Por André Miranda – O Globo.

RIO — Mais uma vez, a sede da Biblioteca Nacional, no Centro do Rio, sofreu com um vazamento de água que atingiu parte de seu acervo. O acidente aconteceu na última segunda-feira, no Dia de Finados, quando a instituição estava fechada ao público. Um registro estourou e a água invadiu três andares do prédio, chegando até a sala onde está sendo realizada a exposição Rio 450 Anos, fechada à visitação desde então.

Obras atingidas são postas para secar após novo acidente - Foto de leitor / Foto de leitor

Obras atingidas são postas para secar após novo acidente – Foto de leitor / Foto de leitor

A direção da Biblioteca Nacional não tornou o vazamento público até ser procurada pelo GLOBO, na sexta-feira. O acidente ocorreu num registro localizado no terceiro andar. A água inundou o chão e vazou para o segundo andar, onde fica o Salão Geral de Leitura. Lá, atingiu o computador da Coordenadoria Geral de Acervo e o material de trabalho da equipe do Plano Nacional de Obras Raras, além de livros que estavam dispostos no ambiente. O volume de água foi tão grande que chegou ao primeiro andar, no salão de exposições. O carpete do local ficou completamente encharcado.

Em 2012, técnicos da Biblioteca Nacional precisaram colocar jornais do acervo para sacar em varais após vazamento - Pablo Jacob (arquivo) / O Globo

Em 2012, técnicos da Biblioteca Nacional precisaram colocar jornais do acervo para sacar em varais após vazamento – Pablo Jacob (arquivo) / O Globo

Foram os vigilantes de plantão que perceberam o vazamento, fecharam o registro e correram para retirar as gravuras sobre os 450 anos do Rio da parede, a fim de evitar uma tragédia maior.

No dia seguinte ao acidente, os funcionários da Biblioteca Nacional reuniram dezenas de livros e o equipamento afetados pela água para secagem. Utilizando mata-borrões e circuladores de ar, eles dispuseram as obras em mesas e cadeiras do Salão Geral de Leitura, que teve que ser fechado ao público por dois dias, na terça e quarta-feira. Mas até sexta-feira uma área do salão ainda estava isolada para a secagem de alguns volumes. A direção da instituição diz não saber precisar quantos livros de seu acervo foram atingidos.

Já a exposição Rio 450 Anos, aberta em agosto, com direito à presença do ministro da Cultura, Juca Ferreira, e do presidente da Biblioteca Nacional, Renato Lessa, terá que ficar fechada por mais alguns dias e não tem data definida para voltar a receber visitantes. A mostra conta com cerca de 240 peças, entre fotografias de Augusto Malta, esboços de Sergio Bernardes e mapas do século XVI.

— Esse acidente poderia ter sido mais grave se a vigilância não tivesse tomado providências rapidamente. A água escorreu pelas paredes e eles foram muito hábeis para afastar as gravuras da exposição — diz Mônica Carneiro, diretora interina do Centro de Coleções e Serviço aos Leitores da Biblioteca Nacional. — Então nada foi perdido. Até mesmo o computador molhado vai ficar bom, segundo a equipe de informática.

REFORMA EM ANDAMENTO

A última inundação de grande porte na Biblioteca Nacional ocorreu em 2012, em decorrência de um vazamento no duto de ar condicionado. Na ocasião, o armazém de periódicos ficou completamente alagado, atingindo centenas de jornais e revistas, alguns do início do século XX. Varais tiveram que ser estendidos nos corredores do prédio para a secagem.

Desde o ano passado, a sede da Biblioteca Nacional passa por uma reforma geral. As obras no telhado e nas claraboias já foram concluídas, mas a previsão é que tudo só fique pronto em mais dois anos. O prédio foi inaugurado em 1910.

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