O Coletivo És Uma Maluca realizará nesta segunda-feira (14), às 18h, uma performance na rua como forma de protesto contra o governo do estado que cancelou a exposição Literatura Exposta, na Casa França-Brasil (CFB), onde seria feita uma apresentação no encerramento, neste domingo (13).
De acordo com reportagem da Folha, a decisão de cancelar a exposição um dia antes do programado partiu do secretário de Cultura, Ruan Lira, que tomou conhecimento da performance que envolveria nudez. “Isso teria que passar por uma classificação etária, que o governo tem de respeitar quando se trata de nudez”, disse a SEC em nota à Folha.
Ainda de acordo com a Secretaria, a decisão foi tomada devido ao descumprimento do contrato assinado entre as partes no ano passado que preveria o cancelamento unilateral em caso de descumprimento das obrigações celebradas. A assessoria de imprensa do órgão disse que a apresentação jamais foi mencionada no contrato ou qualquer outro pedido.
Mas apesar das explicações, o Coletivo considera ter havido censura por parte do governo. “A proibição arbitrária por parte da Secretaria Estadual de Cultura nos causa perplexidade e imensa preocupação, pois mais uma vez estamos claramente sendo submetidos a censura. A performance que faríamos seria uma continuidade da proposta apresentada na instalação A Voz do Ralo e a Voz de Deus e já havia sido informada e aprovada pela CFB”, disse grupo em sua página no Facebook.
“A situação é grave pois indica mais um atentado à produção simbólica e cultural, dentro de todo o contexto no qual entramos, há apenas duas semanas. Mais uma tentativa de silenciamento de vozes que provocam crítica e convidam à reflexão. Como coletivo da Zona Norte do Rio de Janeiro, nós do EUM não vamos nos calar. Este trabalho é apenas o início de um processo que terá muitos desdobramentos e ações”, completou o Coletivo.
“A Voz do Ralo É a Voz de Deus”, uma parte da exposição “Literatura Exposta” já havia sido censurada ano passado. Inspirado no conto “Baratária”, do escritor Rodrigo Santos, ela mostrava um bueiro, infestado de baratas, de onde saia um áudio com declarações públicas do então presidente eleito Jair Bolsonaro. O áudio foi substituído por uma receita de bolo.
“Acreditamos que as manifestações artísticas são espaços de reflexão, elaboração de possibilidades e exploração de diversidades nas formas de pensar, sentir e estar no mundo. Em uma sociedade livre e democrática defendemos que este direito é irrevogável”, disse a época o Coletivo em nota.
Abaixo nota completa do coletivo:
O Coletivo És Uma Maluca lamenta profundamente o cancelamento da exposição Literatura Exposta, na Casa França-Brasil (CFB), onde faríamos uma performance no encerramento, neste domingo (13/02) à noite.
A proibição arbitrária por parte da Secretaria Estadual de Cultura nos causa perplexidade e imensa preocupação, pois mais uma vez estamos claramente sendo submetidos a censura. A performance que faríamos seria uma continuidade da proposta apresentada na instalação A Voz do Ralo e a Voz de Deus e já havia sido informada e aprovada pela CFB.
A situação é grave pois indica mais um atentado à produção simbólica e cultural, dentro de todo o contexto no qual entramos, há apenas duas semanas. Mais uma tentativa de silenciamento de vozes que provocam crítica e convidam à reflexão.
Como coletivo da Zona Norte do Rio de Janeiro, nós do EUM não vamos nos calar. Este trabalho é apenas o início de um processo que terá muitos desdobramentos e ações.
Por isso, convidamos a todos para fazermos um ato após a desmontagem da exposição, na segunda (14/01), às 18h, em frente à CFB. VAMOS REALIZAR A PERFORMANCE NA RUA!
Mais do que nunca, será importante a presença de outros coletivos, agentes culturais, artistas e pessoas em geral que também temem por esse grave momento pelo qual estamos passando.