Enquanto a tecnologia caminha cada vez mais acelerada e as formas de acesso à informação se tornam um pouco mais acessíveis e democráticas, a profissão do bibliotecário ganha novas discussões acerca de sua atuação, perda de espaço e novas funções.
É fato que as bibliotecas têm se reconfigurado com o passar dos tempos, mas não é algo tão recente assim. Desde séculos as bibliotecas ganham novas configurações, seja nas mudanças dos suportes utilizados para registro do conhecimento ou nas diversas atribuições do profissional da informação, como também na função da biblioteca em si de armazenadora de informações e até mais recente na sua função como espaço de exercício cultural e não mais exclusiva de acesso a informações.
Com a evolução da tecnologia digital e a sua constante inserção no espaço das bibliotecas, algumas discussões têm ganhado ampla proporção. Alguns defendem o fim próximo das bibliotecas; outros afirmam que elas já não existem mais e que caminhamos sobre um cemitério de livros em papel. O fato é que as bibliotecas existem! E mais que isso: elas funcionam! O que não existe mais são as funcionalidades restritas ao armazenamento e recuperação de informações.
Com o passar do tempo às bibliotecas receberam novas e amplas demandas, o que naturalmente acarretou (e acarreta) em novas funções aos bibliotecários. Problemas de acesso às informações foram sendo supridas por tecnologias digitais, e mais precisamente de acesso rápido e remoto. E isso não sinaliza o fim das bibliotecas, tampouco o fim da profissão do bibliotecário, mas sim algumas novas atribuições que estes profissionais têm de ser resilientes.
Por ser a profissão naturalmente tecnicista, a Biblioteconomia nunca deixou de questionar o seu papel efetivo e mais recentemente nas últimas décadas pela grande expansão informacional tecnológica a busca pelas informações em bibliotecas tem sido menos expressiva. E isso é um indicativo importante quando analisadas as multifunções que as bibliotecas exercem.
Atualmente, além de serem locais de armazenamento e disseminação de informações, as bibliotecas também funcionam como espaços de lazer, encontros para reuniões, atividades profissionais, locais de exercício cultural, exposições, ou até mesmo para alguns, apenas local onde se acessar wi-fi livre. Algumas bibliotecas vão além dessas funções e possuem hortas, salas de atividades artísticas e espaços musicais, que é o caso de algumas bibliotecas comunitárias.
A partir disso, é bem evidente que as bibliotecas não estão se findando, nem se reduzindo as atividades informacionais. Na verdade as bibliotecas têm ganhado novas funções, novos formatos, novos desafios e problemas a serem gerenciados com a maturidade que a profissão de bibliotecário exige. Contudo é inegável que a questão “tecnologia digital” ainda perturba bastante os profissionais da informação, mas o caminho não pode ser outro: resiliência é a palavra de ordem.
Não se pode esperar a existência de atividades tecnicistas, como a catalogação em fichas de papel, quando programas de computador executam a mesma ação de forma mais eficaz e em um grau de compartilhamento remoto imensamente mais abrangente.
Cabe ao profissional bibliotecário compreender que essas mudanças já estão ocorrendo, e em uma velocidade indizível. Aquele que não conseguir enxergar a biblioteca como um espaço complexo, educativo, cultural e digital ficará para trás, será ultrapassado. A biblioteca com suas novas funções exige visão, exige ação, exige comunicação com outras áreas.
As discussões acerca de todos os aspectos da biblioteca existirão continuamente, mas enquanto isso a biblioteca existe e funciona muito bem por sinal.