Por Simone Candida de O Globo

Mais uma livraria cerra as portas na cidade. Sem conseguir fechar as contas, a Mini Book Store, especializada em livros raros e DVDs, encerrou seus serviços na semana passada. Mas o triste final da lojinha, que funcionava desde 2010 dentro do Museu da República, no Catete, não foi causado apenas pela crise financeira. Segundo a proprietária Lilian Maffei, depois que a direção da instituição fechou um portão da Rua do Catete, devido ao risco de queda da marquise de uma varanda, o movimento de visitantes diminuiu. E as vendas, que já não andavam boas, despencaram de vez.

— Já vínhamos mantendo a livraria com dificuldade, por conta da crise. Mas o que piorou mesmo a situação foi o fechamento do portão. Eu conversei muito e pedi ajuda à direção do museu, que se limitou a tentar paliativos, como a instalação de placas indicando a loja. Mas, depois que o portão fechou, as pessoas não passavam mais pela frente da vitrine. Chegou a um ponto em que precisei fechar para não falir — justificou Lilian.

Ela conta que, diante do novo cenário, pediu uma redução de 50% no valor do aluguel, mas a direção não aprovou.

— Ganhei uma licitação para um contrato de seis anos. Mas, quando me candidatei, havia uma loja com grande fluxo de pessoas. Durante a semana, muita gente que trabalha no Flamengo e no Catete aproveitava o horário de almoço para vir passear no museu. As pessoas entravam por aquele portão da Rua do Catete e passavam em frente à loja. Perdi esses clientes — reclamou ela, que já encaixotou os cerca de 5 mil DVDs e livros que estavam à venda no estabelecimento.

A direção do Museu da República afirma acreditar que a interdição da varanda lateral não foi o maior motivo do fechamento da Mini Book Store, já que os outros estabelecimentos — um cinema e um bistrô — estão funcionando normalmente.

“Inicialmente, (os estabelecimentos) até sentiram o fechamento do portão da Rua do Catete, mas depois tudo se acomodou. Colocou-se aviso com letras maiores no portão. A crise é séria, e talvez a compra de DVDs, que é o forte da permissionária, não seja fundamental neste momento”, disse, por e-mail a diretora do Museu da República, Magaly de Oliveira Cabral, acrescentando que, para atender melhor à livraria, a direção fez alterações nos fluxos de saída do museu e colocou placas com uma indicação do estabelecimento.

A direção do museu informou também que está preparando um edital para contratação da obra de reparo da varanda.

PREVISÃO DE NOVAS LIVRARIAS

No ano passado, a cidade perdeu a Livraria Saraiva do Village Mall, na Barra, e viu a Leonardo da Vinci, no Centro, quase fechar por problemas financeiros. A livraria foi comprada e, depois de alguns meses funcionando num espaço provisório, deve retornar para o antigo endereço, no Edifício Marquês do Herval, ainda este ano.

De acordo com a Associação Estadual de Livrarias do Rio de Janeiro, entre 2014 e 2015, 18 estabelecimentos encerraram as atividades na cidade. E o mercado amargou em 2015 uma retração nas vendas entre 5% e 10%. Este ano, no entanto, houve uma melhora: há previsão de abertura de pelo menos seis livrarias na cidade. Segundo um levantamento da associação, o município tem 200 livrarias, sendo que 60 estão localizadas no Centro. Entre as que resistiram, uma das mais antigas é a Livraria da Federação Espírita Brasileira, na Avenida Passos, no Centro. Ela é especializada em livros da doutrina e foi fundada em 31 de março de 1897.

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