Bibliotecários e instituições se manifestaram sobre os assassinatos de Marielle Franco, vereadora pelo PSOL do Rio, e de seu motorista, Anderson Gomes. O crime aconteceu na noite de ontem (14) na região central do Rio provocando grande comoção e repercussão na imprensa nacional e internacional.

“O que aconteceu com Marielle Franco é um aviso de que vão pagar com a vida todos que tentarem mudar o jogo! Somos ridiculamente impotentes!”, disse a bibliotecária Verônica de Sá em sua conta do Facebook. “Uma morte! Uma mulher! Acharam que a matando iriam silenciar. Ledo engano, seguimos a luta para honrar essa grande mulher que nos foi tirada”, disse a bibliotecária Amanda Moura no Twitter.

O Conselho Regional de Biblioteconomia da sétima região (CRB7) lamentou em nota as mortes e se solidarizou com seus familiares, amigos e companheiros de luta da vereadora. “Faltam-nos palavras para expressar nossa indignação e tristeza por mais ato de violência, cujos alvos, em sua maioria, possuem cor de pele e classe social específicas”, diz a nota.

“A princípio, o silêncio nos toma pela atrocidade dos fatos, mas logo nos surge um espírito de resistência e luta. Afinal, este é o legado que você nos deixa, primeiramente enquanto indivíduo, mulher negra que nasceu na coletividade, viveu, desbravou e lutou por um coletivo e ideal. E enquanto mulher guerreira, feminista, favelada e ativista com identidade e representatividade, que nos impulsionou por meio de pautas políticas e sociais, com objetivo de tornar este país igualitário e justo”, completou o documento.

Também em nota, o Centro Acadêmico de Biblioteconomia e Documentação da Universidade Federal Fluminense manifestou indignação pelo crime. “A mulher negra e favelada saiu do lugar que lhe foi imposto pela sociedade, lutou pelos seus ideais e fez diferença ao denunciar a cotidiana violação dos direitos humanos dos moradores das comunidades do Rio de Janeiro. Ao enfrentar os abusos e a truculência daqueles que possuem poder, trouxe para si a atenção e a ira daqueles que se beneficiam da desigualdade que geram”, disseram os estudantes.

“É nosso dever como futuros bibliotecários e profissionais da informação manter viva a memória daqueles que não temeram combater as atrocidades dos que detém e utilizam, autoritariamente, o poder para sufocar o grito de indignação dos oprimidos. Importa que a sociedade resista e não permita tristes repetições de nossa história”, completa a nota.

Abaixo as notas completas

Nota de pesar do Conselho Regional de Biblioteconomia- 7° Região

Lamentamos profundamente as mortes de Marielle Franco e de Anderson Pedro Gomes, e nos solidarizamos com seus familiares, amigos e companheiros de luta.
Faltam-nos palavras para expressar nossa indignação e tristeza por mais ato de violência, cujos alvos, em sua maioria, possuem cor de pele e classe social específicas.

A princípio, o silêncio nos toma pela atrocidade dos fatos, mas logo nos surge um espírito de resistência e luta. Afinal, este é o legado que você nos deixa, primeiramente enquanto indivíduo, mulher negra que nasceu na coletividade, viveu, desbravou e lutou por um coletivo e ideal. E enquanto mulher guerreira, feminista, favelada e ativista com identidade e representatividade, que nos impulsionou por meio de pautas políticas e sociais, com objetivo de tornar este país igualitário e justo.
À família e amigos, nossos sinceros sentimentos.

À Marielle, sua voz e pautas continuarão.

Resistiremos!

Conselho Regional de Biblioteconomia- 7°Região.

14 de março de 2018.

Nota de pesar do Centro Acadêmico de Biblioteconomia e Documentação da Universidade Federal Fluminense

Nós, o Centro Acadêmico de Biblioteconomia e Documentação da Universidade Federal Fluminense, gostaríamos de manifestar nossa indignação pelo assassinato brutal de Marielle Franco – mulher, negra, favelada, mãe, LGBT, ativista dos direitos humanos e vereadora da cidade do Rio de Janeiro.

Sua trajetória começou no complexo da Maré onde, por suas palavras, se tornou parte das estatísticas ao engravidar na adolescência, no meio de seus estudos em um pré-vestibular comunitário. Apesar das dificuldades, Marielle não desistiu. Graduou-se em Sociologia na PUC Rio e tornou-se mestre em Administração Pública pela nossa UFF.

A mulher negra e favelada saiu do lugar que lhe foi imposto pela sociedade, lutou pelos seus ideais e fez diferença ao denunciar a cotidiana violação dos direitos humanos dos moradores das comunidades do Rio de Janeiro. Ao enfrentar os abusos e a truculência daqueles que possuem poder, trouxe para si a atenção e a ira daqueles que se beneficiam da desigualdade que geram.

Desejamos nossos profundos sentimentos às famílias de Marielle Franco e Anderson Gomes nesse momento de perda e revolta.
É nosso dever como futuros bibliotecários e profissionais da informação manter viva a memória daqueles que não temeram combater as atrocidades dos que detém e utilizam, autoritariamente, o poder para sufocar o grito de indignação dos oprimidos. Importa que a sociedade resista e não permita tristes repetições de nossa história.

Diante disso, reafirmamos nosso juramento regulamentado pela Resolução Nº 6, de 13 de julho de 1966, do Conselho Federal de Biblioteconomia (CFB).

“Prometo tudo fazer para preservar o cunho liberal e humanista da profissão de bibliotecário, fundamentado na liberdade de investigação científica e na dignidade da pessoa humana.”

15 de março de 2018.

Centro Acadêmico de Biblioteconomia e Documentação – UFF.

Centro Acadêmico de Arquivologia Maria Odila Kahl Fonseca – UFF.

Comentários

Comentários