Por Mariane Rossi, do G1 Santos.
Um casal de estudantes criou um aplicativo que transforma figuras de um livro infantil em imagens digitais em 3D. Além dos objetos que saltam do livro, a obra tem som e até animação. Os primeiros livros, com histórias da Disney, foram feitos e apresentados neste ano e até ganharam um prêmio em Santos, no litoral de São Paulo. Os estudantes querem fazer parcerias com editoras para implantar o projeto em livros didáticos.
Paula Caroline Simão da Costa, de 19 anos, e Sidney Ferreira Coutinho, de 20 anos, estudantes do curso de programação em Jogos Digitais da Unimonte, queriam montar um livro infantil que despertasse a atenção das crianças que nasceram no mundo digital. Eles perceberam que o afilhado de Sidney, de 2 anos, vivia conectado no tablet e no celular. “Meu pai deu a ideia de fazer o livro infantil para trazer eles (crianças) de volta para o mundo da leitura”, comenta ele.
Durante três meses, Paula e Sidney desenvolveram um aplicativo que transforma imagens de um livro infantil em objetos virtuais. Eles escolheram a história ‘A Bela e a Fera’, da Disney, para criar a primeira obra com realidade aumentada. Para poder fazer o trabalho, os estudantes entraram em contato com uma youtuber que tem os direitos autorais para reproduzir histórias da Disney.
“A ‘Tia Tina’ tem a permissão para narrar e ela autorizou utilizar. O único acordo foi que, na contracapa do livro, fossem colocados os créditos para ela. Eles utilizaram a narrativa dela e transcreveram para que o livro seja compatível ao original. Conforme a criança vai lendo ela associa a palavra também por meio do áudio simultâneo”, explica a professora Cristina Có, que auxiliou o trabalho dos alunos.
Eles montaram o livro ‘A Bela e a Fera’ com a história original e fizeram diversas imagens codificadas. Quando a criança entra no aplicativo e passa o celular por cima do desenho, o personagem aparece em realidade aumentada, ou seja, em uma imagem 3D.
“Utilizamos um papel normal. O que faz a mágica é o aplicativo. Ele identifica cada pixel. Ele cria um objeto específico para cada foto. Funciona como se fosse um QR Code. Em vez de ser os quadradinhos são os desenhos mesmo. São objetos, animais que tem vida”, diz Sidney.
A criança também pode ativar o som e ouvir a narração da história. “Quando você vê a imagem no telefone e no tablet, você passa a mão e interage com a figura. Você consegue atrair a criança de uma outra forma. Acaba dando uma dinâmica melhor para a leitura. Com criatividade, usando a imaginação da criança e lendo, vai pegando mais vocabulário”, acredita a professora.
Além da história ‘A Bela e a Fera’, a dupla também aplicou o mesmo sistema na obra ‘A Pequena Sereia’. Eles apresentaram o projeto ‘Aprender: Incentivo à Leitura no Processo de Alfabetização por meio de Realidade Aumentada’ no Projeto Neorama, da Prefeitura de Santos, que incentiva a cultura empreendedora por meio da pesquisa. Os jovens venceram a categoria Técnico Inovador.
“A realidade aumentada já existia. Inovamos na área de Educação Infantil. Já tínhamos visto livros sobre dinossauros, mas nada educativo, que é o que queríamos propor”, fala Paula, que explica também que ela e o namorado querem ampliar o projeto. Eles buscam parcerias com editoras, que possuem os direitos autorais de obras, para fazer livros infantis e didáticos com realidade aumentada.
“O legal do que eles estão aplicando é que pode fazer isso para qualquer coisa. Imagina um livro de biologia, anatomia, e você consegui ver o esqueleto e o coração? Dá uma dinâmica totalmente diferente ao estudo”, finaliza a professora.