RIO – Vera Saboya, Superintendente da Leitura e do Conhecimento da Secretaria de Cultura do Estado do Rio de Janeiro, está hoje à frente da abertura de várias novas bibliotecas e da reforma de tantas outras pelo estado do Rio de Janeiro. Em entrevista a biblioo, ela nos conta como está o andamento desses projetos e qual é o planejamento daqui para frente.
Emilia Sandrinelli: Que papel a biblioteca assume na política social do governo do estado? Quais investimentos estão sendo feitos nessa área?
Vera Saboya: A primeira coisa que a gente está fazendo é restaurar e reformar as bibliotecas públicas do estado que já existiam: a Biblioteca Pública de Niterói, na Praça da República, e a Biblioteca Pública do Estado, na Presidente Vargas. A Biblioteca Pública do Estado fica pronta agora em dezembro de 2012, toda modernizada, com mobiliário novo e novas funções, também: auditório, teatro, restaurante, cafeteria, laboratório de audiovisual, laboratório de gravação de música, por exemplo. As ações dela serão muito expandidas. E a Biblioteca Pública de Niterói, que ocupa um prédio histórico, tombado, no centro de Niterói, foi toda reformada, restaurada, e suas funções, modernizadas. Além disso, nós temos as Bibliotecas Parque: a Biblioteca Parque de Manguinhos, que já está aberta há um ano e meio, com muito sucesso dentro da comunidade. É um empreendimento bastante grande, uma biblioteca de três mil metros quadrados. Todos os equipamentos são de grande porte, para atender o estado, e de Primeiro Mundo. E agora, em abril, a gente está abrindo a Biblioteca Parque da Rocinha.
E. S.: Esses investimentos podem ser ampliados?
V. S.: Sim, o programa é maior que isso. O programa prevê, ainda, a abertura da Biblioteca Parque do Alemão, a reabertura da Biblioteca Pública do Estado e de outras bibliotecas no interior do estado, como por exemplo, em Paraty eem Paracambi. Estes dois municípios estão um pouco adiantados nesse processo: já temos o terreno e firmamos uma parceria com a prefeituraem Paraty. Enquanto isso, em Paracambi a gente tem uma forte parceria com o prefeito. A ideia é criar uma biblioteca parque, dessas portentosas, em cada região do estado, irrigando todo o interior: Costa-verde, Região Serrana, Região dos Lagos, e assim vai, por todas as regiões do interior.
E. S.: Além das bibliotecas, que outros projetos de incentivo à leitura estão sendo tocados pelo governo?
V. S.: Um exemplo bom são os Agentes de Leitura, projeto de mediação de leitura que fazemos em parceria com o MinC. Além disso, a gente tem um projeto de investimento em bibliotecas comunitárias, que também é um projeto para mediação de leitura. Dentro da Biblioteca Pública do Estado, através do Sistema Estadual de Bibliotecas, a gente vai fazer formação continuada para todos os profissionais envolvidos com a leitura no Rio de Janeiro.
E. S.: Qual o papel do bibliotecário nesses projetos?
V. S.: Ele tem um papel fundamental. Além das qualidades técnicas do bibliotecário para a organização, para circulação desse acervo, ele também tem todas aquelas qualidades dos princípios norteadores dessa função, que é o que dá acesso ao conhecimento. Então, a gente está fazendo um grande processo de formação com os bibliotecários que trabalham com a gente, que é o de um atendimento mais humanizado, complementando todo aquele atendimento técnico que era mais pontual para o bibliotecário.
E. S.: Você comentou da Biblioteca Publica do Estado, na Av. Presidente Vargas, ela está fechada desde 2008. Houve algum planejamento para que os usuários desta biblioteca tivessem os serviços de que necessitam?
V. S.: Não. É impossível, na verdade. Nós teríamos que montar uma outra biblioteca para fazer obra nessa. É muito grande esse empreendimento. O que ficou disponível na internet foi uma pequena parte do acervo, que tinha sido digitalizada, mas o acervo que saiu de lá saiu em caixas e em caixas ficou. Além disso, já era um acervo bastante velho. Para você ter uma idEia, o estado não comprava um livro para esse acervo há mais de dez anos, quando essa Secretaria se instalou aqui. Então, você pode imaginar que, mesmo com aquele acervo todo, as pessoas reclamavam muito do acesso a ele. É um acervo que estava também proibitivo, do ponto de vista da saúde pública. Grande parte daquele acervo a gente já descartou, a BPE vai abrir com livros novos e com a coleção de livros raros que já tinha. Esses livros raros, por sua vez, passaram por um processo de tratamento e higienização, jamais poderiam ser deixados disponíveis em qualquer lugar, por serem livros raros, frágeis, que se deterioram com o manuseio. Então, realmente era impossível, a não ser que houvesse uma biblioteca pública municipal grande, que pudesse recebê-la, mas não existia essa possibilidade. Nem a Biblioteca Nacional, tampouco, poderia receber a Biblioteca Pública do Estado. Isso é uma coisa muito complicada, não é como uma biblioteca pessoal.
E. S.: Como ela ficou fechada por um longo período, há algum projeto que vise a reaproximação dos usuários após a abertura?
V. S.: Não será preciso. A biblioteca estará toda reformada, toda nova, com um acervo de 200 mil livros, três milhões de músicas, um mobiliário novo absolutamente confortável, linda de morrer. Todo mundo já está com muita vontade de visitá-la para ver como ela ficou.
E. S.: E em termos de equipe, como vocês estão planejando?
V. S.: São 120 pessoas na equipe da BPE. Faremos uma chamada pública para preencher essas vagas. Contrataremos bibliotecários e outros profissionais: das letras, da história, da filosofia, da matemática, das ciências exatas, músicos, artistas.
E. S.: A Biblioteca Pública de Niterói e as bibliotecas parque que você mencionou, como estão em relação a equipe? Elas vão receber reforços?
V. S.: Já estão recebendo os reforços necessários. A Biblioteca de Niterói, que tinha um grupo de 12 pessoas trabalhando, hoje tem28. A Biblioteca Parque de Manguinhos tem 32 pessoas trabalhando e a Biblioteca da Rocinha abrirá com 28, mas já vou pedir um aumento. Então, elas já abriram com uma equipe muito diferente do que era antes praticada pelo estado para as bibliotecas.