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Policiais deixam prédio após descupação Pedro Teixeira / Agência O Globo

Por O Globo

O clima ficou tenso na sede da Secretaria estadual de Fazenda, no Centro do Rio, na madrugada desta sexta-feira. Isso porque, por volta das 2h30m, os manifestantes que ocupavam o décimo nono andar do edifício foram expulsos, após a chegada de policiais do Batalhão de Choque. Cerca de 70 pessoas estavam no interior do prédio quando os PMs entraram no local e ordenaram a desocupação do espaço. O grupo era formado por servidores da ativa e também aposentados e pensionistas, que tentavam uma audiência com o secretário Julio Bueno. O motivo foi devido ao estado ter liberado, nesta quinta-feira, o pagamento apenas dos servidores ativos e inativos que ganham até R$ 2 mil. Os aposentados e pensionistas com rendimentos que ultrapassam esse valor só receberão no dia 12 de maio.

O efetivo mobilizado para o local contou com pelo menos e12 carros, além de policiais que estavam em motos e também em um micro-ônibus. Os manifestantes, cuja maioria era de professores, contaram que tiveram apenas dez minutos para desocupar o prédio.

— A forma que fomos retirados do local foi absolutamente truculenta. Eram muitos militares, e nós não podíamos resistir diante disso. Mas a greve continua, vamos continuar resistindo. Eles (os PMs) disseram que se não saíssemos eles teriam que usar a força policial — afirmou Florinda Lombardi, de 64 anos, professora aposentada há dez e que atuou por mais de 30 anos no estado.

— A situação dos aposentados (e também pensionistas) é uma tragedia, um desrespeito. Como uma pessoa fica mais de um mês sem salario? — complementou a aposentada.

Enquanto deixavam o espaço, os policiais foram vaiados pelos manifestantes, que também gritaram palavras de ordem. Uma equipe, no entanto, ficou posicionada na porta do prédio para evitar o retorno de manifestantes.

— O responsável pela operação informou que a ordem do governo era de desocupar o local por bem ou por mal. Então a gente se organizou. Tinham muitas senhoras, até porque a pauta principal é a questão do pagamento aos aposentados e pensionistas. Saímos para evitar um conflito maior. Descemos pelas escadas, respeitando o tempo das pessoas mais idosas — contou o professor Renato Padilha, de 29 anos.

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Rio de Janeiro (RJ) 15/04/2016 Servidores do estado após serem retirados do edifício – Pedro Teixeira / Agência O Globo

Do lado de fora, os servidores se organizaram para acolher aqueles que moram mais longe, já que “não daria para voltar para casa naquela hora”, segundo eles. O grupo, que também contava com profissionais de outras categorias como a saúde, havia ocupado a secretaria na tarde desta quinta-feira. O ato, realizado após a exclusão de 137 mil inativos do pagamento feito pelo governo, teria começado, segundo a versão da Secretaria de Fazenda, após uma servidora aposentada pedir para ser recebida pela equipe do secretário. Depois, um grupo maior forçou a entrada no edifício e usou spray de pimenta. Já os manifestantes, no entanto, atribuíram a ação com spray de pimenta aos seguranças do local.

No início desta madrugada, a entrada no prédio havia sido proibida, conforme relataram alguns professores. Quem deixasse o local não poderia voltar. Um grupo de cerca de 20 pessoas permanecia na área externa do prédio, próximo ao local onde foram instalados tapumes.

Nesta quinta-feira, o estado disse, em nota, que “considera legítimo o direito de manifestação, desde que não ocorram prejuízos aos serviços prestados à população e sejam respeitadas a integridade física das pessoas e a preservação do patrimônio público”. O Palácio Guanabara declarou ainda que “permanece disponível ao diálogo” com os servidores. Já a Secretaria de Fazenda informou que o protesto está prejudicando o sistema de arrecadação do estado.

MANIFESTANTES ACAMPAM NAS PORTAS DA ALERJ

Na noite desta quinta-feira, cerca de 30 servidores montaram dez barracas próximo às escadarias da Assembleia Legislativa do Rio, no Centro. O ato, também em favor de aposentados e pensionistas, que começou por volta das 19h30m, foi coibido pela Polícia Militar, de acordo com os integrantes do movimento. No fim da noite, eles deixaram o local, mas afirmaram que voltarão nesta sexta-feira.

— Quando a polícia disse que não podíamos ficar aqui colocamos as barracas na cabeça e começamos dar voltas. Depois, veio também a Ordem Pública (da prefeitura). Não houve agressão, mas um princípio de tumulto — afirmou o servidor judiciário Ramon Carrera, integrante do Movimento Unificado dos Servidores Públicos Estaduais. — Nós colocaremos uma tenda aqui para arrecadar alimentos e remédios para os aposentados amanhã (nesta sexta-feira).

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