Em entrevista concedida a Rede Brasil Atual no último dia 24, o deputado federal pelo PSOL do Rio, Jean Wyllys, destacou que não há gestão da cultura no governo Temer. Para o parlamentar, o presidente não tem qualquer compromisso no campo da Cultura, nem com os assuntos próprios do ministério, como a gestão, o fomento das artes e espetáculos e o financiamento.
Wyllys destacou as idas e vindas do governo no que se refere à Cultura. “Primeiro, a decisão dele de acabar com o ministério da Cultura. Depois volta atrás da decisão porque os artistas, produtores culturais e trabalhadores da cultura no país inteiro se organizam e fazem ocupações dos equipamentos de cultura, sobretudo das Funartes. Depois de um périplo por pessoas famosas como Marilia Gabriela, Daniela Mercury, que negaram, ele achou o Marcelo Calero disposto a cumprir esse papel”, lembrou.
O deputado recordou o episódio envolvendo o ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero, que deixou o governo acusando Temer de favorecer o também ex-ministro, Geddel Vieira Lima, num caso de tráfico de influências. “[Marcelo Calero] pelo menos teve uma atitude honesta ao sair do ministério se dizendo pressionado pelos interesses do PMDB no subterrâneo da República”, destacou Wyllys.
“Depois cabe o ministério ao PPS, da tríade dos partidos golpistas, que são o PMDB, o PSDB e o PPS, os principais partidos que deram o golpe da presidenta Dilma e sustentam esse governo, fora os partidecos de aluguel que compõem a base rachada do governo na Câmara e no Senado, PR, PP e que tais. O Roberto Freire não tem qualquer intimidade com o campo da cultura, e na primeira grande denúncia, fingindo-se surpreso com essas denúncias contra Michel Temer, como se já não soubesse, ele sai”, relembra.
Como foi destacado recentemente pela Biblioo em editorial, as políticas para as áreas de livro, leitura e bibliotecas seriam prioridades na gestão de Freire à frente do Ministério da Cultura (MinC) – conforme afirmavam alguns de seus apoiadores – algo que se pudesse ser confirmado (só o tempo iria dizer), acabou por frustrar-se após sua saída “prematura” da pasta.
Conforme destacamos à época, mesmo apontando como prioridades as áreas de livro, leitura e bibliotecas, Freire não fez avançar em quase nada estes setores. Na verdade o ex-ministro acumulou mais imbróglios (incluindo uma com os servidores da Fundação Biblioteca Nacional e outra com o escritor Raduan Nassar), do que realizações.
Voltando ao histórico da Cultura no governo Temer, Jean Wyllys relembrou o caso recente em que o ministro interino, João Batista de Andrade, deixou o cargo que já era (e ainda é) ambicionado por aliados de Temer, num verdadeiro jogo de trocas políticas. “O Batista (de Andrade) entra, não dá tempo de esquentar a cadeira e o ministério está sem ninguém. Diante desse histórico não se pode falar em gestão. Não existe gestão da cultura”, enfatizou o parlamentar.
Cotado a assumir o MinC, conforme se tem especulado pela mídia, o deputado paraibano André Amaral Filho (PMDB-PB), de 26 anos, tem escassa atuação na área cultural, situação que, se confirmada, comprova que a tese do Wyllys, ou seja, de que o governo Temer tem um desprezo completo pela educação e pela cultura.