No artigo, a competência crítica em informação como resistência: uma análise sobre o uso da informação na atualidade os autores Brisola e Romero afirmam que a internet juntamente com os meios de comunicação são responsáveis por grandes impactos no qual a velocidade das informações e notícias transitam pelas redes, sites, jornais e aplicativos de mensagens, trazendo com ela uma explosão informacional em que a informação se prolifera e circula em uma quantidade e velocidade vultosas. Consequentemente, a necessidade da informação e a urgência em noticiar um fato de primeira mão, tem levado as mídias, especialmente as digitais em que podemos chamar de “Crise Informacional” resultando em questionamentos sobre a verdade e a perda de controle do que está sendo produzido.

Sabemos que a informação é poder, evidencia assim a importância de verificar suas fontes para confirmar sua veracidade tomando cuidado para que isso não se torne prejudicial levando em conta a rapidez em que as novas tecnologias são inseridas na sociedade em busca dela. Outro ponto, fator considerável para o crescimento das Fake News é a desinformação, visto que a disseminação de informações falsas ou enganosas pode gerar uma propagação alcançando milhões de pessoas ao redor do mundo.

De acordo com o estudo da IPSOS , realizado com mais de 19.000 pessoas em 27 países, no Brasil 62% dos entrevistados admitiram terem acreditado em alguma notícia falsa, contra a Arábia Saudita (58%), Coreia do Sul (58%), Peru (57%), Espanha (57%) e Itália (29%), conforme apontamento da pesquisa a população brasileira são as que mais acreditam em Fake News do mundo. Essa pesquisa foi realizada entre junho e julho 2018 e mostrou que 58% do total dos entrevistados se sente capazes de identificar as notícias falsas.

Nas últimas eleições brasileiras, as Fakes News foi um tema que entrou em destaque e bastante discutido devido à alta disseminação na época, utilizando-se do aplicativo WhatsApp para propagar notícias falsas sobre os candidatos, seu histórico e apontamentos de índices de pesquisas que fizeram uma boa parte da população tomar como verdade e compartilha-las entre seus conhecidos, como trata-se de uma rede privada torna mais difícil e complexo o acesso das autoridades para consulta e investigações

E justamente por essa rapidez e facilidade em receber uma informação e muitas vezes ler somente as primeiras linhas e assim compartilhá-las, temos uma sociedade desinformada, motivada muitas vezes pelo imediatismo tendo como justificativa a “falta de tempo” em que não é possível verificar as fontes antes de transmitir a outra pessoa, dando margem para que notícias falsas se espalhem.

Trazendo recorte especificamente nos tempos de pandemia, momento repleto de crises e incertezas gerando uma enorme ansiedade,  as pessoas buscaram informações de como vírus era disseminado, quais eram as formas  de se proteger, o que se podia esperar da ciência e para futuro, as redes sociais no Brasil são as fontes mais procuradas pela população e conforme dito pelo acadêmico Virgilio Almeida (2020) “que há por trás dessas plataformas é uma grande quantidade de dados que podem conter informações confiáveis ou enganosas, gerenciadas por um complexo sistema de algoritmos e robôs, com um potencial de gerar grande quantidade de desinformação pela utilização mal intencionada.”

Como as pessoas ficaram muito assustadas e havia pouco conhecimento sobre o assunto tornou-se um ambiente muito propicio para a circulação das fakes news, em que tivemos um momento de guerra entre informação x desinformação nas redes sociais geradas pelos questionamentos à ciência, por exemplo a discussão sobre a eficácia do isolamento social contra a propagação do novo coronavírus, a obrigatoriedade do uso de máscaras e entre outros, surgindo o termo “Infodemia”, que seria a disseminação crescente da desinformação. Dito isso, tornou-se possível as dúvidas geradas diante das vacinas que estavam sendo produzidas, teorias da conspiração com diversas crenças absurdas, em que a ciência juntamente dos seus pesquisadores além da lutar para conseguir produzir vacinas eficazes onde tudo era desconhecido e precisavam finalizar o mais rápido possível por causa de como o Coronavírus se propaga, precisaram também divulgar conhecimento sobre o assunto para a população afim de evitar essas informações infundadas.

Explica, Bernardo Esteves (2020) “A eclosão dessa pandemia está motivando que setores da sociedade que estavam alinhados com a desinformação voltem a procurar informação de qualidade, devolvendo a confiança da população aos profissionais que trabalham na busca da verdade, como os cientistas, pesquisadores e jornalistas” , portanto está nas mãos de cada indivíduo a responsabilidade social de verificar as informações antes do simples ato de compartilharmos em nossas redes sociais sejam elas públicas ou privadas fazendo disso um combate contra as notícias falsas .

 

Referências:

BRISOLA, A. C.; ROMEIRO, N. L. A competência crítica em informação como resistência: uma análise sobre o uso da informação na atualidade. Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação, São Paulo, Online First, 20 p., jan. 2018.Disponível em: https://rbbd.febab.org.br/rbbd/article/view/1054

ALMEIDA, Virgílio.; RIOS, Eduardo. O mundo a partir do coronavírus: Pandemia e desinformação. Academia Brasileira de Ciências (ABC), Rio de Janeiro, RJ. Disponível em: http://www.abc.org.br/2020/06/15/o-mundo-a-partir-do-coronavirus-pandemia-e-desinformacao/

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