O segundo dia do I Encontro Internacional de Políticas Públicas: Território Leitor foi marcado pela integração com experiências internacionais de leitura. Na mesa intitulada, “Governo e Sociedade: Planos Nacionais do Livro e da Leitura”, representantes de países como Chile, Colômbia, Paraguai e Uruguai relataram suas peculiaridades e dificuldades para a implantação de suas políticas nacionais do livro e da leitura.

José Castilho, secretário executivo do Plano Nacional do Livro e da Leitura do Brasil abriu a mesa, “Governo e Sociedade”, ressaltando que os quatro países possam expor como seus planos nacionais foram construídos, como estão hoje e quais são suas metas.

O secretário executivo do PNLL apresentou uma linha crítica do plano de leitura brasileiro. Segundo Castilho, de 2006 a 2010 foi o período de construção do PNLL e durante os anos de 2011 a 2013 aconteceu um abandono das políticas de leitura, marcado pela derrocada política e administrativa do PNLL.

Castilho voltou a destacar a necessidade da criação de uma política de estado permanente para área do livro e da leitura. Ele também ressaltou a importância da criação dos Planos Municipais do Livro e da Leitura. “Sabemos que para implantar os planos nos estados e municípios temos que batalhar. Cada um que der seu passo em prol da criação do seu plano municipal está construindo uma força a mais em prol da leitura no nosso país”, destacou.

Marta Ascano, coordenadora do Plano Nacional de Leitura do Uruguai ressaltou o objetivo de criar uma política de leitura de caráter permanente, mas no Uruguai ainda não foi possível criar uma política de estado para área da leitura.

Ascano apontou que o Plano Nacional de Leitura do Uruguai possui quatro linhas de ação: formação, distribuição de acervos, divulgação e sensibilização e tecnologias da comunicação. Confira um trecho da apresentação de Marta Ascano na TV Biblioo.

Álvaro Soffia Serrano do Sistema Nacional de Bibliotecas do Chile destacou que a ditadura militar chilena defasou as políticas do livro e da leitura.  Devido a isso somente a partir de 1993 começou a criação de políticas para área do livro e leitura no seu país.

Serrano apontou que o plano nacional da leitura tem como um dos objetivos principais a formação de cidadãos leitores, críticos e participativos. O plano nacional de leitura chileno se foca em quatro eixos: articulação, território, inclusão e participação e acompanhamento e avaliação. Assista um trecho da fala de Álvaro Serrano na TV Biblioo

Patrícia Niño Rodríguez, representante do Plano Nacional de Leitura e Escrita da Colômbia apresentou um vídeo com as ações de leitura que estão sendo desenvolvidas em seu país.

Rodríguez destacou que o objetivo geral do Plano Nacional de Leitura colombiano é o de promover o desenvolvimento de competências comunicativas das crianças, adolescentes e jovens procurando melhorar os níveis de leitura e escrita.  Para assistir a um trecho da apresentação de Patrícia Rodríguez acesse a TV Biblioo.

Maria Isabel Roa, representante do Plano Nacional de Leitura do Paraguai apontou que o plano de leitura paraguaio tem um enfoque voltado para a Educação. “O objetivo do plano é fortalecer o papel da leitura e do sistema educacional em espaços alternativos”, destacou Roa. Para conferir uma parte da apresentação de Maria Isabel acesse a TV Biblioo.

Práticas de promoção de leitura

A segunda mesa do dia, “Práticas de promoção de leitura”, contou com o relato de iniciativas que promovem à leitura. Mediada por Bel Santos Mayer esta mesa contou com a participação de Rodrigo Ciríaco, poeta, historiador e idealizador do Sarau dos Mesquiteiros em São Paulo; Maria das Graças Monteiro Castro, professora da Escola de Biblioteconomia da Universidade Federal de Goiás (UFG) e Joseph Bregeiro criador do aplicativo Widbook.

