Rosaly Favero Krzyzanowski, coordenadora da BV-FAPESP, em palestra durante o evento (foto: Leandro Negro / Ag.FAPESP)

Rosaly Favero Krzyzanowski, coordenadora da BV-FAPESP, em palestra durante o evento (foto: Leandro Negro / Ag.FAPESP)

Por Elton Alisson , da Agência FAPESP

O número de bibliotecas digitais e virtuais tem aumentado nos últimos anos. Uma das razões é o surgimento de programas gratuitos, como o DSpace, o Greenstone e o Fedora, que facilitam a construção desses repositórios de informações na internet.

“Por conta disso, diversas instituições, tanto do setor público como privado, estão criando bibliotecas digitais em diferentes áreas, tais como educação, cultura e ciência”, disse Murilo Bastos Cunha, professor do Departamento de Ciência da Informação e Documentação da Universidade de Brasília (UnB), durante palestra em evento comemorativo dos dez anos da Biblioteca Virtual (BV) da FAPESP, realizado no dia 21 de agosto de 2015 na FAPESP.

As bibliotecas digitais começaram a ter maior desenvolvimento a partir de 1996, quando iniciou a fase comercial da internet no país. Nesse período, bibliotecas tradicionais, que até então estavam muito focadas na preservação de seus acervos e na provisão de acesso físico de publicações impressas, passaram a desenvolver sistemas de catálogo automatizado, de acesso público.

“Esses sistemas de catálogo automatizado possibilitaram que os acervos das bibliotecas, que até então estavam confinados em um espaço físico restrito, pudessem ser conhecidos por um número muito maior de pessoas em nível nacional e internacional”, disse Cunha.

Uma das vantagens das bibliotecas digitais, na avaliação do pesquisador, é que elas possibilitam aos usuários não só ter acesso, como trabalhar diretamente com as versões eletrônicas de documentos completos, de qualquer lugar e a qualquer tempo. Além disso, permitem maior agilidade no intercâmbio de informações com outras bases de dados.

“Mediante metadados e protocolos de intercâmbio de informação, as bibliotecas digitais podem compartilhar facilmente dados contidos em seus registros e melhorar sua operabilidade”, disse Cunha.

Desde 2009, a BV-FAPESP tem adotado uma série de medidas para aumentar a interoperabilidade com sistemas internos e externos à Fundação. Uma das medidas foi a importação de dados referenciais de artigos científicos resultantes de auxílios e bolsas concedidas pela FAPESP, publicados em periódicos científicos indexados nas bases de dados da Web of Science e do SciELO, além de teses e dissertações provenientes de bibliotecas digitais das três universidades públicas estaduais paulistas: a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e a Universidade Estadual Paulista (Unesp).

Além disso, foram desenvolvidos diversos recursos para aumentar a funcionalidade da biblioteca virtual, como perfis dos pesquisadores que têm ou tiveram projetos de pesquisa apoiados pela FAPESP.

A página reúne links para o currículo Lattes, My Citation e ResearchID do pesquisador, quando disponível, além de palavras-chave representando suas linhas de pesquisa e suas publicações científicas apoiadas pela Fundação, desde que citado o agradecimento à FAPESP e o número do processo no artigo científico publicado.

“A BV-FAPESP, inicialmente mais preocupada com a indexação da literatura científica, passou a ser nos últimos anos um sistema de informação referencial de acesso público sobre os auxílios e bolsas concedidos pela FAPESP, incluindo as referências dos resultados das pesquisas realizadas”, disse Rosaly Favero Krzyzanowski, coordenadora da BV, em palestra durante o evento.

“Com a implantação dessa série de melhorias, pudemos observar que, a partir de 2009, houve um aumento de 896% em relação a 2008 no número de visitas à BV-FAPESP, que vem crescendo paulatinamente e hoje atinge a marca de mais de 4 milhões de acessos anuais”, detalhou.

A BV-FAPESP conta atualmente com 200 mil registros de Auxílios à Pesquisa, Bolsas no País e Bolsas no Exterior concedidos pela FAPESP, mais de 58 mil registros de publicações científicas resultantes desse apoio e 18 mil registros de publicações acadêmicas (teses e dissertações), desde 1992.

Os cerca de 40 mil registros relativos ao período 1962-1991 já foram digitalizados e estão sendo padronizados para integrar o acervo da BV-FAPESP a partir do final do ano.

A BV-FAPESP, como explica Krzyzanowski, tem informações referenciais e links para textos completos de artigos científicos publicados em revistas eletrônicas, ou indexados em repositórios de produção intelectual, diferentemente de bibliotecas digitais ou de repositórios, que contêm textos completos.

Referência importante

“A BV-FAPESP dá uma valiosa contribuição para ampliar o acesso ao conhecimento científico e tecnológico produzido em São Paulo, tanto em nível nacional como internacional, por meio da divulgação das pesquisas financiadas pela FAPESP e, além disso, para preservar e disseminar a memória da Fundação”, disse Celso Lafer, presidente da FAPESP, na abertura do evento.

O diretor científico da FAPESP, Carlos Henrique de Brito Cruz, destacou que, além de auxiliar a comunicar para o contribuinte paulista e para o mundo as atividades da Fundação, usando as ferramentas de internet, a BV-FAPESP também é um instrumento importantíssimo para o próprio trabalho da instituição.

“A BV-FAPESP é muito utilizada pela diretoria científica e pelos assessores das coordenações de área da FAPESP para analisar os projetos que requerem apoio da Fundação”, afirmou.

“Ao analisar um projeto, é possível saber por meio da BV-FAPESP se o proponente já teve outros projetos apoiados, por exemplo”, disse Brito Cruz.

Também participaram do evento o diretor administrativo da FAPESP, Joaquim José de Camargo Engler, e Carlos Vogt, ex-presidente da Fundação e atual presidente da Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp).

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