RIO – Circula pela internet uma lista das 10 bibliotecas mais belas do mundo.  A equipe da Revista Biblioo se propôs a fazer uma lista um pouco mais curta e sem o apelo estético encantador das mais belas bibliotecas do mundo, mas trazendo outro critério que definitivamente merece atenção: as três bibliotecas que mais receberam investimento no Brasil. Num país onde as bibliotecas não recebem nem a atenção nem as verbas que necessitam, vamos analisar os casos das três bibliotecas que mais se aproximaram do ideal.

Esses três casos que destacamos aqui são de bibliotecas localizadas nas duas maiores metrópoles brasileiras, Rio de Janeiro e São Paulo.

1 – Pública do Estado do Rio de Janeiro (BPERJ)

A Biblioteca Pública do Estado do Rio de Janeiro (BPERJ) está fechada para obras desde o ano de 2008. Para modernização desse espaço, o Ministério da Cultura (Minc), através da Fundação Biblioteca Nacional (FBN), está liberando R$ 7,5 milhões do Governo Federal, que serão complementados pela Secretaria Estadual de Cultura, podendo atingir o valor total de R$ 20 milhões.

Em entrevista à Biblioo, Vera Saboya, Superintendente da Leitura e do Conhecimento da Secretaria de Cultura do Estado do Rio de Janeiro, nos conta algumas das modificações que estão sendo realizadas na biblioteca: “A Biblioteca Pública do Estado fica pronta agora em dezembro de 2012, toda modernizada, com mobiliário novo e novas funções, também: auditório, teatro, restaurante, cafeteria, laboratório de audiovisual, laboratório de gravação de música, por exemplo. As ações dela serão muito expandidas.”

As melhorias não acabam ai, a equipe da biblioteca também ganhará reforço para poder administrar todas essas novas funcionalidades, podendo chegar até 120 funcionários de várias áreas.

Embora, todas essas mudanças sejam um grande avanço, ainda não existe um projeto para aproximar leitores. A modernização é certamente um grande atrativo para a população, mas além de apenas colocar pessoas dentro da biblioteca é preciso formar leitores. Depois de cinco anos fechada, é preciso que a “biblioteca nova” reabra para o público com uma nova mentalidade de atendimento ao usuário e incentivo a leitura.

2 – Biblioteca Pública de Niterói (BPN)

O segundo exemplo também está situado no Estado do Rio de Janeiro, mais precisamente na Praça da República da cidade de Niterói. Depois de quase três anos fechada para reformas, a Biblioteca Publica de Niterói foi reinaugurada em julho do ano passado. O prédio original data de 1935 e foi tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (INEPAC), atualmente é considerado um marco da arquitetura fluminense.

 A estimativa dos gastos com a reforma de acordo com o Governo do Estado chegou a R$ 2,2 milhões na reforma de estrutura do prédio da biblioteca, R$ 800 mil com mobiliário e equipamentos e R$ 1 milhão para aquisição de novos livros e restauração das obras raras.

Atualmente a Biblioteca Pública de Niterói conta com um acervo em torno de 70 mil obras. E em relação à equipe “que tinha um grupo de 12 pessoas trabalhando, hoje tem28”conta Vera Saboya.

De acordo com Glória Blauth, diretora da Biblioteca Pública de Niterói, é a primeira vez em trinta anos de sua atuação na BPN que a biblioteca é contemplada com “investimentos de tal maneira e muito bem aplicados.”

3 – Biblioteca de São Paulo (BSP)

Desde fevereiro de 2012, onde anteriormente eram as instalações da Casa de Detenção Carandiru, funciona agora a Biblioteca de São Paulo. Para tirar o projeto do papel e colocá-lo em funcionamento foram necessário aproximadamente R$ 12,5 milhões em investimentos.

Além da grande obra que a biblioteca precisou para se por de pé, os recursos financeiros também foram utilizados para a aquisição de um acervo de 30 mil livros, CDs e DVDs e para a montagem de um espaço baseado nos conceitos da acessibilidade aplicados ao mobiliário, aos equipamentos e inclusive composição do acervo, que consta também de audiobooks.

Uma grande parte de seu espaço oferece atrativos aos mais jovens: poltronas e pufes coloridos, estantes baixas e até a disposição dos livros, discos e filmes que expostos juntos diretamente ao público. Outra preocupação foi a de estar preparada para atender as demandas tecnológicas: dispõe de cem computadores com acesso gratuito à Internet, jogos eletrônicos e um e-reader.

Mais investimentos

É a primeira vez na história desse país que investimentos maciços são destinados as Bibliotecas Públicas e a Cultura.

De acordo com Vera Saboya, os investimentos ainda estão acontecendo e serão ampliados além da reabertura da BPERJ, o programa ainda prevê a abertura da Biblioteca Parque da Rocinha “a Biblioteca Parque do Alemão e de outras bibliotecas no interior do estado, como por exemplo, em Paraty e em Paracambi.”

A criação de políticas públicas para bibliotecas é fundamental para garantia de funcionamento e manutenção desses espaços, sabemos que a realidade das bibliotecas públicas brasileira ainda não corresponde a uma condição ideal. O primeiro Censo Nacional de Bibliotecas Públicas Municipais revelou dados alarmantes, a realidade aponta que precisamos de melhorias.

Não se pode negar a importância desses investimentos nos exemplos citados, mas essas políticas precisam ser expandidas também para os municípios e estados mais carentes que em alguns casos se quer existe uma biblioteca. Para que isso aconteça é fundamental uma atuação mais cuidadosa dos governantes, além da participação ativa da sociedade e principalmente dos bibliotecários.

Clique aqui para ler integralmente a entrevista de Glória Blauth que compôs essa reportagem.

Clique aqui para ler integralmente a entrevista de Vera Saboya que compôs essa reportagem.

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