Por Renan França de O Globo

A chuva que castigou a cidade, na última sexta-feira, não provocou estragos apenas nas ruas e avenidas do Rio. A Biblioteca Nacional, no Centro, ficou alagada depois que um cano no teto se desconectou de outro, por volta das 20h, no momento em que chovia forte na região. Dos cinco andares do prédio, o último foi o mais atingido. Além da água acumulada no chão, muitos móveis e computadores ficaram encharcados. O segundo andar, que dá acesso direto ao público pela Avenida Rio Branco, também ficou bastante alagado. Todo acervo de livros e documentos, segundo a diretora-executiva interina da Biblioteca Nacional, Ângela Fatorelli, foram preservados.

— O prédio passa por obras, e a chuva forte acabou atingindo o teto que está em fase final de recuperação. Por enquanto, sabemos que houve danos em alguns computadores do quinto andar. Como desligamos a energia do prédio, depois do incidente, não sabemos se houve mais equipamentos eletrônicos danificados. O importante é que o acervo não foi atingido — diz Ângela.

No momento da chuva não havia mais visitantes no prédio. Uma equipe de reparo e manutenção foi chamada às pressas para tentar controlar a situação ainda durante à noite. De acordo com informações da direção, funcionários secaram todo o prédio e, no sábado, mesmo com mais uma chuva forte, não houve nenhum incidente. Hoje, haverá uma avaliação das condições do edifício, e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) será notificado sobre o que ocorreu. O local estará aberto ao público, e as atividades vão ocorrer normalmente.

Na página do Facebook da Associação dos Servidores da Biblioteca Nacional (ASBN), há fotos e vídeos que captaram o momento em que a chuva atingiu o interior do prédio. Uma das mensagens postadas revela que, desde 2012, integrantes do grupo vinham alertando sobre diversas ocorrências, tanto na parte interna, quanto externa do prédio. Além de vazamentos, há elevadores precários, sistema elétrico inadequado e equipamentos de ar condicionado obsoletos. A reportagem tentou contato com a presidente da ASBN, Luciana Muniz, mas ela não retornou as ligações.

Para o presidente do grupo SOS Patrimônio, Claudio Mello, uma instituição como a Biblioteca Nacional carece de mais atenção do governo.

— Estamos falando sobre o patrimônio de uma das coleções de livros mais importantes do mundo. O país passa por uma crise, mas precisa cuidar bem de todo o seu passado.

Comentários

Comentários