Por Fabiano Ristow e Alessandro Giannini de o Globo
Mais de 70 funcionários do Ministério da Cultura (MinC) foram exonerados nesta terça-feira. A lista foi publicada no Diário Oficial e inclui nomes de secretarias ligadas à pasta, de bibliotecas e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Ao menos cinco pessoas da cúpula da Cinemateca Brasileira, incluindo a diretora, Olga Futemma, também foram demitidas.
A assessoria do MinC informou que as exonerações fazem parte da reestruturação da pasta e do plano de valorização dos servidores de carreira, anunciado pelo Ministro da Cultura, Marcelo Calero, por ocasião de sua posse no governo interino.
“O Ministério da Cultura efetivou hoje a exoneração de 81 comissionados que não tinham vínculo com o serviço público federal”, diz a nota. “As exonerações fazem parte da reestruturação da pasta e do plano de valorização dos servidores de carreira, anunciado pelo Ministro da Cultura, Marcelo Calero, por ocasião de sua posse. A medida promove o desaparelhamento do Ministério da Cultura e valoriza o servidor de carreira. Seguindo as orientações da Casa Civil, a maior parte dos cargos será preenchida por servidores concursados que ocuparão cargos de chefia. A orientação atende uma demanda da sociedade civil por uma gestão republicana e transparente e que será implementada à risca pelo Ministério da Cultura. Uma vez homologada a reestruturação do Ministério da Cultura pelo Ministério do Planejamento, será aberto processo seletivo para preenchimento dos cargos de chefia pelos servidores concursados.”
Entre as secretarias atingidas estão a de Economia Criativa, da Cidadania e da Diversidade Cultural, de Articulação Institucional, de Políticas Culturais, de Fomento e Incentivo à Cultura, além da Secretaria do Audiovisual (à qual pertence a Cinemateca). Funcionários do próprio gabinete do ministro da Cultura, Marcelo Calero, também foram afetados. Na lista consta ainda o maestro Wagner Tiso, que dirigia o Museu Villa-Lobos, e Angela Fatorelli, chefe de gabinete da Biblioteca Nacional.
CORTES NA DIRETORIA DO LIVRO
A Diretoria do Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas (DLLLB), vinculada à Secretaria Executiva do MinC, também perdeu diversos funcionários. Entre eles, estão Lucilia Helena Craveiro Soares, antiga coordenadora geral de Literatura e Economia do Livro, e José Roberto Silva, que deixou a coordenação geral de Leitura. A DLLLB está sem diretor desde que Volnei Canonica deixou o cargo, no fim de maio, para assumir o posto de secretário-executivo do MinC.
No caso da Cinemateca Brasileira, a instituição atravessa uma crise desde 2013, durante a gestão de Marta Suplicy no MinC. Naquele ano, os repasses à Sociedade Amigos da Cinemateca (SAC), entidade sem fins lucrativos responsável pela contratação da maioria dos funcionários, foram congelados após uma auditoria da Controladoria-Geral da União, que identificou irregularidades na prestação de contas entre a pasta e a entidade. Em 2014, houve demissões e mudanças na diretoria. O ministério, então, recorreu ao modelo da organização social, entidade privada atualmente responsável por fazer as contratações.
PEGOS ‘DE SURPRESA’
Presidente do Conselho da Sociedade Amigos da Cinemateca, Maria Dora Mourão disse que os funcionários e colaboradores foram “pegos de surpresa”. Segundo ela, o ministro Calero e o secretário do Audiovisual, Alfredo Bertini, reuniram-se cerca de duas semanas atrás com Olga Futemma e os conselhos da Cinemateca e do SAC para que fosse feito uma espécie de retrato da situação da instituição. A conversa, disse ela, foi cordial e sem nenhum confronto, nem sinais de que algo estava para acontecer.
— Até que o Bertini ligou para a Olga de manhã (terça-feira) e comunicou a ela que estava sendo exonerada. Falou mais, que tinha um novo nome para a direção, alguém conhecido, só que não podia revelar quem eram. Ficamos muito surpresos.
À noite, o MinC confirmou o nome de Oswaldo Massaini Filho na direção da Cinemateca.
Olga Futemma reuniu-se com funcionários e informou que não iria receber a imprensa. A Cinemateca estava aberta normalmente para visitação, apesar de não ter programação na sala de cinema.