Mesmo com dezenas de milhares de adesões nas redes socais, o ato marcado para hoje (3) na Quinta da Boa Vista, onde fica o Museu Nacional, destruído por um grande incêndio neste domingo (2), parece não ter suscitado a atenção necessária das autoridades. O resultado foi um intenso tumulto, depois que, como já é de hábito, a Guarda Municipal agiu com truculência e espancou estudantes e servidores que desejavam acessar o local.
A Guarda fechou os acessos à Quinta sob a alegação da segurança do patrimônio e das pessoas. No início da manhã apenas servidores da UFRJ, a quem o Museu está subordinado, podiam acessar o parque. Mas à medida em que a pressão aumentava, estudantes e outras pessoas tiveram o acesso liberado. Em pouco tempo, centenas de manifestantes já estavam próximos ao prédio destruído.
No portão lateral, no entanto, centenas de pessoas se acumulavam sem que a Guarda liberasse o acesso. Os manifestantes faziam pressão e pediam que a entrada fosse desobstruída, mas os guardas reprimiram de forma violenta usando exprei de pimenta e até bombas de gás lacrimogênio. Um mulher passou mal e teve de ser retirada de ambulância.
O que eu vi ali, hoje, não foi só descaso e desprezo pela cultura nacional. Mas foi também um total despreparo, uma incapacidade de lidar com pessoas, a violência barata de quem deveria nos proteger. Seria demais pedir que a Guarda Municipal cuidasse dos nossos jovens? Parece eu sim.
Quando enfim os portões foram abertos, os manifestantes fizeram um abraço simbólico ao Museu. Formou-se uma espécie de marcha fúnebre. Em silêncio, todos se deram as mãos e circundaram o prédio, num clima de comoção coletiva. Todos observavam estarrecidos o que sobrou da construção. Muitos choravam. Veja as imagens abaixo:
A vista dos fundos do Museu Nacional deixa bem claro o tamenho do estrago. Foto: Chico de Paula / Agência Biblioo