Há alguns anos aprendi que a má política se chama politicagem e que os maus políticos se chamam politiqueiros. Pois bem, politicagem e politiqueiros é o que mais existe neste país. O resultado é uma descrença generalizada nas mudanças por esta via. Tanto é assim que uma pesquisa divulga recentemente pelo IBOP mostrou que das 18 instituições avaliadas, os partidos políticos são considerados os menos confiáveis pela população.

Em pronunciamento na Jornada Mundial da Juventude no último mês o Papa Francisco conclamou: “É preciso restituir a política”. Restituir é “entregar o que se possuía indevidamente ou por empréstimo”, nos ensina o Aurélio. Pois bem, os politiqueiros ao possuírem indevidamente a política, destorcem sua função, provocando um rechaçamento generalizado.

Por outro lado, das ruas se ouviu as vozes “sem partido”, muita embora não se conheça uma forma republicana de governo que prescinda destes instrumentos. Tendo em vista que não era ou não é o modelo republicano que esteja sendo questionado, é um equívoco querer afastar a participação das legendas partidárias dos novos rumos que o país deve tomar.

A história do Brasil está cheia de exemplos da participação efetiva dos partidos políticos, sobretudo os de esquerda, no redirecionamento positivo das decisões de interesse geral: luta contra a ditadura militar, diretas já, impeachment de Collor etc.

Sendo assim, o que deve haver de fato não é um rechaçamento da política, mas sua restituição enquanto arena de luta democrática, com todas as ressalvas que se possa fazer em relação à democracia burguesa que vivemos em nosso país. É preciso refazer a política, pois do contrário é o cidadão (não só no sentido jurídico do termo) quem vai sair perdendo.

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