR e Roberto Stuckert Filho/PR.

O próprio Museu do Amanhã custou ao Estado mais de R$215 milhões bastante superior aos R$130 milhões do orçamento original e mais superior ainda aos R$65 milhões do suposto teto do orçamento. Os superfaturamentos são costume neste tipo de projetos e também em todas as obras que giram ao redor dos megaeventos.

O escultural Museu do Amanhã ainda promete futuras polêmicas. A estrutura foi concebida pelo arquiteto valenciano Santiago Calatrava quem é amplamente conhecido por suas obras cativantes e formas desafiantes, mas também pela quantidade de processos judiciais e sérios problemas de estrutura e manutenção das obras.

Como no Palácio do Congresso e Exposições em Oviedo ou a passarela de Bilbao e a Ponte della Costituzione de Veneza que também apresenta falhas estruturais e que como a maioria das obras de Calatrava consomem grandes recursos para sua manutenção. E o caso do Museu do Amanhã não será exceção.

Por outro lado, o que à primeira vista, parece um projeto que escapa à crise econômica na verdade tem seus custos para o resto da população, enquanto é mantido o capital político de Eduardo Paes de ter construído espetaculares obras.

Cabe perguntar também qual a verdadeira necessidade deste projeto, ou mesmo para que a construção de mais 1 museu na cidade do Rio, quando atualmente existem em total 89 museus na cidade dos quais 12 encontram-se atualmente fechados como vem denunciando o grupo S.O.S Patrimônio (encontram-se fechados Museu da Cidade, Museu do Primeiro Reinado, Museu do Carnaval, Museu da Comlurb, Museu da Casa Laura Alvim, Museu dos Teatros, Museu do Gás, Museu do Bonde, Museu de Artes Populares, Museu Carmen Miranda, Museu da Maré)

Sem ir mais longe note-se o fato da administração municipal do Rio de Janeiro ter assumido auxiliar ao governo do estado com R$1,5 milhão para manter três Bibliotecas Parque na Rocinha, na Zona Sul, em Manguinhos, na Zona Norte, e no Centro do Rio durante 13 meses. O oportunismo político do prefeito Eduardo Paes é vergonhoso, utilizando-se deste fato quando ao mesmo tempo as próprias bibliotecas municipais sofrem com falta de funcionários e outros problemas de infraestrutura.
Não é mais cultura para o Rio, só espetacularização, grandes lucros e oportunismo e utilização política destas grandes obras na luta pelos votos de cara às eleições de 2016 por um lado e escolas, hospitais e bibliotecas em péssimas condições por outro.

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