Diante das mudanças ocorridas ao longo dos últimos anos no campo da editoração, temos observado a coexistência de um novo conceito de tecnologia midiática de leitura: o livro virtual coexistindo com o livro impresso. O livro impresso possui um papel extremamente importante no tocante à educação e difusão do conhecimento, contribuindo também para a prática da escrita. Desde a invenção da tipografia com Gutenberg e com o aumento da produção de textos, o livro já conquistara seu lugar e espaço na história. Anos após, com o surgimento do computador e de novas formas de propagação de conhecimento por meio da internet, questiona-se o futuro do livro diante das novas tecnologias de informação.

A internet surgiu definitivamente para ficar e através dela temos a possibilidade de obter acesso a diferentes formas de comunicação e de informações. Todo o processo de produção de livros envolve diferentes profissionais e isto acaba influenciando seu preço final, interferindo diretamente no consumidor/leitor final.

No que diz respeito à difusão de livros via internet, existe a questão do baixo custo para obtenção de downloads, os chamados e-books, ou até mesmo gratuitamente para aqueles de domínio público. Diante das facilidades do computador, questiona-se a existência do livro, visto que as novas tecnologias proporcionam rapidez e velocidade na divulgação de informações.

Uma desvantagem das novas tecnologias é sua indisponibilidade para uma grande parte da população que não possui acesso à internet, a chamada exclusão digital. A preservação de documentos digitais é uma questão a se levar em conta em meio às novas tecnologias. O computador é vulnerável a problemas técnicos, o que pode levar à perda de dados e informações. A vantagem do livro em papel é a sua durabilidade e manuseio, que facilita a leitura e proporciona ao leitor uma relação mais humana, em função do contato com a obra.

Segundo McLuhan, em sua afirmação: “Não há dúvida de que hoje se escreve, imprime e lê mais do que antes, mas há também uma nova tecnologia elétrica que ameaça esta antiga tecnologia construída sobre o alfabeto fonético”. Em pleno século XXI observa-se que tanto o livro digital e o impresso podem coexistir ambos com suas características próprias e suas funções específicas, e que para a existência de um, o outro não precisa deixar de existir. Até mesmo seria difícil extinguir um objeto tão arraigado na história da humanidade, assim como o livro impresso.

O livro na História

Desde a Antiguidade o homem pensava em reunir em um único repositório todo o conhecimento produzido no mundo, de maneira que este pudesse ser acessado e visualizado pelo maior número de pessoas possível.

A ideia de uma biblioteca digital não é tão recente quanto nos parece, ela surgiu há algumas décadas e sua explosão se deu com o advento da internet. Alguns pensadores possuíam a utopia de organizar o conhecimento de forma que a biblioteca digital interconectasse as informações em uma rede e pudesse ser compartilhada por inúmeras pessoas. A biblioteca digital então seria uma coleção de documentos digitalizados ou produzidos em meio digital, as chamadas bibliotecas híbridas, que trabalham com vários formatos de estoques de informação.

Não se sabe ao certo quando surgiu a primeira biblioteca digital, porém sabe-se que suas bases teóricas estão fortemente ligadas à área da computação, esta que criou o termo recuperação da informação. A ideia que se tem hoje é a de que a biblioteca digital é uma expansão da biblioteca tradicional, porém com ferramentas de busca e gestão aplicados na web, o que a torna mais ágil e com a vantagem de diversos usuários acessarem um mesmo documento simultaneamente.

Erroneamente tem-se a ideia de que as ferramentas de buscas utilizadas na internet funcionariam como uma biblioteca, porém estas ferramentas apenas relacionam diversas referências e não atuam com serviços de indexação, resumos e classificação como as bibliotecas.

Um dos problemas enfrentados pelas bibliotecas digitais é quanto à formação da coleção digital em seus diversos suportes físicos. A questão da interoperabilidade é imprescindível em uma coleção digital, para que haja intercâmbio entre as bases de dados de recuperação da informação. Outro problema são os direitos autorais, que em meio digital torna-se mais fácil a cópia e disseminação de documentos sem a devida autorização de seus criadores.

