Jannice de Mello Monte-Mór nasceu no dia 23 de julho de 1927, em Osasco, São Paulo, e faleceu em seu aniversário de 78 anos, em 23 de julho de 2005, no Rio de Janeiro. Em 1947, graduou-se no Curso Superior de biblioteconomia da Biblioteca Nacional, sendo uma aluna excelente. Em dois anos do curso, teve aulas com importantes figuras, como Lydia de Queiroz Sambaquy, Cecília Meireles e Rubens Borba Moraes. Também teve notáveis colegas, como Edson Nery da Fonseca e Maria Elvira Meireles Correia Dias.

Em 1960 houve uma grande discussão corporativista, na qual Edson Nery estava envolvido, pois o cargo da direção da Biblioteca Nacional não estava nas mãos de um bibliotecário, mas sim de um escritor, Adonias Filho. Dessa forma, Jannice Monte-Mór tornou-se a primeira bibliotecária a assumir a direção da Biblioteca Nacional (BN), administrando-a de 1971 a 1979.

Jannice não era conhecida no âmbito político, fazendo com que, por muitas vezes, a mídia escrevesse seu nome de forma errada, referisse-se a ela de outra forma ou até mesmo nem a mencionasse. Muitas vezes seu nome foi escrito sem um “n”, já foi chamada de “Djanice Montemor”, “Janice Montemar” e até mesmo “Janine”. Em vez de seu nome, também se referiam a ela como “a direção da Biblioteca”, “professora”, “senhora” (usado muitas vezes), “professora bibliotecária” e “bibliotecária professora”.

Ainda assim, ela logo conseguiu o reconhecimento por grande parte da mídia e para o importante papel que estava desempenhando para a Biblioteca Nacional graças a sua competência. Um de seus feitos foi ter conseguido livrar-se de uma crise que a instituição estava sofrendo desde a Era Vargas. Mesmo com a Ditadura Militar, nunca parou de lutar para que houvesse a preservação e desenvolvimento da Biblioteca Nacional.

A bibliotecária tinha uma grande preocupação com a conservação e preservação do acervo da biblioteca, principalmente porque este se encontrava em condições de verdadeiro desastre e crescia descontroladamente. Assim, foi em busca de recursos para que pudesse cuidar do acervo, os quais conseguiu do Fundo Nacional de Desenvolvimento Econômico, uma empresa privada, sendo supervisionado por professores do Instituto de Biologia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.

Em razão da sua direção, a Biblioteca Nacional reexaminou, perante o novo conceito de bibliotecas nacionais, o seu papel na coletividade a que serve e, principalmente, nos sistemas de informação bibliográfica do país. Muitas metas foram atingidas por Jannice, são elas:

  • Implementação parcial da reforma administrativa da Biblioteca Nacional;
  • Recuperação física e tombamento do edifício sede pelo IPHAN;
  • Efetuação da microfilmagem visando à preservação do acervo, com a instituição do Plano Nacional de Microfilmagem de Periódicos Brasileiros;
  • Desenvolvimento do Formato CALCO (Catalogação Legível por Computador);
  • Inventário do acervo de periódicos da Biblioteca Nacional e processamento por computador do acervo correspondente;
  • Inventário das diversas seções e Divisões de Referência Especializada, realizado pela primeira vez na Biblioteca Nacional, minuciosamente e sistematicamente;
  • Instalação doTelex e do Terminal de computador PRODASEN (ligação direta do sistema do Senado para receber informações de legislação);
  • Estudos preliminares, produzidos por Comissão Técnica, para fundamentar o projeto de um futuro Edifício-Anexo para a Biblioteca Nacional;
  • Implantação do Sistema ISBN (International Standard Books Number);
  • Atualização das publicações periódicas: Anais da Biblioteca Nacional e Boletim Bibliográfico;
  • Designação da Biblioteca Nacional, pela Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos, como biblioteca depositária das fitas magnéticas do Formato MARC II (MachineReadableCataloging);
  • Crescimento das pesquisas sobre restauração e conservação de documentos com a participação de técnicos estrangeiros e nacionais.

Apesar das muitas metas atingidas, também tiveram algumas sem o mesmo sucesso. São elas:

  • Crescimento do espaço físico da Biblioteca Nacional;
  • Lotação do quadro do pessoal técnico e auxiliar;
  • Autonomia administrativa da Biblioteca Nacional;

Além de ter assumido a direção da Biblioteca Nacional, Jannice teve uma carreira profissional muito extensa. Por exemplo: foi bibliotecária do Grupo de Estudo para Integração de Política de Transportes do Ministério dos Transportes; bibliotecária da Fundação Getúlio Vargas; professora assistente de Catalogação e Classificação dos Cursos da Biblioteca Nacional; diretora da Divisão de Bibliotecas e Documentação do Estado de Guanabara.

Jannice Monte-Mór tinha um espírito inovador e visionário, sua gestão foi considerada uma revolução administrativa, sendo notada por sua técnica e seriedade, mesmo que não tenha conseguido atingir todos os seus objetivos. Seus relatórios, os quais eram escritos por ela mesma com muita maestria, são documentos muito significantes, tanto para a Biblioteca Nacional quanto para a história da biblioteconomia, na qual conseguiu deixar a sua marca.

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