O baiano não é o que pensamento classista quer que ele seja.
João não “sofisticou” a música brasileira, antes disso, foi síntese do samba, dos grandes cantores, dos compositores, da síncope e da batida de violão que vieram da sua reflexão sobre tudo que ouviu e amou na vida. Só o cantor popular o faz com tanto primor.
João foi o intérprete mais compositor desse Brasil. Quando cantava Geraldo Pereira, Assis Valente, Noel Rosa, Wilson Batista, ele recompunha tudo e daí a síntese.
João Gilberto não precisa ser laureado à toa nessa conivência post mortem, nem defendido, mas ouvido e vivido, como algo nosso, algo que sirva pra nos aprofundar com beleza na alma do Brasil.
Em 1972, João Gilberto sugeriu aos Novos Baianos que gravassem Assis Valente. E assim foi:
“Batucada, reunir vossos valores
Pastorinhas e cantores
Expressão que não tem par, ó meu Brasil”
Os Novos Baianos entenderam e mergulharam no Brasil. Fizeram lindo, refizeram o Brasil Pandeiro de Assis.
João foi esse homem que apontou um caminho. Que fez e refez os seus brasis.
João Gilberto é fundamental nesse momento em que o mal quer tirar de nós o Brasil. Sua força criativa tem que ser inspiração para (re)construirmos o Brasil que ninguém vai nos roubar.
Canta, João. Sem adeus!