Por quanto pode ser considerado aceitável o tempo em que um serviço público de cunho cultural pode permanecer paralisado? E em se tratando de um serviço que envolva uma biblioteca pública, qual o limite? Infelizmente não encontrei a resposta, pois no Brasil parece não haver uma definição sobre a essencialidade de serviços relacionados à cultura, em especial se vinculado às bibliotecas, afinal em diferentes capitais do país há bibliotecas estaduais com suas portas fechadas sob a alegação de reformas difíceis, mesmo com custos exorbitantes.

A Biblioteca Pública do Estado do Rio de Janeiro (BPE) é uma das que engrossam as estatísticas, pois conforme aponta o site da Secretaria de Cultura do Rio de Janeiro “desde outubro de 2008, a BPE encontra-se fechada para obras de modernização. A biblioteca está passando por um projeto de requalificação inspirado em modelos bem-sucedidos de países como Colômbia, Alemanha, França e Estados Unidos, onde as bibliotecas públicas funcionam também como centros culturais. A reformulação da BPE não é apenas arquitetônica, mas inclui a modernização do acervo e a ampliação dos serviços”.

Não sei exatamente em que mês de 2008 a Biblioteca fechou suas portas, contudo, 2014 caminha para o cumprimento de seis anos com a Biblioteca fechada. Tendo passado pelo Rio de Janeiro por esses dias, não pude deixar de me informar sobre a reabertura do espaço e soube que até o final do mês de março de 2014 a Biblioteca será reaberta. Será verdade?

Buscando mais informações, soube que assim como aconteceu com a Biblioteca Pública Estadual do Amazonas, que permaneceu fechada de 2007 a 2013, com promessas de reabertura que se avolumavam e não eram cumpridas, também a BPE do Rio de Janeiro passa pelo mesmo dilema. Com valores elevados para a reforma e reestruturação (em torno de R$ 50 milhões), com tanto dinheiro investido, o trabalho deveria correr “de vento em popa” favorecendo a população com serviços que podem ser considerados essenciais para a cultura da cidade, tendo em vista ser essa uma de suas principais bibliotecas.

O jornal O Globo anunciava em maio de 2013 que o governo do Rio de Janeiro havia prometido reabrir a Biblioteca no segundo semestre daquele ano, contudo a promessa não foi cumprida e até o momento não existe uma data formal estabelecendo a reabertura.  Creio que está mais do que na hora dos cidadãos cariocas cobrarem esse espaço e exigirem respeito no cumprimento de prazos.

Além da Biblioteca Estadual do Rio de Janeiro, outras bibliotecas públicas estaduais ou municipais encontram-se nas mesmas condições. Fechadas e em obras, que não têm definição efetiva para serem concluídas. Devemos chamar a atenção da sociedade para o problema e travar uma luta para que não apenas a Biblioteca Estadual do Rio de Janeiro seja reaberta (e logo!), mas também a Biblioteca Estadual do Rio Grande do Sul, de Alagoas, da Paraíba, do Rio Grande do Norte… E para que sejam criadas bibliotecas estaduais em Rondônia e em Tocantins.

Neste 12 março de 2014, dia em que bibliotecárias e bibliotecários de todo o Brasil confraternizam e são homenageados pela profissão, penso que devemos refletir sobre nosso papel frente os espaços de bibliotecas, não apenas com a visão voltada para a reserva de mercado e sim pelo que podemos contribuir no campo da cultura e educação do nosso país. Nossa omissão em relação ao fechamento por anos a fio de importantes bibliotecas públicas reflete de forma significativa sobre a importância de nossa missão como mediadores do acesso as fontes de informação e conhecimento.

 

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