Após cinco anos sem ser publicada, a Revista do Livro da Biblioteca Nacional volta a circular. O lançamento da publicação aconteceu ontem (23) no auditório Machado de Assis, sede da Fundação Biblioteca Nacional, no Centro do Rio, e contou com a presença de pesquisadores, bibliotecários e demais interessados.
Na mesa de lançamento estavam presentes Joaquim Marçal, curador da Brasiliana Fotográfica, Luiz Antonio de Almeida, pesquisador do Museu da Imagem e do Som, Gustavo Saldanha, professor da UNIRIO e do IBICT, e Ângela Monteiro Bittencourt, coordenadora da Biblioteca Nacional Digital (BND), além de Sheila Kaplan, jornalista responsável pela edição deste número de retomada da Revista.
Sheila Kaplan destacou que a retomada do projeto da Revista considerou antes de mais nada tudo o que ela representou e representa, reunindo em seu entorno importantes intelectuais brasileiros. “Eu sinto muita alegria dessa Revista ter sido possível em cima dessa vontade, de discussão, de debater novas ideias”, disse a editora.
Joaquim Marçal e Luiz Antonio de Almeida, que assinam, cada um, artigos na publicação, destacaram a importância do acervo da Biblioteca Nacional como insumo às suas pesquisas. Ângela Monteiro Bittencourt, por sua vez, apresentou a BND, um dos projetos mais ambiciosos da Fundação Biblioteca Nacional, e que também é tema de um artigo, assinado pela própria Ângela, nesta edição de retomada.
De acordo com Gustavo Saldanha, a Revista do Livro faz parte da história do pensamento bibliológico, biblioteconômico e bibliográfico brasileiro, sendo, segundo ele, uma das únicas dedicada à bibliografia literária, se mostrando um importante material de pesquisa. “No campo bibliológico [a Revista do Livro] é uma revista que sempre se dedicou a pensar o livro”, destacou.
Para ele, tanto os bibliotecários, quanto os estudantes podem se apropriar do trabalho da Revista, seja campo da bibliografia textual ou da crítica literária e mesmo nos estudos teóricos sobre o conceito de livro. “O simples fato de você ter essa retomada a partir de um selo da Biblioteca Nacional, demarca a relação direta entre o bibliotecário e o desenvolvimento desse conceito [de livro], e naturalmente da manifestação física do livro no tempo”, ressaltou o professor.
Edição 55
Lançada em 1956 pelo antigo Instituto Nacional do Livro, a Revista do Livro da Biblioteca Nacional contou com nomes expressivos da inteligência brasileira em suas páginas, como Carlos Drummond de Andrade, Alexandre Eulálio e Augusto Meyer. A retomada da revista coincide com a mudança no papel das bibliotecas, a partir da digitalização da informação e da internet. O futuro das bibliotecas no mundo digital é o principal tema da edição 55.
Questões sobre a perda de espaço do suporte físico para o suporte eletrônico e de como combinar as missões de guarda de acervo e de abertura do acesso ao conhecimento e a promoção do acesso livre também estão presentes na edição, assim como as mudanças nos direitos autorais.
Além de trazer questões tão fundamentais para debate, a publicação também está recheada de presentes para os apaixonados por arquitetura e por livros. O renomado fotógrafo Cristiano Mascaro, ex-estudante de arquitetura e que descobriu a fotografia entre os livros de uma biblioteca, apresenta as belezas arquitetônicas de dois dos maiores acervos bibliográficos do mundo, os quais, poucas pessoas se dão conta disso, estão situados no Brasil: a Biblioteca Nacional e o Real Gabinete de Leitura. Outro destaque do volume que está sendo lançado é o relato, por Rodrigo Mindlin, neto do bibliófilo José Mindlin, das referências utilizadas na produção do projeto arquitetônico da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin.
A Revista apresenta ainda uma visita guiada por fora e por dentro dos livros da Biblioteca Nacional. Começa com as imagens, guardadas no acervo da Divisão de Iconografia da BN, da construção do edifício-sede da Avenida Rio Branco. E também um glossário de termos do universo dos livros – como ex-libris, iluminura, incunábulo – que representa um pouco do que o leitor pode encontrar na própria Biblioteca Nacional.