A expectativa que se tem em torno das bibliotecas digitais é a de que as pessoas tenham acesso universal aos documentos únicos e raros, estando em qualquer parte do mundo e, integrando assim, uma rede de informações multilíngues e multiculturais, dirigida a públicos diversificados. Com o avanço das tecnologias da informação, a internet tornou-se nos últimos anos não só uma rede que interliga computadores do mundo inteiro, mas também uma grande rede de troca de informações e geradora de conhecimento.

Bibliotecas digitais

A usabilidade de imagens em bibliotecas digitais possui como base os modelos mental e conceitual. O primeiro refere-se à representação que o usuário possui de determinada tarefa exercida pelo sistema digital, já o segundo é a representação que o designer tem do sistema.

A capacidade que a interface homem-computador oferece para a efetiva recuperação da informação em um determinado contexto é denominada usabilidade. Existem três elementos indispensáveis para se obter êxito na busca da informação, são eles: a exatidão dos dados que o usuário alcança na recuperação da informação, a eficiência, que pode ser entendida como os recursos utilizados para se chegar a um determinado objetivo e a satisfação do usuário, ou seja, o impacto causado em quem efetivamente se utiliza do sistema.

Num período em que os sistemas de automação não eram utilizados na maioria das bibliotecas, os usuários precisavam de alguns conhecimentos para compreender os catálogos e localizar os livros na estante. Contudo, com o avanço tecnológico, foi preciso a adaptação destes usuários ao novos recursos implementados nas bibliotecas, derivados da automatização das funções. Dentre eles podemos citar: saber digitar, manusear o mouse, saber utilizar as diversas interfaces. Segundo Levacov (2000) os usuários necessitam entender como os sistemas de buscam funcionam, a fim de obterem o resultado esperado.

Em pesquisas realizadas para se avaliar a capacidade e a usabilidade de sistemas de recuperação da informação observou-se que muitos deles apresentam diversas deficiências, dificultando assim seu acesso por parte dos usuários. Dentre os problemas encontrados, podemos citar: a interface de pesquisa não leva em conta o processamento das informações, tampouco as habilidades computacionais dos usuários, como o manuseio do mouse e o conhecimento das ferramentas de busca.

Para melhorar o funcionamento e propiciar um resultado mais satisfatório para os usuários de sistemas de recuperação da informação, desenvolvendo sua interface, são recomendados alguns procedimentos que são: o conhecimento prévio dos usuários, o conhecimento da tarefa a ser realizada e o conhecimento do designer, com o foco nos usuários.

Para amenizar as divergências apresentadas entre o modelo mental dos usuários, ou seja, a ideia que este faz de como utilizar o sistema, e as funcionalidades da interface de bibliotecas digitais, um estudo de caso de catálogos públicos em bibliotecas recomendou algumas atividades a serem exercidas, a fim de se obter sucesso na realização das buscas. Para isso, recomenda-se o acesso direto aos documentos, facilidades na recuperação dos dados, sinalização para uma melhor identificação dos dados recuperados, linguagem familiar ao usuário, opções de interação entre usuário e bibliotecário, para resolução de dúvidas, ordenação dos resultados por título, autor, editor, para uma melhor compreensão e correspondência entre ícones e funções oferecidas pelo sistema.

A web 2.0

A proposta de web 2.0 sendo transportada para o universo da biblioteca traz o ideal centrado na intensa participação nos serviços online e interatividade com o usuário. Esta concepção que já vem sendo implementada há algum tempo chama-se biblioteca 2.0, uma menção aos tipos de recursos e serviços utilizados em meio digital, também utilizados na biblioteca enquanto espaço físico.

Segundo Maness, uma biblioteca 2.0 pode ser entendida como a utilização de interação e de tecnologias multimídia baseadas em web no ambiente de coleções e de serviços de biblioteca em web. Em contraposição à ideia de web 1.0, um novo paradigma de uso em bibliotecas, ou seja, a web 2.0 é centrada não somente nas inovações tecnológicas, mas também nos usuários e suas interações com a biblioteca. Com estes novos recursos a biblioteca torna-se um espaço de total interatividade com o seu usuário, proporcionando-lhe a chance de participar de todo o processo evolucionário da biblioteca.

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