No último dia 26 de abril reuniram-se na sede do Conselho Regional de Biblioteconomia da décima terceira região (CRB/13), em São Luís (MA), profissionais bibliotecárias/os desempregadas/os. Na reunião foi discutido a trágica realidade do mercado de trabalho no estado e a urgência de concurso público para a categoria. Foram feitas algumas memórias da luta por concurso público e pontuados os fatos que levaram à reunião, como a ausência de bibliotecárias/os nos faróis do saber e bibliotecas do governo do estado, recentemente revitalizados.

Já são 44 Faróis e bibliotecas públicas revitalizadas até início desse ano, sendo que o município de Esperantinópolis foi o último a receber o benefício. A Rede Estadual de Bibliotecas Faróis do Saber, que conta com 118 unidades (leia-se postos de trabalhos), sendo que 24 são de responsabilidade da Secretaria de Estado da Educação e 94 são coordenadas pela Secretaria de Turismo do Estado (SECTUR).

No início de 2018, o governo do Maranhão lançou licitação para contratar bibliotecárias/os para os Faróis do Saber, por meio de seletivo. Tal ação integra um conjunto de medidas para recuperação desses espaços de leitura e informação e visa a contratação de serviços de administração de acervos bibliográficos o que, todavia, até agora não foi realizado, infringindo inclusive a Lei 12.244/2010 de universalização das bibliotecas no país, cujo o prazo se esgota no ano que vem.

Com esse documento o governo do estado se comprometeu e selou uma responsabilidade jurídica com a categoria, responsabilidade esta que precisa ser cobrada. Ensurdecedor mesmo é o silêncio das representações da categoria, servidores públicos que, ao contrário de agir com boa fé pública e deixar os profissionais informados sobre o que está havendo e promover uma cobrança coletiva do poder público, emudecem frente esta situação.

É imperativo exigir do governador estadual concurso público imediato e ao CRB 13 fiscalização para obter as respostas sobre quem está ocupando as vagas dos 44 Faróis e bibliotecas já revitalizadas e entregues a sociedade, e como chegaram lá se o último concurso do estado foi realizado no ano de 1992. Essa é uma causa relevante da categoria com vistas ao seu fortalecimento, e o da educação e da cultura no estado. Não pode haver escola digna com bibliotecas sem bibliotecárias/os!

No Maranhão, o campo de atuação pouco se expandiu nos últimos anos, inexiste sindicato e pós-graduação na área, e a luta que vem sendo feita obteve poucas conquistas devido ao burocratismo, corporativismo, falta de visão política, egoísmo, interesse próprio, concorrência, ressentimento e recalque. Tomando decisões em gabinetes como se fossem soberanas e que não podem ser anuladas, completa-se 50 anos de supremacia de uma “elite” do atraso dessa biblioteconomia-cotovelo que contribui com o retrocesso de toda a categoria.

Ainda mais nesses tempos de barbárie permanente, neofascismo, disputas ideológicas através de fakenews que está levando a um colapso social cuja maior expressão política é a eleição do “presidente” Bolsanaro. A categoria precisa se organizar num grande movimento para travar uma luta jurídica, política e cultural/subjetiva/linguística, atuar articulada com outros movimentos da educação e cultura, mas antes precisam se curar da síndrome do alunato.

Estas pessoas precisam entender que já são profissionais e tomar seu lugar de fala e o protagonismo sem se deixar tutelar por aquelas/es que com discurso de agir com boa fé tentam convencer que estão certas/os nas suas decisões e que a categoria é fraca e incapaz de transformar a sua realidade, quando seguem exclusivamente mantendo seus  privilégios de classe/raça.

Com esse quadro é hora de soltar essas mãos, desbrancalizar, romper com a Casa Grande e tomar a responsabilidade histórica que está colocada. Toda ordem da selva nasce fracassada e tem um fim. Que a empatia e o pensamento coletivo prevaleçam frente a crueldade, a frieza, a competição e o individualismo. Que nossos corpos façam sempre de nós mulheres e homens que questionam e empreendam novas lutas!

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