Não há notícia de quem teve a ideia, mas o fato é que quem pensou o Barcamp – rede internacional formada em torno de um modelo de conferência, geralmente referenciado com desconferência – dificilmente imaginava que o evento pudesse assumir tanta utilidade. Originalmente pensado como um sistema de colaboração entre pessoas que compartilhavam do mesmo interesse, o Barcamp assume hoje diversas derivações, como por exemplo, os chamados Blogcamps, desconferências voltadas especificamente para bloggers. Mais recentemente o Barcamp se viu apoderado pela inventividade biblioteconômica e assumiu a forma de Bibliocamp.

A ideia surgiu quando o modelo tradicional de conferência começou a ser questionado pelos bibliotecários que participaram do último Congresso Brasileiro de Biblioteconomia e Documentação (CBBD) realizado em agosto na cidade de Maceió, Alagoas. Moreno Barros, idealizador do evento, amadureceu a ideia e a Biblioteca Parque de Manguinhos, no Rio de Janeiro, recebeu, no dia 10 de dezembro, a primeira atividade desse tipo.

O Bibliocamp não é um evento aberto a todos os interessados como costuma acontecer com os congressos e seminários, mas um espaço para um público “seleto”, nas palavras do idealizador. Moreno explica que foram convidadas pessoas que desenvolvem algum tipo de projeto, seja na área de leitura, novas tecnologias ou até mesmo consultoria e que estão fazendo a diferença em suas áreas.  “A gente simplesmente resolveu fazer uma coisa mais intimista. De repente escolhendo um espaço mais restrito, menor, com pessoas também bastante especificas”, ressalta Moreno.

O que rolou

É difícil destacar o que de melhor aconteceu no evento, mas certamente algumas apresentações chamaram a atenção. Dentre elas destacamos a apresentação da bibliotecária amazonense Soraia Magalhães que edita o blog Caçadores de Bibliotecas. Soraia assumiu para si a missão de encontrar bibliotecas, museus e arquivos pelo país afora e até mesmo no exterior, fotografá-los e compartilhar em seu blog. Na página do Caçadores é possível encontrar belas imagens de bibliotecas, como da Biblioteca Pública de Niterói no Rio e do Museu de Sitio Teotihuacan na Cidade do México.

Outra apresentação que se destacou foi da bibliotecária Andrea Gonçalves que por sete anos trabalhou na ONU (Organização da Nações Unidas em Nova York). A bibliotecária falou, entre outras coisas sobre a preparação necessária para, não só o bibliotecário, mas outros profissionais pleitearem uma vaga no organismo internacional mais importante do mundo, além das formas de acesso (Leia a entrevista).

Figura emblemática entre pesquisadores, o professor aposentado da Universidade Federal do Rio de Janeiro Geraldo Prado falou sobre a maior biblioteca comunitária do mundo localizada no povoado de São José do Paiaiá, no Municipio de Nova Soure, BA, a qual foi fundada por ele. O acervo possui aproximadamente 62 mil livros, além de CDs, DVDs, entre outros. Prado contou que tinha cerca de 30 mil livros, que nem cabiam em seu apartamento. Ele tentou vendê-los em sebos, mas estes pagavam muito mal. Em seguida ele tentou doar os livros à UFRJ, mas não aceitaram. Foi ai que ele resolveu leva-los para a Bahia, sua terra natal, e montar a biblioteca.

A avaliação

Sobre a avaliação da atividade, Moreno se mostrou bastante satisfeito, pois, segundo ele, o evento superou todas as expectativas. “Acho que nunca a intenção foi ter um evento diferente que competisse com os outros. Era mais um encontro de amigos mesmo e os amigos todos apareceram. Então foi ótimo”, ressalta. Perguntado sobre a possível realização do segundo Bibliocamp, Moreno afirmou não tem intenção de organizar, mas passou a tarefa a outros interessados. A bibliotecária Andréa Gonçalves destaca que falta um espaço para conversar, para trocar ideias, para trocar experiências e que não seja um congresso formal, “que não seja um lugar que você vai apresentar sua palestra depois tem as perguntas, as repostas…”. “O Bibliocamp é fantástico. Eu adorei. Desde o primeiro momento que o Moreno convidou e falou da ideia”, ressalta ela. Se depender da avaliação dos participantes, certamente o Bibliocamp entrará para o calendário anual da biblioteconomia.

Clique aqui para ler integralmente a entrevista de Andrea  Gonçalves que compôs essa reportagem.

Clique aqui para ler integralmente a entrevista de Moreno Barros  que compôs essa reportagem.

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