Por O Globo
Morreu nesta quarta-feira o filósofo Leandro Konder, 78 anos. Ele é reconhecido como um dos autores brasileiros mais presentes nos estudos sobre Karl Marx. O velório acontecerá na quinta-feira, às 15h, no Memorial do Carmo, em São Cristóvão, e seu corpo será cremado na sexta-feira. Konder sofria de Mal de Parkinson e morreu em decorrência das complicações da doença em sua casa.
— Nós perdemos o maior humanista e filósofos que o Brasil tinha. Um homem convicto de sua ideologia, que ao mesmo tempo conseguia conviver com os outros, sendo muito ouvido pelo outro lado. Leandro foi símbolo de uma sociedade civilizada, cordata e justa — disse o jornalista e ex-deputado federal Milton Temer, amigo pessoal de Konder.
O político, que esteve ao lado de Konder em seus últimos momentos, acredita que o filósofo finalmente “descansou” depois de uma vida de intensa luta.
— Ele teve um colapso de um processo que já vinha de longa data. Sua expressão era de repouso.
Leandro Konder era professor da PUC-Rio e da UFF. Filho do líder comunista Valério Konder, foi preso e torturado durante a ditadura militar brasileira e se exilou, em 1972, na Alemanha e, posteriormente, na França. Regressou ao país em 1978 e passou a se dedicar com afinco ao estudo das obras de Lukács e ao seu projeto de difundir o marxismo em terras brasileiras.
O deputado federal Alessandro Molon comentou o falecimento de Konder através de sua conta no Twitter: “Inteligentíssimo, doce, leve, bem-humorado, generoso, altruísta, honesto e corajoso, um agregador por natureza: Leandro Konder” – Alessandro Molon (@alessandromolon) 12 novembro 2014
Na mesma rede social, o senador Randolfe Rodrigues escreveu: “O Mundo fica mais pobre perdemos o Grande filósofo e humanista LEANDRO KONDER camarada da Luta por justiça e igualdade. Sempre Presente!” — Randolfe Rodrigues (@randolfeap) 12 novembro 2014
Em nota, a Boitempo Editorial, editora pela qual Konder publicou “Sobre o amor”, “Em torno de Marz” e “As artes da palavra”, afirmou se despedir com “profunda tristeza”: “Ser humano extraordinário, autor, coordenador de coleção, conselheiro e, acima de tudo, um amigo e companheiro de lutas”.
Outro a lamentar a morte de Konder foi o documentarista Silvio Tendler:
– A morte do Leandro me enche de tristeza. Foi um dos intelectuais mais fantásticos que eu tive a honra de conhecer. Uma pessoa querida, espirituosa, que lutou ate o fim, sem nunca abrir mão do seu pensamento, nem de sua política. Lá no ceu, ele e o Carlos Nelson Coutinho vão continuar juntos, discutindo Marx e Lukács.
Konder deixa o filho Carlos Nelson e sua mulher Cristina. Na PUC, será realizada missa de sétimo dia em memória do filósofo.