Rodrigo Ciríaco integra do movimento de Saraus da Poesia das periferias de São Paulo. O poeta manifestou sua insatisfação em relação atual política do livro e da leitura no Brasil. “O ministério da cultura deixa muito a desejar no que se refere a políticas do livro, leitura, literatura e bibliotecas”, ressaltou Rodrigo.

Ciríaco também fez críticas às declarações realizadas pelo Ministro da Cultura, Juca Ferreira, na mesa de abertura do Território Leitor. “Demonstro aqui a minha insatisfação em relação à fala do ministro Juca Ferreira. Ele é uma pessoa que fala bonito, precisamos de falas bonitas na poesia, na Cultura precisamos de práticas. Demonstre isso efetivamente, multiplique por 20 o orçamento da Diretoria do Livro, Leitura, Literatura e Biblioteca”, criticou o poeta.

Maria das Graças Monteiro comentou a respeito de sua atuação e atividades desenvolvidas no Laboratório de Livro, Leitura, Literatura e Biblioteca (Libris) da Escola de Biblioteconomia da UFG.

A professora destacou a urgência e necessidade de se institucionalizar o PNLL como uma política pública. Criticou a conjuntura atual em que os equipamentos sociais como escolas e bibliotecas estão sendo fechadas. Confira entrevista exclusiva que a professora Maria das Graças concedeu à Revista Biblioo.

Por fim, José Bregeiro falou a respeito do desenvolvimento e criação do aplicativo Widbook, popularmente conhecido como o Youtube dos livros, foi lançado em 2012 e atualmente conta com livros de mais de 100 idiomas.

Economia da Edição Contemporânea

A parte da tarde do Território Leitor foi iniciada com a mesa, “Economia da Edição Contemporânea”, contou com a mediação de Volnei Canônica e com a participação de André Palme do Ofielcarteiro de São Paulo e de Mansur Bassit da Câmara Brasileira do Livro de São Paulo.

Nesta mesa foram levantadas diversas questões dentre elas, o livro digital, o fechamento de livrarias; impostos sobre os livros, perfil dos leitores, entre outros. Os palestrantes Mansur e Palme relataram suas experiências no mercado editorial e na área da leitura e do livro.

Bibliotecas e Inovações

A última mesa de debates do dia intitulada, “Bibliotecas e Inovações”, mediada por Pilar Pacheco e formada por Kari Lamsa, Biblioteca de Helsinki; Sandra Suescún Barrera da Rede Nacional de Bibliotecas da Colômbia e Elisa Delfini Correa, professora da Universidade do Estado de Santa Catarina.

Kari Lamsa apresentou as iniciativas e atividades da Biblioteca de Helsinki, na Finlândia. De acordo com Lamsa, a biblioteca recebe em torno de dois mil leitores por dia, tem uma quantidade de 500 empréstimos por dia e 75% das pessoas que não utilizam materiais impressos recorrem às ferramentas digitais.

Sandra Barrera apresentou as ações da política de leitura nas bibliotecas públicas colombianas. Segundo Barrera, atualmente a Colômbia conta com 1416 bibliotecas públicas; 1239 bibliotecas municipais; 134 bibliotecas rurais e 11 bibliotecas indígenas.

Além desse quantitativo, Sandra, também destacou que 99% dos municípios colombianos contam com bibliotecas; 58% das bibliotecas compartilham suas redes com outras entidades; 91% das bibliotecas contam com computadores com acesso público e 88% das bibliotecas tem conexão com a internet.

Elisa Delfini abordou em sua apresentação reflexões sobre a inovação e as bibliotecas públicas. Destacou a importância de criar iniciativas inovadoras nas bibliotecas públicas. Segundo ela,a inovação não é algo que se pode fazer somente se tiver recursos.

Finalizando o segundo dia da programação do I Encontro Internacional de Políticas Públicas: Território Leitor, o Sarau dos Mesquiteiros, grupo de jovens que integram o movimento de Saraus na periferia de São Paulo, levou poesia aos participantes.

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Confira as fotos de hoje:

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