Essa é a história de Tomoe Gozen, uma autêntica integrante das Onna Bugeishas, as mulheres samurais. Tomoe era uma mulher inteligente, ativa, bonita por dentro e por fora. Tinha habilidades com a espada e com os livros. Líder nata, lutava muito bem no campo de batalha e seus feitos eram impossíveis de serem ignorados. A bela samurai cegava de ódio os inimigos e fazia os aliados se curvarem diante de tanta bravura e sagacidade.

Tomoe manejava muito bem o arco e flecha e sabia utilizar como ninguém uma katana. Outra qualidade sua estava reservada ao campo político, com argumentos, estratégias e posicionamentos que quase nunca erravam. Conta a lenda que, montada em seu belíssimo cavalo de pelo negro chamado de Katsuo, a samurai chegou a liderar um exército contra mais de dois mil guerreiros. Foi uma das cinco sobreviventes da sangrenta batalha.

Certo dia, Tomoe Gozen estava caminhando pelos campos de arroz e, pouco depois, entrou no meio de uma floresta. Havia muitos galhos retorcidos, árvores tristes e um silêncio mortal. Sem qualquer assombro, Tomoe continuou seu percurso até esbarrar com um pequeno pássaro. Era o primeiro que ela conseguia localizar naquela floresta obscura. Observando a bela guerreira se aproximar, o rouxinol cantou:

Na neve ou no sol ardente

Sua coragem e bravura estarão sempre presentes

Na luz do dia ou na incerteza da noite

O medo não será a sua luz reluzente

Encantanda, Tomoe agradeceu ao passarinho e perguntou o que ela tinha feito para merecer uma canção tão bela. O rouxinol bateu rapidamente as asas e uma lufada de vento se formou entre eles. Dentro da pequena tempestade, Tomoe Gozen viu outras mulheres. Elas usavam roupas diferentes, tinham aparências diferentes e falavam línguas igualmente diferentes. As imagens pareciam circular por entre os séculos.

A samurai ficou encantada. Quando o rouxinol terminou a sua revelação, ele disse:

– Seu pioneirismo e sua bravura alcançaram várias mulheres ao redor do mundo. Inspiradas em você, elas farão da existência na Terra um lugar melhor.

Tomoe Gozen, a grande samurai, ajoelhou-se diante do pequeno passarinho. Naquele momento, ela reconheceu naquele ser um aspecto do divino.

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