Dia 12 de março é dia da(o) bibliotecária(o) e temos muito pouco a comemorar. A categoria, como tantas outras, está combalida pelo desemprego e pela precarização que foram aprofundadas pela beatificação do teto de gastos, pela reforma trabalhista, pela política econômica e a consequente crise e, agora, por essa pandemia que está gerida de forma nefasta pelo governo federal.
Ontem, a aprovação da PEC 186, uma farsa armada por Paulo Guedes, supostamente para aprovar o auxílio emergencial, mas que na prática arrochou o salário dos servidores públicos (atinge muitos profissionais da área) por tempo indeterminado, foi mais um fator a tornar a comemoração, sem reflexão, um mero ato retórico e despolitizado.
Antes de eu ser laureado como pessimista da AACR2, ressalto que o momento é de urgente solidariedade às bibliotecárias e aos bibliotecários que sofrem com o desemprego, com a precarização e que estão vivendo o pior momento da história do país, tanto pela pandemia do novo Coronavírus, como pelas políticas ultraliberais, que beneficiam um número restrito de especuladores em detrimento da população.
Portanto, os CRBs, as Associações, a FEBAB, o CFB, e todas as demais representações formais e informais da categoria, deveriam se concentrar numa análise atilada da conjuntura político econômica para animar suas ações e prioridades e abrir canais de diálogos com os profissionais, estudantes e parceiros transversais.
E inegável, que muita coisa de positivo é feita, e nos últimos tempos há uma mudança sentida em alguns segmentos das instituições referidas. Cito aqui como exemplo, o Movimento “Mais Biblioteconomia”, que uniu candidaturas através de um programa comum no último pleito dos Conselhos Regionais (em 2020) e segue articulando ações positivas para área para além da formalidade institucional.
Gostaria de ter palavras mais suaves, mas o palavrório otimista sem vínculos com a realidade só nos levaria ao autoengano, à dispersão e à fragmentação das lutas, prefiro me ater a uma análise material e objetiva do momento histórico para não sucumbir ao pessimismo improdutivo ou a uma análise laudatória e descolada da realidade.
Que os trabalhadores e trabalhadoras da biblioteconomia e afins tenham resiliência, se organizem e apelem à união e à solidariedade da categoria para atravessar o momento que é adverso, mas não insuperável, as lutas se apresentam diariamente e não tem como não as enfrentar.