Não há dúvida de que ver uma elite política condenada e obrigada a cumprir pena é bastante simbólico. Entretanto, pergunta-se: o que há de fato para se comemorar na condenação dos “mensaleiros”? Explorado do início ao final de forma sensacionalista pela grande imprensa, a Ação Penal 470, ou simplesmente “mensalão”, se materializou em mensagem precípua da mídia gorda, como se esta quisesse o tempo todo dizer: “Eles são os maus e nós somos os bons”.

O que se sabe de fato é que o “mensalão” serviu para alguns propósitos. O primeiro deles foi saciar a “opinião pública” brasileira ávida por ver condenados neste país o que ela considera – ou foi levada a considerar – os vilões da desgraça nacional: os políticos. O segundo é que o caso serviu para uma elite conservadora e reacionária nacional como prova de que a esquerda não serve para governar este país, mesmo a despeito do fato do Partido dos Trabalhadores há muito ter se afastado de suas bandeiras históricas de luta.

Alguns daqueles condenados foram um dia parte da esperança desse país, e suas condenações por si só já bastaria para se concluir que não há o que se comemorar neste episódio. De outro lado, toda uma corja – de latifundiários a empreiteiros, passando por concessionários de serviços públicos, chegando aos dirigentes de futebol – continua a explorar milhões de trabalhadores de Norte a Sul deste país, sem que nada seja feito.

Esses fatos mostram que a condenação daqueles homens não serviu apenas para atender uma demanda popular. Longe disso! Serviu sim para conformar um jogo de interesses em que toda a máquina do Estado – da mídia ao judiciário – foi chamada a trabalhar. Diante destes fatos, nos perguntamos: chegará o dia em que grileiros, cafetões, contrabandistas, atravessadores e todos os corruptos como esses que agora foram condenados serão chamados a prestar contas de seus crimes? As dúvidas são muitas e as esperanças poucas.

 

Comentários

Comentários