“Pensar que as bibliotecas não são mais necessárias em função do amplo acesso oferecido pelas mídias eletrônicas é um erro cujo preço certamente será cobrado no futuro, se é que já não estamos pagando por ele atualmente.”
Com o advento da internet, os livros ficaram esquecidos nas prateleiras das bibliotecas. A era digital trouxe facilidades, em vários aspectos, mas também um certo distanciamento físico entre as pessoas e os livros. As bibliotecas, quando bem utilizadas, representam uma importante ferramenta no processo de aprendizagem, na expansão do conhecimento, na ampliação dos horizontes, na formação da cidadania, na formação cultural e, sobretudo na interação entre as gerações através dos livros. Alguém tem dúvida de sua importância? É só dá uma olhada no índice de reprovação na redação do Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM, em 2014, onde mais de quinhentos mil alunos zeraram a prova de redação, indicando claramente pouca leitura e pouca escrita dos estudantes.
É certo que, nos últimos anos, a Biblioteca Professora Zenilda Pereira Simões Burgos [município de Custódia, Pernambuco] já vinha funcionando em condições precárias até que o imóvel foi desocupado, dizem que para reforma. No entanto, foi utilizado para outras funções e, segundo informações, isso aconteceu no governo passado, mas não é desculpa para continuar fechada até a presente data. Cá entre nós, vocês não acham que já foi tempo demais para se corrigir um equívoco? Lamentavelmente a biblioteca deixou de ser prioridade também no atual governo. O pior de tudo é que ninguém sabe onde foi parar o acervo. Se é que ainda existe alguma coisa!
Convém lembrar que o vereador Cícero de Almeida (Cicinho) apresentou, na Câmara, um requerimento pedindo sua reabertura, mas, de lá para cá, ela permanece fechada.
O Portal da Transparência, da Presidência da República, ao tratar sobre o Controle Social, diz que “os cidadãos podem intervir na tomada da decisão administrativa, orientando a Administração para que adote medidas que realmente atendam ao interesse público e, ao mesmo tempo, podem exercer controle sobre a ação do Estado, exigindo que o gestor público preste contas de sua atuação”.
Considerando o direito assegurado pela Constituição Federal, no que se refere “à participação contínua da sociedade na gestão pública permitindo que os cidadãos não só participem da formulação das políticas públicas, mas, também, fiscalizem de forma permanente a aplicação dos recursos públicos”.
Visando sua efetiva reabertura, comuniquei ao Sistema de Bibliotecas Públicas de Pernambuco (SBPE), subordinado a Secretaria de Educação do Estado (responsável pelo atendimento das bibliotecas nos municípios) e ao Fórum Pernambucano em Defesa das Bibliotecas, livro, leitura e literatura, o descaso da prefeitura de Custódia com a nossa biblioteca.
Fiquei sabendo que teve início no Senado Federal à tramitação do Projeto de Lei (PLS) nº 28/2015, que institui a Política Nacional de Bibliotecas, de autoria do Senador Cristovam Buarque. O documento encontra-se na comissão de Constituição, Justiça e Cidadania aguardando designação do relator. Isso significa dizer que as questões conceituais em relação a compreensão do papel das bibliotecas serão resolvidas a partir dessa política. Além disso, representa uma conquista para a classe dos bibliotecários. Na Assembleia Legislativa de Pernambuco, a deputada Teresa Leitão, também encaminhou à Comissão de Justiça o projeto de resolução nº 183/2015, que cria o prêmio Prefeitura Amiga da Biblioteca como incentivo para instalação e manutenção de bibliotecas nas escolas.
Então, essa é a hora! Vamos abrir a Biblioteca Pública de Custódia.
Para isso, é importante que a prefeitura retome o prédio, localize o acervo; faça novas aquisições de livros de interesse do público alvo, aquisição de computadores; disponibilize o acesso gratuito à internet, cursos e treinamentos para os profissionais e tudo que é necessário ao seu pleno atendimento. Lembrando que, esse lugar deve ser agradável e acolhedor para as crianças, para os jovens custodienses e leitores de todas as idades.
Convido todos os estudantes e educadores das escolas estaduais, municipais e privadas, os amantes da leitura, os cidadãos custodienses, os conselhos, as associações, os sindicatos, todas as pessoas de boa vontade para juntos defendermos um espaço que durante muitos anos cumpriu com a sua missão, mas hoje tem suas portas fechadas para a atual geração. Ao contrário do que algumas pessoas pensam as bibliotecas públicas, continuarão sendo essenciais, mesmo com todo o avanço tecnológico.
Quero registrar aqui, o nome dos companheiros Jorge Remígio, Luciene Izidro, Jailson Vital, Fernando Florêncio, Fernando Carneiro, Francisco Queiroz, Rodrigo Burgos, entre outros, que se manifestaram contra o fechamento da nossa biblioteca, suscitando numa grande discussão através do Facebook e do Blog Custódia Terra Querida, porque amam Custódia e querem o melhor para nossa terra.
É com profundo carinho que dedico esse texto as ex-funcionárias da Biblioteca Professora Zenilda Pereira Simões Burgos.
Custódia, longe dos meus olhos, mas perto do meu coração!
Atenciosamente,
Leônia Pinto Simões.