Edson foi um gladiador de ideias, um realizador de sonhos. Sua presença na biblioteconomia brasileira se fez sentir durante mais de cinco décadas. Na formação de profissionais, no empenho em prol da modernização das bibliotecas, na divulgação de novas ideias e conceitos, na crítica pertinente e aguçada à incompetência e à acomodação intelectual, na constante repulsa ao apequenamento das funções do bibliotecário, na indignação em face da incúria de administrações e governos com a situação das nossas bibliotecas, foram inúmeros os terrenos em que Edson Nery da Fonseca nos deixou um legado a ser respeitado, cultivado e ampliado.

Aos vinte anos, quando um de seus objetivos era seguir o caminho dos estudos literários, ouviu de Álvaro Lins o comentário de que “os homens da sua idade devem procurar uma missão de renovadores”. O grande ensaísta e conterrâneo advertia que os jovens “não se devem petrificar à sombra dos nomes consagrados ou das instituições acadêmicas”. E concluiu dizendo-lhe que cada geração “tem obrigação de trazer alguma coisa de novo para a vida literária, cada escritor, por sua vez, está obrigado a uma contribuição pessoal para o espírito da sua geração”.

Edson seguiu à risca, na biblioteconomia, o conselho de Álvaro Lins. Ele, sem dúvida alguma, nos deixou uma contribuição que extrapolou a sua geração e certamente estará presente ainda por muito tempo. Foi um renovador, uma mente inquieta e favorável às mudanças, um profissional sempre disposto a incorporar à prática avanços e melhoramentos, sem perder a indispensável visão crítica da adequação dos meios aos fins. Na organização de bibliotecas, das públicas às universitárias, no ensino e na pesquisa, nos estudos bibliográficos, no ensaísmo e mesmo na arte de declamar, Edson Nery da Fonseca sempre fez valer sua dedicação e sua competência. Um exemplo para todos nós.

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