Enquanto os estabelecimentos nos Estados Unidos se preparam para reabrir após o encerramento da pandemia, empresas e organizações terão que reconfigurar modelos de serviços para envolver o público com segurança. Bibliotecas públicas não estão isentas deste mandato. Estas estão fechadas em todo o país, mas muitas oferecem atividades de contação de histórias on-line e outras atividades no lugar de serviços presenciais.
É difícil imaginar todos os serviços de biblioteca digitalizados. Os computadores de acesso público tornaram-se parte integrante dos serviços de biblioteca; algumas unidades de tamanho médio na região metropolitana de Washington, por exemplo, têm até 60 computadores disponíveis ao público, e cada uma delas geralmente é ocupado em poucos minutos após a abertura da biblioteca.
Na maioria dos lugares, no entanto, os computadores estão separados apenas por alguns centímetros, impossibilitando um distanciamento social seguro. Para manter cerca de 1m80s entre os usuários dos computadores, as bibliotecas terão que reduzir o número de equipamentos ou diminuir o espaço dedicado a livros, revistas e mesas e cadeiras para espalhar as máquinas.
O medo da transmissão viral por meio de livros e outros materiais pode reduzir drasticamente os empréstimos tradicionais, e as bibliotecas vêm diminuindo o tamanho de suas coleções impressas há anos; a pandemia pode dar às bibliotecas o ímpeto para levar essa tendência ainda mais longe. Muitos usuários da biblioteca preferem impressos ao invés de e-books e formatos digitais, mas o medo de contágio pode alterar isso significativamente.
Os tempos das histórias e os grupos de discussão de livros oferecem desafios adicionais. Uma biblioteca com um auditório ou uma grande sala de reunião pode oferecer uma história e estimular que pais e filhos mantenham o distanciamento social. O mesmo vale para grupos de discussão de livros. Mas as atividades que exigem uma interação social mais próxima – por exemplo, jogos de tabuleiro e ajuda com a lição de casa – teriam que ser reduzidas. Lugares menores podem precisar cancelar essas atividades ou reconfigurar seus interiores.
Em toda crise financeira, as bibliotecas estão entre os primeiros órgãos públicos a enfrentar cortes no orçamento. Os governos locais já estão financeiramente sem recursos e alguns lugares já disponibilizaram funcionários da biblioteca para atividades em outras repartições. Um equívoco comum entre alguns governantes é que as bibliotecas são um serviço não essencial.
Nos bairros de baixa renda, no entanto, os computadores da biblioteca são a única conexão à Internet para muitos residentes. O fechamento de uma unidade privaria as pessoas e dificultaria a solicitação de subsídios de desemprego, a procura de emprego ou o acesso a serviços sociais.
Como as bibliotecas sobreviveram a esse período difícil dependerá das prioridades que estabelecerem; tornar-se acessível – e indispensável – compensará o downsizing (redução de pessoal ou redução de custos) que está por vir. Eles também têm a obrigação de fornecer acesso à Internet e ao computador em bairros desfavorecidos.
O “novo normal” tornou-se um dos clichês mais sobrecarregados de trabalho dos últimos meses. Ninguém sabe como será o novo normal, mas, para as bibliotecas públicas, suspeito que as mudanças sejam significativas. Uma coisa eu tenho certeza: muitos de nós mal podemos esperar que nossas bibliotecas reabram!
*Publicado originalmente no Washington Post sob o título Local libraries will look a lot different when they reopen. Tradução Chico de Paula