A história da biblioteconomia no Brasil teve a participação de diversos intelectuais e nomes de peso como Adelpha Figueiredo, Laura Russo, Rubens Borba de Moraes e Lydia Sambaquy, que se destacaram por sua influência e contribuição para a área. Outros intelectuais possuem sua importância nesta área, além destes citados, mas pouco se conhece de suas trajetórias pessoais e profissionais devido à falta de dados disponibilizados ao público. Aqui abordaremos a trajetória de Heloísa de Almeida Prado, autora da tabela PHA, de sua importância na história da biblioteconomia no Brasil.

Heloísa de Almeida Prado nasceu em Itu em 18 de maio de 1912. No primário, foi aluna de Adelpha Figueiredo, primeira bibliotecária formada no Brasil. Em 1936, integrou a primeira turma do Curso de Biblioteconomia da Prefeitura da Cidade de São Paulo, curso que incluía matérias técnicas, aos moldes da escola americana. Formou-se em biblioteconomia em São Paulo, na Universidade Mackenzie, onde atuou como Diretora da biblioteca “George Alexander”, entre 1944 a 1968 e também lecionou as matérias de Biblioteconomia, Arquivística e Didática na Escola de Comércio. Atuou também como Diretora da Seção Feminina do referido Instituto Mackenzie. Entre 1962 e 1973, foi Professora na FESPSP – Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, onde lecionou disciplinas relacionadas à Organização de Bibliotecas e de arquivos.

Em sua trajetória, inclui-se também sua participação no quadro de sócio- fundadores da atualmente extinta APB – Associação Paulista de Bibliotecários, fundada em 30 de setembro de 1938, por Rubens Borba de Moraes, onde exerceu por várias gestões o cargo de vice-presidente, na diretoria da associação. Esta informação foi dada por Heloísa quando entrevistada pela RBBD – Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação. A bibliotecária conta que se valeu do sobrenome Almeida Prado e sua influência social na época para a aquisição de um imóvel em que se instalaria a sede da APB, na Avenida Ipiranga. Posteriormente, quando já não pertencia mais a Diretoria, foi procurada por um grupo de bibliotecários para que os auxiliasse na mudança da Associação para um lugar maior e mais amplo, foi então, com a ajuda de Zenóbia Pereira da Silva Morais Bastos e Antônio Gabriel (então Presidente da APB), adquiriram um apartamento que estava à venda para fins comerciais na Rua 13 de Maio, onde enfim instalaram a Sede da APB. Atualmente, os bibliotecários paulistas não contam mais com a associação, contando apenas com o atual CRB-8 – Conselho Regional de Biblioteconomia do Estado de São Paulo. Conta também que participou de quase todos os Congressos Nacionais de Biblioteconomia e ministrou muitas aulas em cursos realizados pelas Associações de classes brasileiras.

No CFB – Conselho Federal de Biblioteconomia, Heloisa atuou por duas gestões seguidas. Na primeira gestão, de 1966 a 1969, atuou como Tesoureira, participava ativamente das reuniões ao lado de Laura Russo, na época Presidente do conselho, e Alice C. Guarnieri. Atuou no conselho até sua segunda gestão, de 1969 até 1972, com o então Presidente do conselho Antonio Agenor Briquet de Lemos.

Heloísa também foi autora de livros dos quais são atualmente muito utilizados no ensino da biblioteconomia e seus métodos aplicados em diversas bibliotecas brasileiras, dentre eles o intitulado Como se organiza uma Biblioteca, em 4 edições, sendo a primeira em 1951, que posteriormente foi editado e passou a ser intitulado como Organize sua Biblioteca, com a 1ª edição publicada em 1968. Além destes a autora também escreveu: Organização e Administração de Bibliotecas, em 1979; Manual do Arquivista, 1981; A técnica de arquivar, 1970 e por fim, sua obra mais famosa: Tabela PHA, que teve sua primeira edição publicada em 1964.

A autora registrou em um álbum de fotografias momentos históricos de familiares e locais de suas trajetórias como forma de documentar a memória suas lembranças e sua história, este que contém anotações próprias de Heloísa, foi doado ao Museu Republicano da Universidade de São Paulo, em Itu, no ano de 1993, onde foi exposta a público no período de setembro à dezembro de 2011.  A coleção fotográfica permanece preservada como memória pessoal de um dos nomes mais grandiosos da Biblioteconomia no Brasil.

A principal contribuição de Heloísa de Almeida Prado para a biblioteconomia foi a tabela PHA. A tabela foi criada sobre a base da Tabela de Cutter e cutter-sanborn. A tabela de PHA, que tem as iniciais do nome da autora (PRADO, Heloisa de Almeida) foi desenvolvida com o intuito de amenizar as divergências linguísticas, adaptando a notação para nomes nacionais, unindo a combinação das letras e a distribuição dos números. Sobrenomes autorais como Almeida, Campos, Camargo, Cardoso, Correia, Silva, Sampaio, entre outros, foram incluídos em sua obra, de forma inteligente e eficiente, para auxiliar o ofício dos bibliotecários.

A tabela PHA tornou-se acessível de modo que diversas Unidades de Informação e profissionais da área utilizam de sua técnica para notação e organização, permitindo que além das publicações impressas, veículos oficiais como o SIB – Sistema de Bibliotecas, disponibiliza atualmente um gerador automático de código autoral da tabela PHA, marcando a atemporalidade e usabilidade do estudo desenvolvido por Heloísa. A obra teve sua primeira publicação em 1964, atualmente encontra-se em sua terceira edição, que foi publicada originalmente em 1984.

Heloísa também é conhecida por ser uma das figuras pioneiras na organização de arquivos. Autora dos livros voltados à arquivística, como “Técnica de arquivar” e “Manual do Arquivista”, a autora abordou conceitos técnicos e teóricos que norteiam estudiosos e profissionais da área mesmo nos dias atuais, conceituando acerca da importância documental e da preservação de informações de forma clara e pondo, mais uma vez, sua genialidade e inteligência no papel como forma de contribuir para a Ciência da Informação no país.

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